sexta-feira, 29 de abril de 2011

BULLYING QUESTÕES ... E RESPOSTAS !! TEXTO 03

Bullying é uma situação que se caracteriza por agressões intencionais, verbais ou físicas, feitas de maneira repetitiva, por um ou mais alunos contra um ou mais colegas. O termo bullying tem origem na palavra inglesa bully, que significa valentão, brigão. Mesmo sem uma denominação em português, é entendido como ameaça, tirania, opressão, intimidação, humilhação e maltrato.

Veja a entrevista ( com o garoto que reagiu e virou noticia ( Casey Heynes )  : Reagir será esta a melhor resposta ?






Veja a  simulação do Bullying feita para um programa de TV !!


https://www.youtube.com/watch?v=F1gnQMsfpxY












O QUE É BULLYING.
“É uma das formas de violência que mais cresce no mundo”, afirma Cléo Fante, educadora e autora do livro "Fenômeno Bullying: Como Prevenir a Violência nas Escolas e Educar para a Paz" (224 págs., Ed. Verus, tel. (19) 4009-6868 ). Segundo a especialista, o bullying pode ocorrer em qualquer contexto social, como escolas, universidades, famílias, vizinhança e locais de trabalho. O que, à primeira vista, pode parecer um simples apelido inofensivo pode afetar emocional e fisicamente o alvo da ofensa. Além de um possível isolamento ou queda do rendimento escolar, crianças e adolescentes que passam por humilhações racistas, difamatórias ou separatistas podem apresentar doenças psicossomáticas e sofrer de algum tipo de trauma que influencie traços da personalidade. Em alguns casos extremos, o bullying chega a afetar o estado emocional do jovem de tal maneira que ele opte por soluções trágicas, como o suicídio.

O QUE NÃO É BULLYING ?
Discussões ou brigas pontuais não são bullying. Conflitos entre professor e aluno ou aluno e gestor também não são considerados bullying, pois são caracterizados como uma agressão moral. Para Telma Vinha, doutora em Psicologia Educacional e professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), para ser dada como bullying, a violência precisa ser entre pares (colegas de classe ou trabalho, por exemplo), e apresentar quatro características: a intenção do autor em ferir o alvo, a repetição da agressão, a presença de um público espectador e a concordância do alvo com relação à ofensa. ''Quando o alvo supera o motivo da agressão, ele reage ou ignora, desmotivando a ação do autor'', explica a especialista.

O BULLYING É UM FENÔMENO RECENTE ?
O bullying sempre existiu. No entanto, o primeiro a relacionar a palavra a um fenômeno foi Dan Olweus, professor da Universidade da Noruega. Ao estudar as tendências suicidas entre adolescentes no fim da década de 70, o pesquisador descobriu que a maioria desses jovens tinha sofrido algum tipo de ameaça e que, portanto, o bullying era um mal a combater.

A popularidade do fenômeno cresceu com a influência dos meios eletrônicos, como a internet e as reportagens na televisão, pois os apelidos pejorativos e as brincadeiras ofensivas foram tomando proporções maiores. “O fato de ter consequências trágicas, como mortes e suicídios, e a impunidade proporcionaram a necessidade de se discutir de forma mais séria o tema”, aponta Guilherme Schelb, procurador da República e autor do livro ''Violência e Criminalidade Infanto-Juvenil'' (164 págs., Thesaurus Editora tel. (61) 3344-3738).

O QUE LEVA O AUTOR DO BULLYING A PRATICÁ-LO?
O autor do bullying atinge o colega com repetidas humilhações ou depreciações porque quer ser mais popular, sentir-se poderoso e obter uma boa imagem de si mesmo. É uma pessoa que não aprendeu a transformar sua raiva em diálogo e para quem o sofrimento do outro não é motivo para ele deixar de agir. Pelo contrário, sente-se satisfeito com a opressão do agredido, supondo ou antecipando quão dolorosa será aquela crueldade vivida pela vítima.

''O autor não é assim apenas na escola. Normalmente ele tem uma relação familiar na qual tudo se resolve pela violência verbal ou física e ele reproduz isso no ambiente escolar'', explica o médico pediatra Lauro Monteiro Filho, fundador da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência (Abrapia). Sozinha, a escola não consegue resolver o problema, mas é normalmente nesse ambiente que se demonstram os primeiros sinais de um praticante de bullying. ''A tendência é que ele seja assim por toda a vida, a menos que seja tratado'', diz.

O EXPECTADOR TAMBÉM PARTICIPA DO BULLYING ?
É comum pensar que há apenas dois envolvidos no bullying: o autor e o alvo. Mas os especialistas alertam para um terceiro personagem fundamental: o espectador. Nem sempre reconhecido como personagem atuante em uma agressão, ele é uma figura fundamental para a continuidade do conflito. O espectador típico é uma testemunha dos fatos, pois não sai em defesa da vítima nem se junta aos autores. Quando recebe uma mensagem, não repassa. Essa atitude passiva pode ocorrer por medo de também ser alvo de ataques ou por falta de iniciativa para tomar partido. 

Os que atuam como plateia ativa ou como torcida, reforçando a agressão, rindo ou dizendo palavras de incentivo também são considerados espectadores. Eles retransmitem imagens ou fofocas. Geralmente, estão acostumados com a prática, encarando-a como natural dentro do ambiente escolar. ''O espectador se fecha aos relacionamentos, se exclui porque ele acha que pode sofrer também no futuro. Se for pela internet, por exemplo, ele ‘apenas’ repassa a informação. Mas isso o torna um coautor'', explica a pesquisadora Cléo Fante, educadora e autora do livro "Fenômeno Bullying: Como Prevenir a Violência nas Escolas e Educar para a Paz" (224 págs., Ed. Verus, tel. (19)

COMO IDENTIFICAR O ALVO DO BULLYING ?
O alvo costuma ser uma criança com baixa autoestima e retraída tanto na escola quanto no lar. ''Por essas características, é difícil esse jovem conseguir reagir'', afirma o pediatra Lauro Monteiro Filho. Aí é que entra a questão da repetição no bullying, pois se o aluno procura ajuda, a tendência é que a provocação cesse. 

Além dos traços psicológicos, os alvos desse tipo de violência costumam apresentar particularidades físicas. As agressões podem ainda abordar aspectos culturais, étnicos e religiosos. “Também pode ocorrer com um novato ou com uma menina bonita, que acaba sendo perseguida pelas colegas”, exemplifica Guilherme Schelb, procurador da República e autor do livro ''Violência e Criminalidade Infanto-Juvenil'' (164 págs., Thesaurus Editora tel. (61) 3344-3738).

QUAIS SÃO AS CONSEQUENCIAS DO BULLYING PARA O ALVO ?
O aluno que sofre bullying, principalmente quando não pede ajuda, enfrenta medo e vergonha de ir à escola. Pode querer abandonar os estudos, não se achar bom para integrar o grupo e apresentar baixo rendimento. Uma pesquisa da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência (Abrapia) revela que 41,6% das vítimas nunca procuraram ajuda ou falaram sobre o problema, nem mesmo com os colegas. 

As vítimas chegam a concordar com a agressão, de acordo com Luciene Tognetta, doutora em Psicologia Escolar e pesquisadora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinhas (Unicamp). O discurso deles segue no seguinte sentido: "Se sou gorda, por que vou dizer o contrário?" Aqueles que conseguem reagir podem alternar momentos de ansiedade e agressividade. Para mostrar que não são covardes ou quando percebem que seus agressores ficaram impunes, os alvos podem escolher outras pessoas mais indefesas e passam a provocá-las, tornando-se alvo e agressor ao mesmo tempo.

O QUE É PIOR: O BULLYING COM AGRESSÃO FÍSICA OU COM AGRESSÃO MORAL?
Ambas as agressões são graves e têm danos nocivos ao alvo do bullying. Por ter consequências imediatas e facilmente visíveis, a violência física muitas vezes é considerada mais grave do que um xingamento ou uma fofoca. ''A dificuldade que a escola encontra é justamente porque o professor também vê uma blusa rasgada ou um material furtado como algo concreto. Não percebe que a uma exclusão, por exemplo, é tão dolorida quanto ou até mais'', explica Telma Vinha, doutora em Psicologia Educacional e professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Os jovens também podem repetir esse mesmo raciocínio e a escola deve permanecer alerta aos comportamentos moralmente abusivos.
Ambas as agressões são graves e têm danos nocivos ao alvo do bullying. Por ter consequências imediatas e facilmente visíveis, a violência física muitas vezes é considerada mais grave do que um xingamento ou uma fofoca. ''A dificuldade que a escola encontra é justamente porque o professor também vê uma blusa rasgada ou um material furtado como algo concreto. Não percebe que a uma exclusão, por exemplo, é tão dolorida quanto ou até mais'', explica Telma Vinha, doutora em Psicologia Educacional e professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Os jovens também podem repetir esse mesmo raciocínio e a escola deve permanecer alerta aos comportamentos moralmente abusivos.

EXISTEM DIFERENÇAS ENTRE O BULLYING PRATICADO POR MENINOS E POR MENINAS ?
De modo geral, as ações dos meninos são mais expansivas e agressivas, portanto, mais fáceis de identificar. Eles chutam, gritam, empurram, batem. Já no universo feminino o problema se apresenta de forma mais velada. As manifestações entre elas podem ser fofocas, boatos, olhares, sussurros, exclusão. "As garotas raramente dizem por que fazem isso. Quem sofre não sabe o motivo e se sente culpada", explica a pesquisadora norte-americana Rachel Simmons, especialista em bullying feminino. Ela conta que as meninas agem dessa maneira porque a expectativa da sociedade é de que sejam boazinhas, dóceis e sempre passivas. Para demonstrar qualquer sentimento contrário, elas utilizam meios mais discretos, mas não menos prejudiciais. "É preciso reconhecer que as garotas também sentem raiva. A agressividade é natural no ser humano, mas elas são forçadas a encontrar outros meios - além dos físicos - para se expressar", diz Rachel.

O QUE FAZER ME SALA DE AULA QUANDO SE IDENTIFICA UM CASO DE BULLYING ?
O papel do professor é fundamental. Ele pode identificar os atores do bullying: autores, espectadores e alvos. Claro que existem as brincadeiras entre colegas no ambiente escolar. Mas é necessário distinguir o limiar entre uma piada aceitável e uma agressão. "Isso não é tão difícil como parece. Basta que o professor se coloque no lugar da vítima. O apelido é engraçado? Mas como eu me sentiria se fosse chamado assim?", orienta o pediatra Lauro Monteiro Filho.

Ao surgir uma situação em sala, a intervenção deve ser imediata. "Se algo ocorre e o professor se omite ou até mesmo dá uma risadinha por causa de uma piada ou de um comentário, vai pelo caminho errado. Ele deve ser o primeiro a mostrar respeito e dar o exemplo", diz Aramis Lopes Neto, presidente do Departamento Científico de Segurança da Criança e do Adolescente da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Veja os conselhos dos especialistas Cléo Fante e José Augusto Pedra, autores do livro “Bullying Escolar” (132 págs., Ed. Artmed, tel; 0800 703 3444):
- Incentivar a solidariedade, a generosidade e o respeito às diferenças por meio de conversas, campanhas de incentivo à paz e à tolerância, trabalhos didáticos, como atividades de cooperação e interpretação de diferentes papéis em um conflito. 
- Desenvolver em sala de aula um ambiente favorável à comunicação entre alunos.
- Quando um estudante reclamar de algo ou denunciar o bullying, procurar imediatamente a direção da escola.

QUAL O PAPEL DO PROFESSOR EM CONFLITOS FORA DA SALA DE AULA ?
É papel da escola construir uma comunidade na qual todas as relações são respeitosas. O professor é um exemplo fundamental de pessoa que não resolve conflitos com a violência. Não adianta, porém, pensar que o bullying só é problema dos educadores quando ocorre do portão para dentro.
''Deve-se conscientizar os pais e os alunos sobre os efeitos das agressões fora do ambiente escolar, como na internet, por exemplo'', explica Adriana Ramos, pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenadora do curso de pós-graduação ''As relações interpessoais na escola e a construção da autonomia moral'', da Universidade de Franca (Unifran). ''A intervenção da escola também precisa chegar ao espectador, o agente que aplaude a ação do autor é fundamental para a ocorrência da agressão'', complementa a especialista.

O PROFESSOR TAMBÉM É ALVO DE BULLYING ?
Para ser considerada bullying, é necessário que a violência ocorra entre pares, como colegas de classe ou de trabalho. O professor pode, então, sofrer outros tipos de agressão, como injúria ou difamação ou até física, por parte de um ou mais alunos. 

Mesmo não sendo entendida como bullying, trata-se de uma situação que exige a reflexão sobre o convívio entre membros da comunidade escolar. Quando as agressões ocorrem, o problema está na escola como um todo. Em uma reunião com todos os educadores, pode-se descobrir se a violência está acontecendo com outras pessoas da equipe para intervir e restabelecer as noções de respeito.

Se for uma questão pontual, com um professor apenas, é necessário refletir sobre a relação entre o docente e o aluno ou a classe. ''O jovem que faz esse tipo de coisa normalmente quer expor uma relação com o professor que não está bem. Existem comunidades na internet, por exemplo, que homenageiam os docentes. Então, se o aluno se sente respeitado pelo professor, qual o motivo de agredi-lo?'', questiona Adriana Ramos, pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenadora do curso de pós-graduação “As relações interpessoais na escola e a construção da autonomia moral”, da Universidade de Franca (Unifran). 

O professor é uma autoridade na sala de aula, mas essa autoridade só é legitimada com o reconhecimento dos alunos em uma relação de respeito mútua. ''O jovem está em processo de formação e o educador é o adulto do conflito e precisa reagir com dignidade'', afirma Telma Vinha, doutora em Psicologia Educacional e professora da Faculdade de Educação da Unicamp.

O QUE FAZER PARA EVITAR O BULLYING ?
Todo ambiente escolar pode apresentar esse problema. "A escola que afirma não ter bullying ou não sabe o que é ou está negando sua existência", diz o pediatra Lauro Monteiro Filho, fundador da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência (Abrapia). O primeiro passo é admitir que a escola é um local passível de bullying. Deve-se também informar professores e alunos sobre o que é o problema e deixar claro que o estabelecimento não admitirá a prática.

"A escola não deve ser apenas um local de ensino formal, mas também de formação cidadã, de direitos e deveres, amizade, cooperação e solidariedade. Agir contra o bullying é uma forma barata e eficiente de diminuir a violência entre estudantes e na sociedade", afirma o pediatra.

A Abrapia sugere as seguintes atitudes para um ambiente saudável na escola:
- Conversar com os alunos e escutar atentamente reclamações ou sugestões. 
- Estimular os estudantes a informar os casos. 
- Reconhecer e valorizar as atitudes da garotada no combate ao problema. 
- Criar com os estudantes regras de disciplina para a classe em coerência com o regimento escolar. 
- Estimular lideranças positivas entre os alunos, prevenindo futuros casos. 
- Interferir diretamente nos grupos, o quanto antes, para quebrar a dinâmica do bullying.

COMO AGIR COM OS ALUNOS ENVOLVIDOS EM UM CASO DE BULLYING ?
A escola não pode legitimar a atuação do autor da agressão nem humilhá-lo ou puni-lo com medidas não relacionadas ao mal causado, como proibi-lo de frequentar o intervalo. Ao mesmo tempo, o foco deve se voltar para a recuperação de valores essenciais, como o respeito pelo que o alvo sentiu ao sofrer a violência. 

Já o alvo precisa ter a autoestima fortalecida e sentir que está em um lugar seguro para falar sobre o ocorrido. "Às vezes, quando o aluno resolve conversar, não recebe a atenção necessária, pois a escola não acha o problema grave e deixa passar", alerta Aramis Lopes, presidente do Departamento Científico de Segurança da Criança e do Adolescente da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Ainda é preciso conscientizar o espectador do bullying, que endossa a ação do autor. ''Trazer para a aula situações hipotéticas, como realizar atividades com trocas de papéis,  são ações que ajudam a conscientizar toda a turma. A exibição de filmes que retratam o bullying, como ''As melhores coisas do mundo'' (Brasil, 2010), da cineasta Laís Bodanzky, também ajudam no trabalho. A partir do momento em que a escola fala com quem assiste à violência, ele para de aplaudir e o autor perde sua fama'', explica Adriana Ramos, pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenadora do curso de pós-graduação ''As relações interpessoais na escola e a construção da autonomia moral'', da Universidade de Franca (Unifran).

COMO LIDAR COM O BULLYING CONTRA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA ?
Esse tipo de bullying costuma ser estimulado pela falta de conhecimento sobre as deficiências, sejam elas físicas ou intelectuais, e, em boa parte, pelo preconceito trazido de casa. Conversar abertamente sobre a deficiência derruba barreiras. 

De acordo com a psicóloga Sônia Casarin, diretora do S.O.S. Down - Serviço de Orientação sobre Síndrome de Down, em São Paulo, é normal os alunos reagirem negativamente diante de uma situação desconhecida. Cabe ao educador estabelecer limites para essas reações e buscar erradicá-las não pela imposição, mas por meio da conscientização e do esclarecimento.

Não se trata de estabelecer vítimas e culpados quando o assunto é o bullying. Isso só reforça uma situação polarizada e não ajuda em nada a resolução dos conflitos. Melhor do que apenas culpar um aluno e vitimar o outro é desatar os nós da tensão por meio do diálogo. A violência começa em tirar do aluno com deficiência o direito de ser um participante do processo de aprendizagem. É tarefa dos educadores oferecer um ambiente propício para que todos, especialmente os que têm deficiência, se desenvolvam. Com respeito e harmonia.

COMO DEVE SER UMA CONVERSA COM OS PAIS DE UM ALUNO ENVOLVIDO NO BULLYING ?
Muitas vezes, a escola trata de forma inadequada os casos relatados por pais e alunos, responsabilizando a família pelo problema. É papel dos educadores sempre dialogar com os pais sobre os conflitos – seja o filho alvo ou autor do bullying, pois ambos precisam de ajuda e apoio psicológico. 

É preciso mediar a conversa e evitar o tom de acusação de ambos os lados. Esse tipo de abordagem não mostra como o outro se sente ao sofrer bullying. Deve ser sinalizado aos pais que alguns comentários simples, que julgam inofensivos e divertidos, são carregados de ideias preconceituosas. ''O ideal é que a questão da reparação da violência passe por um acordo conjunto entre os envolvidos, no qual todos consigam enxergar em que ponto o alvo foi agredido para, assim, restaurar a relação de respeito'' explica Telma Vinha, professora do Departamento de Psicologia Educacional da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

O QUE FAZER EM CASOS EXTREMOS DE BULLYING ?
A primeira ação da escola é mostrar aos envolvidos que e por que não tolera determinado tipo de conduta. Nesse encontro, deve-se abordar a questão da tolerância ao diferente e do respeito por todos, inclusive com os pais dos alunos envolvidos. 

Mais agressões ou ações impulsivas entre os envolvidos podem ser evitadas com espaços para diálogo. Uma conversa individual com cada um funciona como um desabafo e é função do educador mostrar que ninguém está desamparado. ''Os alunos e os pais têm a sensação de impotência e a escola não pode deixá-los abandonados. É mais fácil responsabilizar a família, mas isso não contribui para a resolução de um conflito'', diz Telma Vinha, doutora em Psicologia Educacional e professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

A especialista também aponta que a conversa em conjunto, com todos os envolvidos, não pode ser feita em tom de acusação. ''Deve-se pensar em maneiras de mostrar como o alvo do bullying se sente com a agressão e chegar a um acordo em conjunto. E, depois de alguns dias, vale perguntar novamente como está a relação entre os envolvidos'', explica Telma.

É também essencial que o trabalho de conscientização seja feito também com os espectadores do bullying, aqueles que endossam a agressão e os que a assistem passivamente. Sem que a plateia entenda quão nociva a violência pode ser, ela se repetirá em outras ocasiões.

BULLYING NA EDUCAÇÃO INFANTIL É POSSÍVEL ?
Entre as crianças menores, é comum que as brigas estejam relacionadas às disputas de território, de posse ou de atenção – o que não caracteriza o bullying. No entanto, o problema pode ocorrer se houver a intenção de ferir ou humilhar o colega repetidas vezes. Por exemplo, se uma criança apresentar alguma particularidade, como não conseguir segurar o xixi, e os colegas a segregarem por isso ou darem apelidos para ofendê-la constantemente, trata-se de um caso de bullying.
"Há estudos na Psicologia que afirmam que, por volta dos dois anos de idade, há uma primeira tomada de consciência de 'quem eu sou', separada de outros objetos, como a mãe. E perto dos 3 anos, as crianças começam a se identificar como um indivíduo diferente do outro, sendo possível que uma criança seja alvo ou vítima de bullying. Essa conduta, porém, será mais frequentes num momento em que houver uma maior relação entre pares, mais cotidiana e estabelecida com os outros'', explica Adriana Ramos, pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenadora do curso de pós-graduação As relações interpessoais na escola e a construção da autonomia moral”, da Universidade de Franca (Unifran).

EXISTE DIFERENÇA PARA LIDAR COM CONFLITOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL ?
A escola deve validar os princípios de respeito desde cedo. É comum que os pequenos briguem com o argumento de não gostar uns dos outros, mas o educador precisa apontar que todos devem ser respeitados, independentemente de se dar bem ou não com uma pessoa, para que essa ideia não persista durante o desenvolvimento da criança. 

Por outro lado, o educador precisa ajudar o alvo da agressão a lidar com a dor trazida pelo conflito. A indignação faz com que a criança tenha alguma reação. ''Muitas vezes, o professor, em vez de mostrar como resolver a briga com uma conversa, incentiva a paz sem o senso de injustiça, pois o submisso não dá trabalho'', ressalta Telma Vinha, doutora em Psicologia Educacional e professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

O QUE É BULLYING VIRTUAL OU CYBERBULLYING ?
O bullying também ocorre em meios eletrônicos, fenômeno conhecido como cyberbullying. Mensagens difamatórias ou ameaçadoras circulam por e-mails, sites, blogs (os diários virtuais), redes sociais e celulares. É quase uma extensão do que dizem e fazem na escola, mas com o agravante de que as pessoas envolvidas não estão cara a cara. Dessa forma, o anonimato pode aumentar a crueldade dos comentários e das ameaças e os efeitos podem ser tão graves ou piores. "O autor, assim como o alvo, tem dificuldade de sair de seu papel e retomar valores esquecidos ou formar novos", explica Luciene Tognetta, doutora em Psicologia Escolar e pesquisadora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinhas (Unicamp). 

Esse tormento que a agressão pela internet faz com que a criança ou o adolescente humilhado não se sinta mais seguro em lugar algum, em momento algum. Marcelo Coutinho, especialista no tema e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), diz que esses estudantes não percebem as armadilhas dos relacionamentos digitais. "Para eles, é tudo real, como se fosse do jeito tradicional, tanto para fazer amigos como para comprar, aprender ou combinar um passeio."

O QUE FAZER PARA EVITAR O CYBERBULLYING ?
Mesmo sendo virtual, o cyberbulling precisa receber o mesmo cuidado do que o bullying e a dimensão dos seus efeitos deve sempre ser considerada. 

Se crianças e adolescentes confiam nos adultos que os cercam, podem contar sobre os casos de bullying sem medo de represálias, como a proibição de redes sociais ou celulares, uma vez que terão a certeza de encontrar ajuda. ''Mas, muitas vezes, as crianças não recorrem aos adultos porque acham que o problema só vai piorar com a intervenção punitiva'', explica Telma Vinha, doutora em Psicologia Educacional e professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). É preciso ir além dos castigos pontuais e trabalhar também com a ideia de que nem sempre se consegue tirar do ar aquilo que foi para a rede. ''O que chamam de brincadeira pode destruir a vida do outro. É também responsabilidade da escola abrir espaço para se discutir o fenômeno'', afirma a especialista

Escrito por CPD - Wlson Roberto Marques
Org. : Rég!s 

terça-feira, 5 de abril de 2011

BULLYING - TEXTO 02 - 2ª Série E.M.

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Bullying: o triângulo da agressividade




Durante o século XX o mundo assistiu a um extraordinário período de transformações que surgiram a partir da eclosão de novos e numerosos conhecimentos científicos. Nesse movimento de crescente complexidade, chegamos ao séc. XXI e percebemos que tais inovações, invadiram rapidamente através dos novos meios de comunicações, nossa vida social, familiar e profissional causando um grande impacto, tal como ocorrido na indústria, nas ciências em geral, na medicina, etc. 

Nascidas a partir dos anos 90, as crianças e os jovens de hoje, evidentemente enfrentam uma sociedade muito mais intrincada que aquela em que seus pais e avós viveram, os quais sonhavam que o desenvolvimento tecnológico, facilitador das tarefas mais difíceis ou até rotineiras, poderia proporcionar um mundo de bonança e serenidade. Das histórias de extraterrestres que se comunicava por meio de estranhos instrumentos, pouco restou, pois praticamente tudo pode ser criado de verdade. 

As crianças perderam de alguma forma esse sonho que embalou as últimas gerações: a de um mundo maravilhoso por vir, cheio de confortos, facilidades, rapidez, eficiência. Robôs que nos servem, fazem o serviço pesado por nós? Telefones móveis, internet, milhões de informações disponíveis em um aparelhinho do tamanho de uma carteira? Assistir ao vivo um acontecimento que está se passando agora do outro lado do mundo ou mesmo dentro de uma nave espacial? Tudo isso e muito mais existe hoje, em boa parte do nosso planeta e não os surpreende, pois afinal eles vivem nessa realidade desde que nasceram e as encaram como Adão e Eva encararam o Paraíso: tudo muito normal....

Chegamos, entretanto ao século XXI em um mundo onde a felicidade está ligada diretamente àquilo que dá muito prazer e o que dá prazer é o novo, o inédito, a "adrenalina" da eminência de perigo, do desafio. Para tanto, nada melhor do que um jogo, uma brincadeira agressiva e mais: o poder. O poder de subestimar o outro, de usá-lo, de fazer dele um personagem, como uma caricatura. O poder que a agressividade trás aos fracos vem da intimidação que praticam, a qual gera sofrimento que tem dificuldade de se defender. 

As crianças vêm aprendendo a ser agressivas cada vez mais precocemente e da mesma forma que a maioria, parecem ter nascido sabendo operar um computador, uma boa parcela delas se assemelham, já aos 4 ou 5 anos, a pré-adolescentes querendo dominar o outro pela hostilidade verbal e física.

A crescente onda de agressividade que se percebe no comportamento de crianças e adolescentes incluem uma enorme gama de condutas explosivas de ira, agressão física e verbal, brigas, ameaças crueldades, vandalismo, etc.

A situação é alarmante: hoje, uma das mais constantes queixas que se encontra nas escolas, de todos os níveis sociais e econômicos é a dificuldade de se lidar com esse potencial instintivo que parece ter renascido com toda força no final do século XX. Bullying, nome dado a esse comportamento universal de violência nas escolas, envolve uma forma de afirmação de poder através de atitudes onde a agressividade intencional, repetitiva, ultrapassa a brincadeira entre iguais. 

O bullying ou violência escolar é um termo criado na década de 80 na Noruega, originado da palavra inglesa "bully", ou seja, valentão. Na forma de verbo, indica a ação de ameaçar, intimidar. E é isso mesmo que ocorre: uma série intencional e repetida de atitudes agressivas de um ou mais estudantes,sem qualquer motivo plausível, contra um grupo ou um colega sobre o qual exercem algum poder de intimidação. Mas afinal, quais são as causas? Problemas de educação? Da família? Das escolas? Ou seria a TV, o computador, a Internet, os maus exemplos?

Muitos estudos têm mostrado que é necessária uma interação complexa de fatores que elevam o risco do aparecimento de condutas violentas nas crianças e jovens, para que o bullying apareça: ter vivido cenas violentas ou sofrido violências, abuso sexual, físico, excessiva exposição à violência através de jogos, televisão; uso de drogas, álcool, fatores socioeconômicos prejudicados, família desestruturada, problemas psiquiátricos, entre outros.

É unânime que a criança que apresenta este problema deve ser tratada e não punida, pois lidamos com jovens que sofrem, que não encontram formas de se aproximarem de seus iguais, que se percebem tão frágeis que tem de mostrar o contrário, provar todo o tempo que são destemidas. E temos outras que enveredam pelo caminho oposto, tem sua autoestima diminuída, suas fraquezas expostas e se deixam dominar pelo medo de serem agredidas e humilhadas.

No Bullying nem sempre a vítima é atacada pessoalmente, com agressões, roubos, humilhações verbais ou gestuais. A difamação, o isolamento, também são modalidades muito usadas principalmente pelas meninas. Mais recentemente surgiu uma nova modalidade, o "cyberbullying", quando a tecnologia da informação e comunicação é usada para atos hostis. 

A violência escolar leva a vítima a se isolar, sentir-se insegura e discriminada. Em geral, é escolhida por seus agressores justamente por aparentar certa fragilidade, ansiedade,dificuldade de relacionamento com o grupo e termina por ter ainda maiores problemas com sua autoestima, podendo vir a desenvolver depressão e apresentar baixo rendimento escolar.

As ações de prepotência trespassam a agressividade física ou verbal. É mais refinada, envolvendo intimidação psicológica, de modo que quando os pais e professores se dão conta, o fato já ocorre normalmente há muito tempo.

Seu objetivo não é só humilhar, ridicularizar, mas também controlar constantemente um colega ou grupo de colegas, que por problemas de baixa auto-estima tem carência afetiva tornando-se alvo fácil de ser controlado por outro que busca se destacar.

Todos sabem que essa situação não envolve nada de totalmente novo, já que as disputas entre crianças e jovens na escola, sempre existiu. O que difere esses dois momentos é que no passado a briga era entre iguais e hoje se trata de uma série de atos de intimidação sistemáticos, que se dão entre três grupos: os intimidadores (os "bullies"), os intimidados e os expectadores, posições estas que podem se inverter. Os expectadores, por exemplo, se calam por medo de se transformarem na próxima vítima e que por isso, tornam-se por vezes, novos agressores.

Uma característica marcante é que praticamente metade das vítimas não tem coragem de pedir ajuda aos professores e aos seus pais. Apesar de ser mais frequente após os 11 anos de idade, o Bullying também acontece no ensino médio e na pré-escola. 

Os meninos são maioria entre os agressores, mas dividem com as meninas o número daqueles que são vítimas. Os meninos não parecem ter preferência por suas vítimas serem de um ou outro sexo. Já as meninas têm quase sempre outra menina como alvo.

Sabe-se através de pesquisas que metade de todos os estudantes são intimidados ao menos uma vez na vida escolar e que ao menos 10%, o são com certa regularidade, o que ocasiona um tipo de sofrimento que os pode prejudicar na sua vida social, emocional.

Pensar que os intimidadores são crianças ou jovens fortes é um erro: eles são em geral vitimas de abuso físico ou de intimidação que os tornou depressivos, agressivos. Para sobreviver, aprenderam essa forma de se relacionar no meio ambiente e se destacarem. Entretanto, não é raro que se tornem vítimas de bullying e por isso, procuram ser cada vez mais reconhecidamente agressivos, dominadores. 

O agressor normalmente, também é alguém com problemas de insegurança, de relacionamento social, que aprendeu com adultos essa forma de resolver suas questões, já que é freqüentemente vítima de rejeição, de humilhação, de pouco cuidado por parte de famílias desestruturadas, onde a agressão é o modelo usado para impor o poder. Torna-se um valentão na aparência, mas é uma criança ou um jovem, que precisa de assistência para conseguir se expressar e se relacionar de forma socialmente adequada.

O ambiente familiar é em grande parte responsável pela agressividade das crianças. Os estímulos familiares são os que influenciam por mais tempo a formação do ser humano e por isso superam a qualquer outro em importância na sua educação.

A agressividade sofrida na própria família marca a criança de forma indelével e tem uma multiplicidade de consequências ao longo da sua vida. Seja física,verbal ou atitudinal, a agressividade dos pais, aponta para frustrações originadas na própria família,na vida profissional ou meio social. A vida escolar dos filhos, por exemplo, pode ser motivo de frustrações nos pais, o que gera reações agressivas entre eles. 

Aos pais cabe a tarefa de observarem com cuidado seus filhos que demonstrem receio de ir à escola, negando-se ou preferindo serem acompanhados por estes e demonstrem baixa autoestima, problemas de aprendizagem, perda frequente de material escolar ou objetos pessoais ou ainda que deem explicações pouco razoáveis para esses fatos assim como para o aparecimento de ferimentos corporais leves e danos ao uniforme escolar.

Se a família perceber ou for informada que seu filho é um agressor, não o vai ajudar se tratar dessa questão com desdém, dar seu consentimento ou cobertura a tais comportamentos. Também vai piorar as coisas, agindo de forma violenta.

Assim como suas vítimas, os agressores precisam do apoio da escola, da sua família e de profissionais especializados. Sem ajuda adequada, muitas dessas crianças poderão vir a ser delinqüentes na juventude e adultos desajustados no futuro.

Maria Irene Maluf  -  é : Pedagoga, especialista em Educação Especial e Psicopedagogia.

Fonte:  http://www.nota10.com.br/artigo-detalhe/_Bullying:-o-triangulo-da-agressividade

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