domingo, 24 de julho de 2022

Desconstruir “Paulo Freire, o demônio”



Segundo , Cristiano das Neves Bodart1 ; Precisamos desconstruir um demônio! Há um demônio rondando a sociedade brasileira e o chamam de Paulo Freire. Tarefa difícil, mas necessária pelo bem dos nossos jovens que estão nas escolas.

Há uma construção discursiva estereotipada de Paulo Freire que ganhou eco na sociedade. Grosso modo, trata-se de um Freire constituído de  faces  que envolvem aspectos políticos e pedagógicos, feições que se imbricam e são, inclusive, antagônicas. O resultado é um demônio que supostamente estaria a rondar a educação nacional.

A face política atribuída ao Paulo Freire estereotipado é marcada por forte discurso que o associa ao marxismo, mais especificamente a noção igualmente estereotipada do marxismo (aquele que come criancinhas e que estava implantado no Brasil até 2016). Os estereótipos em torno dessas ideias são mobilizados para, por exemplo, afirmar que as ideias de Paulo Freire – por estarem fundadas no marxismo estereotipado – são contrárias aos “bons costumes” e impraticáveis no mundo real. Dentre os responsáveis pela construção dessa face estão políticos da direita e da extrema direita e religiosos conservadores.

Já na face freireana estereotipada relacionada à pedagogia, vamos observar a figura de um pensador equivocadamente divulgado como desautorizador da autoridade do(a) professor(a), contrário a todo e qualquer aspecto da pedagogia tradicional e culpabilizador dos docentes como exclusivos responsáveis pelo fracasso escolar, assim como defensor da aprovação automática dos(as) estudantes. Em síntese, há uma construção caricatural e deturpada de Paulo Freire a fim de apontá-lo como o responsável pelo fracasso escolar brasileiro, já que supostamente suas ideias estariam impregnadas na educação brasileira. Os mesmos que imputam à Freire estar “ideologizando” os professores, tentam ridicularizá-lo alegando, contraditoriamente, que suas ideias nunca teriam sido colocadas em práticas. Trata-se de uma construção de um Freire assustador, um demônio cujas faces são desarmônicas – e por isso, ainda mais aterrorizador.




Grosso modo, os ataques à Freire e à sua pedagogia são oriundos de diversos grupos, todos marcados por uma posição reacionária,  liberal e  neoliberal.  Claro, não poderia esquecer que há os desinformados que apenas replicam o que recebe nos grupos de WhatsApp da família  e  dos colegas de  trabalhos ou de  farra. Dois dos principais aspectos que incomodam esses grupos são o caráter politico e politizador da pedagogia freireana. Freire ao propor uma educação que promova a percepção das relações de poder, evidencia o aspecto político da educação. O pensamento de Freire ao promover mobilização e mudança social mostra-se politizador.

A obra Por que eles têm medo de Paulo Freire na escola? (BODART; MARCHIORI; 2022) é um exemplo de leitura que descontrói esse demônio. A obra visa apresentar os aspectos desse Freire estereotipado, para, então, combater a desinformação, ao mesmo tempo que apresenta parte de seu pensamento. O livro explora maneiras como Freire é atacado (e/ou temido) por diversos grupos da sociedade brasileira contemporânea.

A referida obra traz os argumentos que visam culpar Freire pelo fracasso da educação brasileira e apresenta elementos que evidenciam ser falaciosos tais argumentos. Também problematiza porque alguns professores, especialmente ou que aderem as práticas tradicionais, têm receio de conhecer e se  apropriar das ideias freireanas, o que implicaria se auto avaliar, rever  suas  práticas, especialmente de caráter depositárias. A obra desvela de quais formas a mídia vem construindo um  Freire caricato e estereotipado. Para  isso, explora  as publicações de Olavo de Carvalho, um dos principais disseminadores desse estereótipo, visando demonstrar se deu a deturpação das ideias freireanas para o tornar um inimigo nacional entre aqueles que aderem aos  discursos  da direita e  da extrema direita. Há também uma apresentação das formas como políticos da direita criam discursos contrários e de ataque à Freire, no intuito de  demonstrar as motivações políticas que os levam a “demonizar” Paulo Freire. Há um esforço de evidenciar como a estratégia de combater Paulo Freire entre os conservadores é, antes de tudo, uma forma de garantir que não haja mudanças sociais no Brasil, já que isso interessa a justamente a esses grupos.

É urgente informar e conduzir à reflexão que desmistifique Paulo Freire. Atualmente temos notado uma pressa em emitir opiniões e isso reverbera na busca de “informações” rápidas, superficiais, sem rigor científico e/ou sem honestidade. Combater a desinformação é uma tarefa intelectual constante, ainda que não se alcance o pleno sucesso deve ser nosso horizonte (ou utopia, como descrito por Eduardo Galeano). Trata-se de se opor a um sistema de ideias que normatiza as formas de pensar, agir, sentir e crer que historicamente oprime grande parte da sociedade brasileira.

Estamos vivenciando um processo de democratização do discurso, o que é bom. Por outro lado, a precariedade educacional vem produzindo “subintelectuais” que acessam meios de comunicação, tais como as redes sociais, e dali propagam discursos problemáticos, imprecisos ou, simplesmente, reproduzem ideologias dos grupos sociais que tradicionalmente têm o controle da produção do sistema de ideias. Nosso esforço como intelectuais situados em favor dos menos favorecidos e dos historicamente oprimidos, é tentar desvelar os interesses existentes no atual sistema de ideias estabelecido e denunciar a opressão. Há uma ampliação de vozes, mas o discurso se mantém, reproduzindo o sistema de ideias estabelecido que interessa uma elite nacional diabólica. Precisamos ampliar as falas, sobretudo situadas socialmente do lado dos que foram sempre silenciados. Isso é fundamental para romper com os históricos discursos que oprimem os menos favorecidos e as minorias.

Desconstruir o estereótipo do Freire diabólico é evidenciar, ao menos duas coisas: (i) que precisamos entender melhor seu pensamento e aproveitar suas contribuições para a educação brasileira; e (ii) que há um projeto político ideológico no Brasil que visa o silenciamento dos que gritam pelos oprimidos. Em síntese, precisamos desconstruir esse Paulo Freire “pintado” como o inimigo da nação, como demônio. O caminho é evidenciar seu pensamento, demonstrar sua  humanidade (por isso, falho/pecador, é claro) e defesa pela liberdade, igualdade e respeito. Por outro lado, é necessário emitir um alerta: os demônios que historicamente perturbam o sono de grande parte de nossa sociedade são outros.



1 Doutor em Sociologia (USP). Docente do Centro de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). E-mail: cristianobodart@gmail.com

Referências bibliográficas


BODART, Cristiano das Neves; MARCHIORI, Cassiane da C. Ramos. (Orgs.) Por que eles têm medo de Paulo Freire na escola? Maceió: Editora Café com Sociologia, 2022.

Org, Regis

Fonte :BODART, Cristiano das Neves. Desconstruindo “Paulo Freire, o demônio”. Blog Café com Sociologia. jul. 2022. Disponível em: https://cafecomsociologia.com/desconstruir-paulo-freire-o- demonio/


quinta-feira, 21 de julho de 2022

O Projeto de Vida como componente curricular do ensino médio: aprofundamento da irresponsabilidade do Estado e os danos ao ensino médio

Cristiano das Neves Bodart[1]

Pretendo neste breve texto apresentar alguns dos aspectos problemáticos presentes no componente Projeto de Vida proposto pelo Ministério da Educação. Este traz mais problemas do que soluções para a formação dos estudantes secundaristas e, consequentemente, para maior parte da sociedade brasileira. Tentarei fazer isso por seção, de modo a tornar mais compreensível e organizado o que busco destacar. Inicio inferindo que há, na proposta desse componente curricular, erros que irão prejudicar ainda mais o ensino médio brasileiro. Erros de falta de definições; de cunho teórico-metodológico, pedagógicos, de gestão de pessoas e erros de matriz curricular. Além de trazer uma perspectiva danosa para um país marcado por grandes desigualdades de acesso às condições de realizações de projetos pessoais. 

O Projeto de Vida Primeiro aspecto a ser considerado é que o Projeto de Vida não é uma disciplina como as demais que estão presentes no ensino médio. Não é resultado de um campo disciplinar ou área de conhecimento científico, como são a Sociologia, a Filosofia e a História. Trata-se de uma proposta temática pouco clara e sem bases teóricas e epistemológicas definidas. Isso abre caminho para que seja apresentada aos estudantes de duas formas: a) uma espécie de autoajuda e; b) um retalho de abordagens derivadas de quaisquer tipos de conhecimento, inclusive do senso comum. Não podemos olvidar que escola deve ser espaço de transmissão de conhecimentos científicos sólidos. Uma ciência torna-se, em geral, uma disciplina escolar após passar por sua institucionalização no campo acadêmico. Ainda que os temas juventude, trabalho e escola estejam presentes nas Ciências Humanas, são ainda temas e objetos de estudos e não áreas de conhecimentos. Importa destacar que a Projeto de Vida, como proposto pelo Ministério da Educação (MEC), não é uma transposição da Sociologia da Juventude, do Trabalho ou da Educação. Muito longe disso; suas raízes estão nos “ventos do mercado”, esses carregados da crença na meritocracia, no individualismo e no empreendedorismo. 

O componente, como proposto pelo MEC, é uma aula de coach. Ou seja, a proposta do MEC não traz bases teórico-metodológicas e pedagógicas sólidas. Trata-se de um experimento advindo do mercado e seu interesse em mão de obra semiqualificada – basta observar seus principais defensores para entender suas intenções. Os impactos sobre a carga horária das disciplinas O MEC vem, por meio da (De)Reforma do Ensino Médio, orientando os estados para que tenham em seus currículos estaduais o Projetos de Vida nos três anos do ensino médio. A criação de mais um componente curricular tem impacto sobre a distribuição de carga horária das demais disciplinas, levando a redução de oferta de disciplinas consolidadas, tais como História, Geografia, Sociologia e Filosofia. É sabido que os docentes que lecionam Sociologia e Filosofia já possuíam, em geral, uma carga horária semanal reduzida nas séries de ensino médio, o que os levam a ter que lecionar para um grande número de turmas e de escolas (isso significa mais atividades, menos tempo para planejamentos e menor contato com os estudantes), situação que gera condições precárias de trabalho e de ensino-aprendizagem (PEREIRA; CAES, 2019).

Com a introdução do Projeto de Vida essa condição torna-se ainda mais precarizada, já que há uma tendência de reduzir ainda mais a carga horária dessas disciplinas. Ou seja, temos a introdução de um componente curricular não sistematizado cientificamente e a precarização da oferta de outros que já estão consolidados no campo científico. Aqui o mais é menos. É falso que Projeto de Vida atrairá a atenção dos estudantes O principal argumento de quem acredita que Projeto de Vida atrairá a atenção dos estudantes está na falácia de que sendo tal componente voltado à suas vidas práticas a torna mais interessante. Tal argumento ignora que disciplinas como Filosofia e Sociologia já fazem diálogos diretos como a vida dos estudantes. O mais recorrente nas aulas de Sociologia, por exemplo, é o docente partir da realidade concreta sentido às contribuições dessa Ciência (BODART, 2021a).

No estado do Espírito Santo tive a experiência de lecionar, entre 2010 a 2012, um componente curricular com a mesma proposta, porém intitulada Juventude, Educação e Trabalho (JET). Pelos resultados ruins alcançados e pela ampla reclamação dos docentes foi abandonado pela Secretaria de Educação daquele Estado. Na ocasião tentei fazer do limão uma limonada, mas o resultado era infinitamente inferior quando esses temas eram apresentados como conteúdos de Sociologia, já que esta proporciona maior solidez nas abordagens, distanciando as fantasias que podem rondar os temas das aulas. Tal como o Projeto de Vida, JET poderia ser lecionado por qualquer docente, o que maximizava seus problemas. O discurso era semelhante, despertar nos jovens as competências básicas necessárias para o ingresso e a permanência no mercado de trabalho, estimulando habilidades empreendedoras que os ajudem a efetivar seus projetos pessoais e coletivos. 

O Projeto de Vida não foi pensado para o sucesso dos pobres É certo que todos nós precisamos ter projetos pessoais e usar nossa capacidade limitada de agenciamento para alcançá-los. Contudo, ignorar que há uma estrutura material que limita nossas escolhas e capacidades de agir em certas direções é equivocado. A consciência das limitações estruturais é o primeiro passo para pensar estratégias de superação, embora nem sempre essas são alcançadas. Quando maior a privação material e cultural dos estudantes, menor é sua capacidade de escolha. Só há escolha dentro do horizonte disponível: um estudante que nunca ouviu falar de gemologia, por exemplo, não terá oportunidade de ter no “legue” de escolhas se especializar em pedras preciosas. Uma estudante negra que mora na periferia do Rio de Janeiro não terá as mesmas condições e oportunidades de ser uma apresentadora de TV do que uma estudante enquadrada nos “padrões europeus de beleza”, cujos pais são donos dessa emissora. Dizer para a estudante negra e periférica que se ela fizer um “bom projeto de vida” alcançará seu objetivo, é o mesmo que lhe imputar a responsabilidade de “seu fracasso”. Projeto de Vida pode fazer sentido para os abastados que têm como obstáculo apenas o desinteresse. 

Para a população pobre, o desinteresse é resultado da falta de oportunidade, do excesso de restrições estruturais ao acesso às coisas básicas, como emprego, alimentação e moradia. Há na proposta o empenho em ignorar intencionalmente que somos seres históricos, inseridos em estruturas sociais pré-estabelecidas e o desenvolvimento de cada um, e de cada uma, depende do desenvolvimento coletivo da sociedade. O Projeto de Vida como projeto de desresponsabilização do Estado O discurso presente no Projeto de Vida, como proposto pelo MEC, busca transferir a responsabilidade do insucesso aos indivíduos. 

Os discursos da meritocracia, do empreendedorismo e da autodeterminação visa apagar a responsabilidade do Estado sobre o desenvolvimento da sociedade como um coletivo. Sob esses discursos o fracasso ou o sucesso são frutos exclusivos dos indivíduos. Como a contribuição do componente curricular em questão para mudar o status quo é inexistente, servirá apenas para desresponsabilizar o Estado da exclusão social que historicamente e estruturalmente aniquila maior parte da sociedade brasileira, especialmente aquela que depende da escola pública para tentar mudar em alguma medida suas condições de vida. 

Projeto de Vida é a transposição dos discursos mercadológicos para as escolas: reduzir o papel do Estado e deixar os indivíduos se digladiarem entre si para ter um lugar à sombra. As crises do mercado de trabalho geradas pelo Neoliberalismo passam a entrar na conta dos esforços individuais. O desemprego, a pobreza e a falta de acesso aos bens de consumo são convertidos em falta de interesse, de planos e de vontade de cada um e cada uma. O Projeto de Vida e a instabilidade docente Aqui há outra falácia. Na verdade, a ampliação da carga horária do ensino médio poderia ser aproveitada para ampliar as aulas das disciplinas com carga horária reduzida, dando melhores condições para os(as) professores(as) de ministrarem suas disciplinas, inclusive podendo trabalhar temáticas ligadas aos temas juventude, trabalho e escola. Por não haver definições de quem estaria habilitado a lecionar[2], Projeto de Vida se tornará um “puxadinho” para qualquer docente que tiver a “benção” do(a) gestor(a) da escola, abrindo espaço para a perda de autonomia docente e práticas clientelísticas. Sendo um componente experiemental e sem tradição, o Projeto de Vida não proporcionará abertura de vagas para novas concursos públicos. Pelo contrário, ao diminuir as aulas semanais das demais disciplinas, essas acabam tendo suas vagas reduzidas em contratações de docentes efetivos. 

Essa situação tenderá a maximizar a rotatividade dos(as) professores(as), ampliando sua instabilidade no trabalho, impactando sobre suas vidas profissionais (e pessoais), dificultando uma oferta sistemática e contínua dos conteúdos definidos pela os componentes curriculares ao longo dos três anos. 

Há saída? A saída é a revogação da (De)Reforma do Ensino Médio e a convocação da sociedade e das entidades científicas para discutir um projeto educacional humanizado. A reforma que temos desumaniza a educação e seus efeitos são nocivos (BODART, 2021b) e, por isso, precisa ser abortada juntamente com o atual governo. Contudo, enquanto isso não acontece é necessário pensarmos como minimizar os impactos do Projeto de Vida, o que passa necessariamente pela desvirtuação de seus propósitos ao fecharmos as portas da sala de aula. É necessário questionar a meritocracia e o empreendedorismo a partir das muitas contribuições dos campos científicos. Antes de levar os estudantes a pensar na vida que pretendem ter, dar-lhes condições de entender suas vidas atuais a partir de uma visão figuracional da realidade social (BODART, 2021a) parece ser o caminho mais sensato e justo; para isso, a Sociologia é uma importante ferramenta teórico-metodológica. Tentar atuar por dentro parece ser o caminho viável no momento, o que demanda que o(a) professor(a) busque tornar o componente curricular Projeto de Vida algo distante da prática de coach. Somado a isso, precisamos denunciar e evidenciar os erros presentes na (De)Reforma do Ensino Médio. 

Referências bibliográficas 
BODART, Cristiano das Neves. Usos de canções no ensino de Sociologia. Maceió: Editora Café com Sociologia, 2021a. 
BODART, Cristiano das Neves. O erro de desumanizar a Educação: o desastroso projeto da Reforma do Ensino Médio. Blog Café com Sociologia. dez. 2021b. Disponível em: https://cafecomsociologia.com/desumanizar-reforma-do-ensino-medio/ 
PEREIRA, Alysson Cipriano; CAES, Valdinei. A Sociologia no ensino médio: a diferença da carga horária semanal no Paraná e no Mato Grosso. In: BODART, Cristiano das Neves; 
SAMPAIO-SILVA, Roniel. O ensino de Sociologia no Brasil, vol.2. Maceió: Editora Café com Sociologia, 2019. 

Como citar este texto: BODART, Cristiano das Neves. O Projeto de Vida como componente curricular do ensino médio: aprofundamento da irresponsabilidade do Estado e os danos ao ensino médio. Blog Café com Sociologia. jan. 2022. 

Notas [1] Doutor em Sociologia (USP). Docente do Centro de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). E-mail: cristianobodart@gmail.com
 [2] Na verdade, não há habilitação nas universidades para Projeto de Vida por não ser derivado de uma área de conhecimento. Criação de uma licenciatura com esse fim seria desastroso pela falta de institucionalização. É sabido que em Minas Gerais algumas instituições vêm tentando incluir no Plano Político Pedagógico de Curso de Ciências Sociais disciplinas voltadas ao Projeto de Vida; nos resta saber quais serão os aportes teóricos e se o MEC permitirá abordagens que fogem do empreendedorismo.

 Org. Regis
 Fonte : https://cafecomsociologia.com/

segunda-feira, 8 de junho de 2020

AULAS ON LINE 1º 2º e 3º BIMESTRE - 6ºs ( Historia/ Geografia ) - 9ºs ( História ) e 1ºs ( sociologia )

                                   3º BIMESTRE 




                               HISTÓRIA 6º ANO 


                         






HISTÓRIA 9º ANO 









BASTA ENTRAR NOS LINKS   ABAIXO  !!

  HABILIDADES QUE JÁ ESTÃO SENDO TRABALHADAS  NO 3º  BIMESTRE ( 6° ANO - HISTÓRIA  )


VÁ PARA ESTE ENDEREÇO PARA AULA 01 - ( HISTÓRIA ) 9° ANO







                                2º BIMESTRE 



ATIVIDADES ON LINE PARA OS 6°S ANOS !!! 9ºS ANOS E 1ºS ANOS





                           GEOGRAFIA  6º ANO 




BASTA ENTRAR NOS LINKS   ABAIXO  !!

  HABILIDADES QUE JÁ ESTÃO SENDO TRABALHADAS  NO 2º  BIMESTRE ( 6° ANO - GEOGRAFIA  )

(EF06GE22*)  Distinguir os elementos do mapa, tais como título, legenda, escala, orientação, projeção, sistema de coordenadas, fontes de informação entre outros em diferentes representações cartográficas.





                                      




                                           HISTÓRIA 6º ANO 







BASTA ENTRAR NOS LINKS   ABAIXO  !!

  HABILIDADES QUE JÁ ESTÃO SENDO TRABALHADAS  NO 2º  BIMESTRE ( 6° ANO - HISTÓRIA  )


(EF06HI07B)       Reconhecer a importância da tradição oral, cultura material e escrita para a transmissão da memória e do conhecimento nas diferentes sociedades antigas (África, Ásia e Américas).









                        HISTÓRIA 9º ANO 







BASTA ENTRAR NOS LINKS   ABAIXO  !!

  HABILIDADES QUE JÁ ESTÃO SENDO TRABALHADAS  NO 2º  BIMESTRE ( 9° ANO - HISTÓRIA  )

( EF09HI02 ) 
Caracterizar e compreender os ciclos da história republicana, identificando particularidades da história local e regional até 1954.








HABILIDADES QUE JÁ ESTÃO SENDO TRABALHADAS  NO 

2º  BIMESTRE ( 1° ANO - SOCIOLOGIA )



Compreender as dinâmicas de interação e relações sociais
Reconhecer que a construção identitária é um processo contínuo e que vem da relação entre indivíduo e sociedade, ou seja, dos grupos sociais por meio dos quais ele interage e participa da vida em sociedade ;
Distinguir a inserção nos diversos grupos sociais de origem e convivência cotidiana da estrutura social vigente.
 SOCIOLOGIA 1º ANO













sábado, 14 de março de 2020

ATIVIDADES ON LINE PARA OS 6°S ANOS !!! 9ºS ANOS E 1ºS ANOS



                         1º BIMESTRE 


BASTA ENTRAR NOS LINKS   ABAIXO  !!

  

HABILIDADES QUE JÁ ESTAVAM SENDO TRABALHADAS  NO 

1º  BIMESTRE ( 6° ANO - HISTÓRIA  )


(EF06HI01A) Identificar as diferentes noções de tempo (cronológico, da natureza e histórico).
(EF06HI01B) Identificar as diversas formas de notação do tempo (calendários diversos e outros artefatos), bem como as distintas formas de periodização da história.
(EF06HI01C) Reconhecer que a organização do tempo é construída culturalmente, de acordo com a sociedade e do seu contexto histórico.
(EF06HI02A) Identificar a importância das fontes históricas para a produção do saber histórico e analisar o significado das fontes que originaram determinadas formas de registro em sociedades e épocas distintas.
(EF06HI02B) Analisar a importância das diferentes linguagens (visual, oral, escrita, audiovisual, material e imaterial) em diferentes sociedades e épocas.
(EF06HI03A) Identificar as hipóteses científicas para o surgimento da espécie humana, tendo em vista sua historicidade.
(EF06HI03B) Analisar o significado das explicações mitológicas para o surgimento do ser humano, tendo em vista sua historicidade.
(EF06HI04) Identificar e analisar as teorias sobre a origem do homem americano.
(EF06HI06) Identificar geograficamente as rotas de povoamento no território americano.

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HISTÓRIA  6º ANO 


 VÁ PARA ESTE ENDEREÇO PARA AULA O1 - HISTÓRIA 6º ANO


VÁ PARA ESTE ENDEREÇO PARA AULA 02 - HISTÓRIA - 6° ANO


VÁ PARA ESTE ENDEREÇO PARA AULA 03 - HISTÓRIA ( GEOGRAFIA ) 6°ANO





VÁ PARA ESTE ENDEREÇO PARA AULA 04 - HISTÓRIA 6°ANO 



VÁ PARA ESTE ENDEREÇO PARA AULA 05 - HISTÓRIA 6°ANO 

HABILIDADES QUE JÁ ESTAVAM SENDO TRABALHADAS  NO 

1º  BIMESTRE ( 6° ANO - GEOGRAFIA  )


(EF06GE01) Descrever elementos constitutivos das paisagens e comparar as modificações nos lugares de vivência e os usos desses lugares em diferentes tempos.
(EF06GE14*) Analisar o papel de grupos sociais com destaque para quilombolas, indígenas entre outros na produção da paisagem, do lugar e do espaço geográfico em diferentes tempos.
(EF06GE15*) Elaborar hipóteses para explicar as mu- danças e permanências ocorridas em uma dada paisa- gem em diferentes lugares e tempos.
(EF06GE02) Analisar e comparar modificações de paisagens por diferentes tipos de sociedades, com destaque para os povos originários e comunidades tradicionais em diferentes lugares. para os povos originários e comunidades tradicionais em diferentes lugares
(EF06GE29*) Relacionar as características do processo de urbanização com a ocorrência de desastres socioambientais (inundações, enchentes, rompimento de barragens, deslizamentos de encostas, incêndios, erosão entre outros) em diferentes lugares.





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GEOGRAFIA  6º ANO 


VÁ PARA ESTE ENDEREÇO PARA AULA 01 - GEOGRAFIA ( HISTORIA ) 6° ANO


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HABILIDADES QUE JÁ ESTAVAM SENDO TRABALHADAS  NO

 1º  BIMESTRE ( 9° ANO - HISTÓRIA )




(EF09HI01) Descrever e contextualizar os principais aspectos sociais, culturais, econômicos e políticos da emergência da República no Brasil
(EF09HI02) Caracterizar e compreender os ciclos da história republicana, identificando particularidades da história local e regional até 1954.
(EF09HI03) Identificar os mecanismos de inserção dos negros na sociedade brasileira pós-abolição e avaliar os seus resultados.
(EF09HI04) Discutir a importância da participação da população negra na formação econômica, política e social do Brasil.

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HISTÓRIA  9º ANO 


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EXERCÍCIOS




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VÁ PARA ESTE ENDEREÇO PARA AULA 04 - HISTÓRIA 9º ANO - TRABALHO 


VÁ PARA ESTE ENDEREÇO PARA AULA 05 - HISTÓRIA 9º ANO 


VÁ PARA ESTE ENDEREÇO PARA AULA 06 - HISTÓRIA 9º ANO 







HABILIDADES QUE JÁ ESTAVAM SENDO TRABALHADAS  NO 

1º  BIMESTRE ( 1° ANO - SOCIOLOGIA )




•Desenvolver o espírito crítico e a capacidade de observação da sociedade
•Desenvolver habilidades de leitura, produção de textos contínuos e expressão oral
•Iniciar a construção de um olhar sociológico sobre a realidade
•Desenvolver a consciência de que não há olhar natural; todos os olhares são sempre construções
•Distinguir o conhecimento de senso comum do conhecimento científico
•Distinguir Sociologia de Filosofia e Assistência Social
•Compreender o papel da Revolução Industrial e da urbanização no nascimento da Sociologia
•Compreender o que faz um sociólogo

SOCIOLOGIA 1º ANO
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terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

SOCIOLOGIA ENSINO MÉDIO - OLHAR DE ESTRANHAMENTO

        Sociologia: O processo de desnaturalização ou estranhamento da realidade Processo de construção do olhar sociológico

         O olhar sociológico é um olhar que não é o do historiador ou o do geógrafo, tampouco o do filósofo. De modo a destacar as particularidades do olhar sociológico, bem como as preocupações inerentes à Sociologia enquanto ciência, dentre as Ciências Humanas, é importante entender a especificidade do olhar sociológico sobre a realidade. Qual é esse olhar? A palavra “estranhamento” está relacionada com esse olhar. Para a construção do olhar sociológico, é preciso lançar um olhar de estranhamento sobre a realidade. Dito de outro modo é preciso “desnaturalizar” o olhar. 

                                      VÍDEO DESNATURALIZAÇÃO E ESTRANHAMENTO


     
          O treino do olhar é o primeiro passo para a construção de um olhar sociológico para a realidade, e este se faz com base no estranhamento do cotidiano. Estamos acostumados a encarar tudo como natural, como se o mundo e as coisas que nos cercam fossem “naturais” e sempre tivessem sido assim. Para desenvolver um olhar sociológico é preciso quebrar tal forma de encarar a realidade. O olhar de estranhamento tem a ver com observar a realidade e compreender que o nosso olhar nunca é neutro. O ser humano não olha simplesmente. Toda vez que observa algo, o faz a partir de uma perspectiva, de um ponto de vista. Esse olhar é repleto de prenoções que podem ser positivas ou negativas.

         É o estranhamento nos ajuda a ter consciência disso. Mesmo indo a um lugar que não conheciam, esse olhar lançado sobre o desconhecido é onde se encontra um dos objetivos da Sociologia é debruçar-se sobre tais preconceitos e prenoções, identificando e resignificando-os. O imediatismo do olhar . O objetivo aqui é dar continuidade à explicação do que é o olhar sociológico a partir da discussão a respeito do olhar do senso comum em contraposição ao olhar científico.

            Olhamos o mundo e parece que simplesmente vemos as coisas tal como elas são. Entretanto, ao olhar alguma coisa e nomeá-la, é preciso ter antes uma ideia do que ela seja; as pessoas têm alguma ideia do que é um carro, e, por isso, quando veem diferentes carros, podem dizer que viram um. O olhar humano sempre está repleto de prenoções sobre a realidade que nos ajudam a compreendê-la. E elas estão repletas de conhecimento do senso comum. O conhecimento do senso comum é uma forma válida de pensamento, mas não é a única possível. Há, por exemplo, o conhecimento científico. 

           O conhecimento científico parte do senso comum para olhar a realidade, mas ele sempre precisa ir além do senso comum. Nosso olhar nunca é um olhar neutro, ele está sempre repleto dessas prenoções que vêm do senso comum. Para lançar um olhar sociológico sobre a realidade é necessário afastar-se dessa forma de observá-la. E é necessário um método. Método é a forma pela qual um cientista observa e analisa seu objeto de estudo. Ou seja, é o modo como estuda a realidade. Os métodos variam de uma ciência para outra, dependendo do seu objeto de estudo, ou seja, daquilo que elas estudam. 
            
            Toda construção científica é um lento processo de afastamento do senso comum. Não se pensa sociologicamente quando imerso no senso comum. O problema é que estamos imersos nele. Nossa maneira de pensar, de agir e de sentir está repleta desse tipo de conhecimento. Apesar de ser uma forma válida de conhecimento, não é ciência. A ciência se constrói a partir de um cuidado metodológico ao olhar a realidade que procura se afastar dos juízos de valor típicos do senso comum. E para construir um olhar sociológico sobre a realidade, o primeiro recurso metodológico é o olhar de estranhamento
                         
                             NA PRATICA COMO SERIA O OLHAR DE ESTRANHAMENTO

                                                                       VÍDEO





            Em que medida a Sociologia pode contribuir para a sua formação pessoal? Muitos diriam que essa ciência social tem a função de formar o “cidadão crítico”. Mas essa justificativa – até porque a ideia de formar o cidadão crítico anda meio banalizada –, não é suficiente. Pensar sobre esse tema significa uma oportunidade ímpar para se aproximar da sociologia como campo de saber e compreender algo de suas preocupações. Vale a pena inserir nesse contexto o papel mais fundamental que o pensamento sociológico realiza na formação do jovem: a desnaturalização das concepções ou explicações dos fenômenos sociais. Razões objetivas e humanas Desnaturalizar os fenômenos sociais significa não perder de vista a sua historicidade. É considerar que eles nem sempre foram assim. É perceber que certas mudanças ou descontinuidades históricas são fruto de decisões. Estas revelam interesses e, portanto, são fruto de razões objetivas e humanas.

             A desnaturalização dos fenômenos sociais também depende de nos distanciarmos daquilo que nos rodeia e de que participamos, para focalizar as relações sociais sem estarmos envolvidos. Significa considerar que os fenômenos sociais não são imediatamente conhecidos. Reconhecendo as causas Para explicar um fenômeno social é preciso procurar as causas que estão além do sujeito, isto é, buscar as causas externas a ele, mas que têm implicações decisivas sobre ele. Essas causas devem apresentar certa regularidade, periodicidade e um papel específico em relação ao todo social. 
      
          Aprender a observar Uma aproximação em relação à sociologia, mesmo no ensino médio, exige que o aluno aprenda procedimentos mais rigorosos de observação das relações sociais. E, ainda, que saiba, pelo menos em alguma medida, como o conhecimento é elaborado nas ciências sociais. Para compreender e formular explicações para os fenômenos sociais é preciso ter conhecimento da linguagem por meio da qual esse conhecimento é criado e comunicado. Para trabalhar um tema Os fenômenos sociais são conhecidos por meio de modelos compreensivos, ou explicativos, e mediante a contextualização desses modelos, com destaque para a época em que eles foram elaborados e para os autores com os quais um determinado autor dialoga. Assim, trabalhar um tema (como violência, mundo do trabalho etc.) só é possível por meio de conceitos e teorias. É importante, também, que você conheça a articulação entre os conceitos e as teorias e saiba observar sua relevância para compreender ou explicar casos concretos (temas). Vale lembrar também que os conceitos têm uma história e que não são palavras mágicas que explicam tudo, mas elementos do discurso científico que sintetizam as ações sociais para tentar explicá-las. E, ainda, é bom ter em mente que um conceito admite vários sentidos, dependendo do autor e da época em que ele é elaborado. 

           Teorias servem de base da mesma forma, é preciso compreender as teorias no contexto de seu aparecimento e posterior desenvolvimento. Isso é necessário tanto do ponto de vista de como essas teorias foram sendo assimiladas e desenvolvidas por outros autores, como em relação ao caráter das críticas feitas a elas. Conhecer conceitos e teorias com o rigor necessário a um aluno do ensino médio consiste na única maneira possível de se distanciar e se aproximar dos fenômenos sociais e, assim, construir os fundamentos para a formação crítica.



 Características do Senso Comum:

 imediatista: o senso comum caracteriza-se, muitas vezes, por ser extremamente simplista e despreocupado quanto ao emprego de definições e terminologias. Não é, portanto, fruto de uma reflexão cuidadosa;

 superficial: a superficialidade dessa forma de conhecimento está relacionada com o fato de que ele se conforma com a aparência, com o que lhe é familiar, permanecendo na superfície das coisas;  acrítico: outra característica é o fato de ele ser, muitas vezes, uma forma de conhecimento acrítico, ou seja, não estabelece uma visão aprofundada do que vê, não questiona o que é dito;  cheio de sentimentos: muitas vezes, nossa visão da realidade é excessivamente marcada pelas nossas emoções, e as emoções normalmente tiram a objetividade da pessoa, pois são pessoais e não estão baseadas na razão. Elas podem nos fazer agir de forma irracional;

 cheio de preconceitos: ele também é, muitas vezes, repleto de preconceitos. O preconceito é o conceituar antecipadamente, ou seja, é a atitude de achar que já se sabe algo, sem realmente conhecê-lo, valendo-se de explicações prontas repletas de juízos de valor. Portanto, a atitude preconceituosa em relação à realidade e a tudo o que a cerca é aquela da pessoa que julga sem conhecer, com base no que acredita que é ou no que deva ser. Tais características estão intimamente relacionadas, pois alimentam umas às outras. Desse modo, se quisermos construir um conhecimento coerente e consistente, precisamos afastar as prenoções e os julgamentos de valor que estão presentes no senso comum. Por que é preciso se distanciar do olhar do senso comum para desenvolver um olhar científico? O olhar que se afasta de tais características relacionadas ao senso comum é o olhar do estranhamento.




Org. Régis