segunda-feira, 7 de novembro de 2016

PEQUENA CONTRIBUIÇAO SOBRE : A IMPORTÂNCIA DOS RIOS PARA AS PRIMEIRAS CIVILIZAÇÕES


                    A Importância dos Rios para as Primeiras Civilizações


                                                           INTRODUÇÃO


            Para entendermos como surgiram as primeiras grandes civilizações da humanidade, precisamos compreender como nasceram as primeiras cidades. Também sendo importante entender a importância que os rios tiveram neste processo. Neste breve estudo, analisaremos em especial a formação das cidades formadas às margens dos rios Nilo (Egito), Jordão (Israel/Palestina), Tigre e Eufrates (Mesopotâmia, atual Iraque e Kuwait), ou seja, estudaremos somente a região do Crescente Fértil. Não ignorando a existência de outras civilizações nascidas às margens de outros importantes rios, tais como os Indo e Ganges (Índia) e Amarelo e Azul (China) e tantos outros casos. Estas civilizações serão analisadas em trabalhos futuros. Neste momento, a pesquisa ocorrerá somente em torno do surgimento dos Estados da região do Crescente Fértil.



                                    A SEDENTARIZAÇÃO DO HOMEM

             Para começar, é importante entendermos que o surgimento das primeiras cidades do Crescente Fértil não ocorreram de forma homogênea*, na verdade, em cada região as cidades nasceram dentro de características próprias.

             Enquanto nômades, os seres humanos dividiam-se em caçadores (homens) e coletores (mulheres). O desenvolvimento da agricultura forçou a sedentarização dos homens, que passaram a habitar uma região fixa. (fotos: Sebastião Salgado)




                 Entretanto, devemos levar em consideração que praticamente todas elas surgiram como uma evolução natural das aldeias tribais que haviam nestas regiões. Aldeias, aliás, que se formaram a partir da sedentarização* do homem. Outro fator de aproximação dos homens aos rios, foram os fatores geográficos, já que boa parte do entorno do Crescente Fértil é formado por desertos


                       Porém, o rio sozinho não foi o responsável pela sedentarização dos seres humanos. Este processo ocorreu como consequência direta da necessidade de alimentar toda a população tribal. Por isso, desde muito cedo, os homens procuraram habitar em regiões próximas aos rios, pois nestas regiões existia abundância* de água potável para os membros da tribo e para os seus animais.

                       Até o período Neolítico (aproximadamente 5000 a.C.), os seres humanos viviam de forma nômade*, ou seja, mudavam constantemente o lugar de habitação. Não vivendo em uma terra fixa, os homens aproveitavam uma região até que esta estivesse com os recursos naturais esgotados, então se mudavam para outra área. Para que se tornassem sedentários, foi essencial o desenvolvimento da agricultura, que, por sua vez, exigia terras férteis, e estas eram proporcionadas pelos rios.

                                                   A FORMAÇÃO DO ESTADO


                     Com o domínio da agricultura, o homem buscou se fixar próximo às margens dos rios, onde teria acesso à água potável e à terras mais férteis. Com isso, a produção de alimentos, que antes era destinada ao consumo imediato, tornou-se muito grande, o que levou os homens a estocarem alimentos. Consequentemente a população começou a aumentar, pois havia alimentos para todos. Assim, começaram a surgir as primeiras vilas ou aldeias e, depois, as cidades. A vida dos homens começava a deixar de ser simples para se tornar complexa. Tornando-se necessária a organização da sociedade que surgia.
                       
                   As primeiras cidades foram formadas nas regiões da Mesopotâmia e do Egito, locais onde os homens passaram a se organizar em sociedade. Nestas cidades surgiu o comércio, que no início era feito somente com os excedentes* da produção, mas com o tempo se passou a plantar visando a venda e/ou a troca. 9 Os verdes pastos também favorecem a pecuária. e/ou a troca. Nas recém constituídas cidades, os homens passaram a ser classificados de acordo com a função que exerciam (sacerdotes, ferreiros, agricultores, guerreiros, comerciantes, pescadores, professores, escribas, etc.). As diferentes funções criaram diferenças sociais, afinal, uns tinham mais recursos do que os outros. A divisão do trabalho tornou necessária a organização do Estado* e a criação de leis.

                                                O EGITO E O RIO NILO

                 O Egito Antigo surgiu e se desenvolveu no entorno do rio Nilo. Conforme afirmou o historiador grego Heródoto “O Egito é uma dádiva do Nilo”. Com isso, não é incorreto afirmar que o Egito Antigo existia graças ao Nilo. 10 Fotos aéreas do rio Nilo. Como nesta região a terra era bastante fértil, as comunidades locais logo se tornaram sedentárias, desenvolvendo a agricultura. O desenvolvimento da agricultura foi essencial para que as tribos que habitavam a região passassem a se organizar de forma mais complexa. Afinal, agora era necessário contabilizar a produção agrícola que era produzida de forma coletiva.        

      


                      Na ilustração  acima. observe que a faixa de terra fértil (verde) cobre apenas o contorno do rio Nilo, o restante é formado pelo deserto. Na foz do rio (topo na imagem) está o Delta do Nilo, uma região pantanosa, mas muito fértil



                                  A MESOPOTÂMIA E OS RIOS TIGRE E EUFRATES


 Mesopotâmia vem do grego e quer dizer “entre rios” (meso = meio, entre. Já potamus = rio. Potamus deu origem ao termo que designa a água que é boa para beber, ou seja, potável). “Entre Rios” faz referência ao fato da região ficar entre os rios Tigre e Eufrates.


                     A localização privilegiada proporcionou à Mesopotâmia um solo muito fértil, responsável por duas colheitas anuais. A fertilidade do solo permitiu o desenvolvimento da agricultura e da pecuária na região. Porém essa abundância ocasionou numa série de disputas pelo controle das terras beira rio.

                    Na Mesopotâmia, a formação das primeiras cidades foi muito parecida com a do Egito, mas com uma diferença muito importante, isto é, na região não existiu apenas um Estado centralizado, mas vários reinos que disputavam o controle d a área. Destes reinos destacaram-se, em ordem cronológica, sumérios, acádios, babilônicos, assírios e caldeus.

                    A riqueza natural da Mesopotâmia possibilitou o nascimento de uma próspera sociedade agrícola. A cidade da Babilônia (imagens acima) demonstra toda essa riqueza. Por sinal, a prosperidade e a riqueza que atraíram a cobiça de Ciro, rei da Pérsia, que conquistou a cidade e toda a região em 550 a.C., pondo fim na independência política mesopotâmica.

                 

                                              A PALESTINA E O RIO JORDÃO

                   A fertilidade das terras do entorno do rio Jordão (e seus afluentes) criou o ambiente para que se formasse, na região, uma série de aldeias de povos pastores (em sua maioria de origem semita), que logo desenvolveram a agricultura.

                  O desenvolvimento da agricultura na região, tornou a Palestina alvo de disputas por seu controle. Foram vários os Estados formados na região atual da localização do rio Jordão e seus afluentes. Até hoje o Jordão é alvo de disputas pelo controle da água.  Dos reinos nascidos no entorno do Jordão se destacaram Israel, Judá, Fenícia, Filisteia e Síria. Mas a região também sofreu com as invasões estrangeiras. Egito, Assíria e Babilônia conquistaram e controlaram a região por breves períodos de tempo

       


                                                             CONCLUSÃO

                   
                Como vimos anteriormente, o acesso à água potável foi essencial na formação das primeiras aldeias e, conseqüentemente, nas primeiras cidades. A proximidade dos rios permitiu o desenvolvimento e o aprimoramento da agricultura que, por sua vez, possibilitou um aumento considerável da produção de alimentos. O aumento da oferta de comida, permitiu um crescimento vertiginoso da população. Devido a isso, o excedente de alimentos passou a ser comercializado com outros povos. Nascia assim a figura do Estado e a conseqüente divisão do trabalho. Com isso, as primeiras civilizações criaram diferenças entre a população, se no período nômade todos eram iguais e tinham direito igual à comida, agora era diferente, pois a divisão do trabalho criou diferenças entre as novas classes sociais. Assim, a organização do Estado criou uma elite que não precisava trabalhar para sobreviver, pois vivia da exploração do trabalho alheio. Por tudo isso, o surgimento do Estado na Antigüidade criou as bases da sociedade como conhecemos hoje.

GLOSSÁRIO 

Homogêneo: Que tem a mesma natureza, ou é do mesmo gênero que outro objeto; idêntico no seu todo. 
* Sedentário: Que tem residência ou habitat fixos. * Abundância: Fartura, grande quantidade. 
* Nômade: Diz-se das tribos humanas que não têm sede fixa e vagueiam errantes por diversas regiões. 
* Excedente: Que excede ou sobeja. 
* Estado: Nação politicamente organizada por leis próprias; Terras ou países sujeitos à mesma autoridade ou jurisdição; Conjunto de poderes políticos de uma nação; Divisão territorial de certos países, como o Brasil, os Estados Unidos.