quinta-feira, 23 de outubro de 2014

CONCEITO GERAL DE REPÚBLICA E MONARQUIA


CONCEITO GERAL DE REPÚBLICA  


MAS ANTES VAMOS VER UM POUCO DE HISTORIA ...




República: Regime político em que o chefe do Estado é eleito, direta ou indiretamente. O poder pode ser concentrado em sua pessoa, ou caber a uma Assembléia o papel preponderante; entretanto, é preciso observar que a forma republicana de governo não precisa ser fatalmente democrática.
As principais formas de governo republicano são: a república aristocrática, na qual a participação ao poder é limitada a uma classe (regime de Veneza e da Polônia até o fim do séc. XVIII, hoje extinto); a república presidencialista, na qual o poder fica com um presidente eleito (E.U.A. e países da América Latina e Constituição napoleônica de 1800); a república parlamentarista, na qual o poder do Parlamento é limitado por forte autoridade do chefe do Estado (Constituição alemã de Weimar, 1919, V República na França, 1958); e o regime colegiado, na qual o poder fica com um Conselho, eleito pela Assembléia a curto prazo (Suíça, Uruguai).
Assim como as repúblicas de Veneza e Polônia não podem ser comparadas às repúblicas modernas, assim também eram repúblicas de estilo político diferente as de Atenas (democracia direta) e Roma (república aristocrática, dirigida pelo Senado).
A primeira república moderna foram os E.U.A., que adotaram em 1787 Constituição presidencialista, sendo seguidos pelos países da América espanhola e, no ano de 1889, pelo Brasil.


Tipos de República:

• República Aristocrática: É aquela na qual exerce o governo uma representação na minoria imperante, que por algum motivo (cultura, patriotismo, riqueza, etc.) é considerada a mais notável. Este regime republicano afasta-se da representação popular, aproximando-se mais da ditadura e constituindo uma oligarquia. Foi posto em prática em Esparta, Atenas e Roma, onde poderes eram conferidos aos governantes, embora temporariamente havia eleição.
 República Democrática: É a república em que o poder, em esferas essenciais do Estado, pertence ao povo ou a um Parlamento que o represente. A república democrática decorre, assim, do princípio da soberania popular. O povo é aqui o partícipe principal dos poderes do Estado. Mas só parte de cidadania provoca, sem dúvida, seleção do corpo de eleitores. E a qualidade de cidadão, que depende de vários requisitos e que varia segundo as legislações, restringe consideravelmente a massa votante. Além disso, se todos os cidadãos gozam de iguais direitos políticos, poucos são os que governam realmente, sobretudo onde, por força da divisão partidária, nem mesmo a maioria absoluta chega a governar. Oriundas do sistema de idéias da Reforma e das lutas constitucionais americanas e francesas, alastraram-se as repúblicas democráticas no mundo moderno, ganhando cada vez maior extensão. Dentre elas, podemos distinguir:
a) Democracias Diretas - Nestas formas, o povo, diretamente, examina e decide o que se põe em votação. Nas assembléias populares, reside a soberania do Estado.
b) Democracias indiretas ou Representativas - Nestas formas, os poderes públicos são integrados por órgãos representantes do povo. A separação de poderes pode aqui funcionar melhor que nas monarquias constitucionais, em que há dois órgãos supremos - rei e povo - não se achando tão exposto o regime à intervenção pessoal do chefe do governo quanto a monarquia.
• República Federal: É a que duas esferas de direito público, a provincial e a nacional. Por exemplo: os E.U.A., o Brasil, a Argentina, a Venezuela, a Suíça... A U.R.S.S. é também, talvez, um Estado Federal (sui generis).
• República Federativa: É a república em que se inserem obviamente princípios descentralizadores. A República Federativa do Brasil, aludida pela Emenda Constitucional nº 1, de 17/10/1969, deu ao Estado federal brasileiro, tanto pelo espírito, como pela terra expressa da Constituição, então aprovada, uma natural ênfase ao governo central, dentro da tendência atual de fortalecimento, no mundo, do Estado federal contemporâneo.



• República Oligárquica: É a república governada por um pequeno grupo de pessoas integrantes da mesma família, classe ou grupo, permanecendo o poder nas mãos desses poucos.
• República Parlamentar: É a república de feição parlamentarista. Seu exemplo clássico é o da França, após o período libertário da Revolução. Sob a Segunda República, conheceu a França o governo parlamentar, de incentivo e aperfeiçoamento. Da República Francesa, o parlamentarismo irradiou-se para inúmeras outras repúblicas, passando a adotar o regime parlamentar.
• República Popular: É a que visa a estabelecer a ditadura do proletariado, na base da revolução comunista. Enquanto a República Popular da Albânia se mantém fiel ao stalinismo e vê com bons olhos a intransigência revolucionária da China, a República Popular da Polônia ostenta maior influência das democracias ocidentais. Apesar de “a política do Estado de democracia popular ter por fim a liquidação da exploração do homem e a edificação do socialismo”, como proclama a Constituição da República Popular romena de 1.952, a da República Socialista Tchecoslovaquia, ao lado da propriedade social dos meios de produção, constituída pelo Estado e peças de propriedades cooperativas, admite a propriedade pessoal das casas, dos jardins, familiares, etc.
• República Presidencial: É o tipo de república que pode ser encarada como adaptação da monarquia ao governo republicano, desde que dá indiscutível prestígio e poder ao presidente da República. Dentro do sistema, o presidente, eleito direta ou indiretamente pelo voto, passa a ficar, quanto à origem, no mesmo pé de igualdade que o Congresso. Irrevogável em seu mandato, é ele que imprime pessoalmente orientação à política. Dentro de suas prerrogativas, de preeminência incomparável, é um verdadeiro ditador em estado latente, a impor sempre ao governo a sua própria personalidade.
• Repúplica Teocrática: A expressão república teocrática é imprópria, de vez que a teocracia é uma forma de governo exercido em nome de uma entidade sobrenatural, e por isso desempenhado por sacerdotes que representam deuses ou um Deus na terra. A teocracia designa o Estado em que Deus é considerado como o verdadeiro soberano, e as leis fundamentais como mandamentos divinos, sendo a soberania exercida por homens relacionados diretamente com Deus: Profetas, sacerdotes ou reis, considerados como representantes diretos da divindade.
• República Unitária: É a república que se subordina a uma só esfera de direito público. Por exemplo: França, Portugal... Pode-se, assim, distinguir uma república unitária de outra, composta ou complexa, pelo fato de se apresentar simples em sua estrutura. A república que é o resultado da íntima união de vários ordenamentos jurídicos estatais dá lugar ao Estado de Estados ou à República Federal. A república unitária tem uma estrutura interna que a tipifica: integra-se por um único centro decisório constituinte e legislativo, e um único centro de impulsão política e um só conjunto de instituições de governo. A denominação de república simples ou unitária explica-se por ser o poder dessa forma política uno em sua estrutura, em seu elemento humano e em seus limites territoriais. Enquanto a república monocrática pressupõe concentração de poder em uma ou em poucas mãos, a república unitária não é incompatível com a separação de poderes e com a existência mesmo de uma pluralidade de órgãos. A república autocrática nada tem que ver com a simplicidade ou complexidade do Estado, o que lhe interessa é a extensão do poder sobre os indivíduos e a coletividade. A república unitária centralizada corporificou-se com a Revolução Francesa. A unidade e a indivisibilidade da nação soberana importaram certamente no cancelamento dos corpos intermediários.


CONCEITO GERAL DE MONARQUIA

A Monarquia é a forma típica de governo de indivíduos, portanto o poder supremo está nas mãos de uma só pessoa física, o Monarca ou Rei.
A Monarquia é uma forma de governo que já foi adotada, há muitos séculos, por quase todos os Estados do mundo. Com o passar dos séculos ela foi sendo gradativamente enfraquecida e abandonada. Quando nasce o Estado Moderno a necessidade de governos fortes favorece o ressurgimento da Monarquia, não sujeita a limitações jurídicas, onde aparece a Monarquia Absoluta. Aos poucos, vai crescendo a resistência ao Absolutismo e, já a partir do  final do século XVIII, surgem as Monarquias Constitucionais. O rei continua governando, mas está sujeito a limitações jurídicas, estabelecidas na Constituição, surge ainda outra limitação ao poder do Monarca, com a adoção do parlamentarismo pelos Estados Monárquicos, assim o Monarca não mais governa, se mantendo apenas como chefe do Estado, tendo somente as atribuições de representação, não de governo, pois o mesmo passa a ser exercido por um gabinete de Ministros.
A antiga noção de Monarquia afirmava que o poder do Monarca era absoluto. Por vezes afirma que o Monarca era responsável somente perante Deus. Doutrina esta que ficou conhecida como “Direito Divino”.
A forma Monárquica não se refere apenas aos soberanos coroados, nela se enquadram os consulados e as ditaduras (governo de uma só pessoa).

Tipos de Monarquia:

• Monarquia Absoluta: é a Monarquia em que o Monarca se situa acima da lei, todo poder se concentra nele. Não tendo que prestar contas dos seus atos, o Monarca age por seu livre e próprio arbítrio. Dizendo-se representante ou descendentes dos deuses temos como exemplo de Monarca Absoluto: o Faraó do Egito, o Tzar da Rússia, o Sutão da Túrquia, e o Imperador da China entre outros.
As Monarquias também pode ser Limitadas onde o poder central se reparte, três são os tipos de Monarquias Limitadas:
• Monarquia de Estamentos, ou de Braços, onde o rei descentraliza certas funções que são delegadas a elementos reunidos em cortes.Esta forma é antiga e típica do regimento feudal, como exemplos temos: a Suécia e o Mecklemburgo, perdurado até 1918.
• Monarquia Constitucional o Rei exerce apenas o poder executivo paralelo dos poderes legislativos e judiciário, temos com exemplo: a Bélgica, Holanda, Suécia e o Brasil Imperial. 
• Monarquia Parlamentar o Rei não exerce a função do governo. É um conselho de ministros que exerce o poder executivo, responsável perante o parlamento. Ao Rei atribui o poder moderador com ascendência moral sobre o povo sendo ele, um símbolo vivo da Nação não tendo participação ativa na máquina Estatal.
Características da Monarquia: 
Vitaliciedade: o Monarca tem o poder de governar enquanto viver ou enquanto tiver condições para continuar governando. 
Hereditariedade: quando morre o Monarca ou deixa o governo por qualquer outra razão é imediatamente substituído pelo herdeiro da coroa.
Irresponsabilidade: o Rei não tem responsabilidade política, não deve explicações ao povo ou a qualquer orgão.


CONCLUSÃO

Sendo vitalício e hereditário o Monarca está acima das disputas políticas, é um fator de unidade do Estado, pois todas as correntes políticas tem nele um elemento superior, comum.
A Monarquia sendo o ponto de encontro das correntes políticas, e estando a margem das disputas o Monarca assegura a estabilidade das instituições.
O Monarca é alguém que recebe desde o nascimento uma educação especial preparando-o para governar, não ocorrendo assim o risco de governantes despreparados.
Se o Monarca não governa torna-se uma inutilidade, que sacrifica o povo sem qualquer proveito.
A Monarquia é essencialmente antidemocrática, uma vez que não assegura ao povo o direito de escolher seu governante, desaparecendo a supremacia da vontade popular, que deve ser mantida permanentemente nos governos democráticos.
O que nos mostra a realidade é que a Monarquia vai perdendo adeptos e vai desaparecendo como forma de governo, havendo atualmente, no mundo todo, apenas cerca de 20 Estados com governos Monárquicos, como exemplo: Inglaterra, Noruega, Dinamarca, entre outros.
Portanto...
 A República tem maiores adeptos numa visão globalizada, porém isso não significa que seja melhor ou pior, e sim o mais usal atualmente, pois na forma de República temos também diversos fatores negativos como também positivos, conforme contempla a pesquisa.   
Podemos afirmar com a apresentação desta pesquisa que discorre sobre as Formas de Governo, que em diferentes partes do mundo, os Estados se adaptam as diferentes formas de governo, uns com sucesso e outros nem tanto, portanto fica difícil concluir qual é a mais adequada ou eficiente, pois em diferentes épocas um mesmo Estado passou por várias formas de governar, e mesmo assim obteve êxito em suas diferentes gestões. Essa questão nos mostra que existe sempre a busca pela melhor forma de governo.
Existem vários exemplos de Formas de Governo Republicano que prosperam ao longo da história da humanidade, assim como também de Forma de Governo Monarquico.
Todas as Formas de Governo almejam uma sociedade bem organizada, que ame a sua pátria e que esteja satisfeita com a manifestação do exercício do poder público à qual está subordinado.
As Formas de Governo estão ligadas com a cultura de cada povo, por essa razão se formam diversos segmentos. A forma de se governar se define como uma modalidade de organização do poder político, onde são representadas as diversas influências da natureza moral, psicológica, intelectual, geográfica e político-econômica, que mudam conforme as necessidades sociais do local, historicamente se renovam com o surgimento de novos imigraantes, novos ideais, enfim, com a mudança natural do ciclo de vida ao qual todos estamos sujeitos.
Bibliografia
Teoria Geral do EstadoSahid Maluf, Edição 19a. - 1988 - Sugestões Literárias, Pág. 77 -  Cap. XI 
Doutrina do Estado, Alexandre Gropalli, Pág. 270
Teoria Geral do Estado, Marcelo Figueiredo, Atlas - 1993, Pág. 53 - Cap. V 
Elementos da Teoria Geral do Estado, Dalmo de Abreu Dallari, Saraiva, Pág. 196 à 198 - Cap. IVEnciclopédia Delta Universal, Maurício / Nobre, Marlos, Delta S/A - Vol. 10, Pág. 5.440

Fonte :http://www.coladaweb.com/politica/conceito-geral-de-republica-e-monarquia
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terça-feira, 21 de outubro de 2014

Caatinga, um bioma desconhecido "Convivência com o Semi Árido" SETIMO ANO


     .                               Entrevista especial com Haroldo Schistek


" A Caatinga ocupa 11% do território nacional e mereceria, sem dúvida, um enfoque apropriado e políticas públicas feitas exclusivamente para a área que engloba. Esta área corresponde às superfícies da Alemanha e França juntas", constata o  idealizador do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada – IRPAA, com sede em Juazeiro, BA.
"A Caatinga é o bioma mais frágil que temos no Brasil. A ciência, identificando sua fauna e flora, nos mostra que não existe uma Caatinga só, mas muitas formas, criadas pela interação de seus seres vivos com o conjunto edafoclimático local. O clima é Semi Árido, com uma estação chuvosa curta e longos meses sem chuva, onde a evaporação potencial supera a precipitação praticamente em todos os meses do ano", constata, em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line, Haroldo Schistek.
Segundo ele, defensor do paradigma "Convivência com o Semi-Árido", a "Caatinga ocupa 11% do território nacional e mereceria, sem dúvida, um enfoque apropriado e políticas públicas feitas exclusivamente para a área que engloba”.
Schistek avalia ainda que não se pode pensar o Semi Árido Brasileiro com seu bioma Caatinga de forma isolada, com propostas setoriais. “A educação escolar tradicional tem contribuído muito para espalhar uma imagem de inviabilidade econômica, feiura e morte”, diz.

Haroldo Schistek é teólogo pela Universidade de Salzburgo, Áustria, agrônomo pela Universidade de Agricultura em Viena e tem Faculdade de Agronomia do Médio São Francisco em Juazeiro, na Bahia. É idealizador do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada – IRPAA, com sede em Juazeiro, fundado em 1990. Trabalha com assessoria relacionada a recursos hídricos, desenvolvimento rural, beneficiamento de frutas nativas, questões agrárias, entre outras áreas. É elaborador de apostilas, livros, relatórios. Além disso, acompanha e coordena programas junto de agricultores, dentro do conceito da Convivência com o Semi Árido. Atualmente integra a Coordenação Coletiva do IRPAA como coordenador administrativo.
Confira a entrevista. 

IHU On-Line – Como podemos definir a atual situação da Caatinga? Quais os avanços e dilemas que ainda preocupam as populações que vivem o local e os pesquisadores que estudam o bioma?


Haroldo Schistek – A situação da Caatinga é catastrófica. Esse bioma continua sendo o mais desconhecido do Brasil – embora seja caraterístico nosso, só existe no nosso país. Cientificamente tem-se avançado, mas os políticos que tomam a decisão não querem reconhecer sua fragilidade e realizar as propostas da sociedade civil que, de um lado, poderiam garantir a sua preservação e, de outro lado, poderiam garantir uma renda estável para a população humana. A essência nesta proposta se resume no paradigma da “Convivência com o Semi Árido”. A Caatinga ocupa 11% do território nacional e mereceria, sem dúvida, um enfoque apropriado e políticas públicas feitas exclusivamente para a área que engloba. Esta área corresponde às superfícies da Alemanha e França juntas! – imagine quantas políticas localizadas regionalmente podemos encontrar nesses dois países e aqui não temos, até o momento, nenhuma política consistente para a área toda.



IHU On-Line – De que maneira podemos pensar formas de preservação da Caatinga?
Haroldo Schistek – Infelizmente, preciso insistir num fato que todos preferem não mencionar, por ser incômodo, por tocar em privilégios de uma minoria e de ser perigoso e, em muitos casos, até mortal. Trata-se da questão da terra, ou melhor, do tamanho dela. A Embrapa Semi Árido afirma que na grande região da Depressão Sertaneja uma propriedade necessita de até 300 hectares de terra para ser sustentável, sendo a atividade principal a criação de caprinos e ovinos. Assim, a principal forma de preservar a Caatinga é dotar as famílias de um tamanho de terra adequado às condições de semiaridez. Quanto mais seca a região, mais terra se precisa. E qual é a realidade? Propriedades de dois, três, dez hectares, enquanto no outro lado da cerca uma única pessoa possui dois ou três mil hectares. E não falo de reforma agrária, mas de “adequação fundiária”, pois as famílias possuem terra, são da terra, mas só precisam dela em tamanho suficiente para ter uma produção estável, poder acumular reservas e assim suportar as instabilidades climáticas. Se for assim, poderemos esquecer para sempre os programas famigerados como Bolsa Família, carros-pipa e cestas de alimentos.






IHU On-Line – Existe a possibilidade de recuperação de áreas do bioma em alguns casos? O que falta para que isso aconteça?
Haroldo Schistek – O grande mal que se fez à Caatinga não vem de agora, deste ou do século passado. Vem desde a primeira ocupação pelos portugueses e tem alguma coisa a ver com a monocultura de cana de açúcar no litoral nordestino. O gado, indispensável para o manejo da cana de açúcar e para a alimentação da população humana, num certo momento, numa época que não existia o arame farpado, não podia mais ficar próximo às plantações e foi por decreto governamental mandado para o interior. E já em 1640 se estabeleceu o primeiro curral para gado bovino no médio São Francisco, dando assim início a uma sequência até hoje mantida: uma política concebida fora da região, introduzindo algo não adaptado ao clima, servindo a interesses estranhos. Não demorou e se formaram dois imensos latifúndios que ocuparam toda a região desde o Maranhão até Minas Gerais: os morgados da Casa da Torre e outro da Casa da Ponte. Para o povo, só existia lugar como vaqueiro, que mantinha sua rocinha para alimentar a família, mas ele nunca poderia ser dono daquele pedaço de chão. Essa é a origem da agricultura familiar na região.

Caatinga pensada de forma micro
O que se precisa é uma mudança de percepção em relação à Caatinga: devemos deixar de pensar esta região em termos macro – Brasil. Em vez disso, pensá-la em termos micro. Tendo em vista unicamente a Caatinga e sua população humana, encontrando soluções sustentáveis, estaremos beneficiando o bioma, os homens e mulheres e, em última consequência, o Brasil – macro.


IHU On-Line – Quais as principais características da Caatinga?
Haroldo Schistek – A Caatinga é o bioma mais frágil que temos no Brasil. A ciência, identificando sua fauna e flora, nos mostra que não existe uma Caatinga só, mas muitas formas, criadas pela interação de seus seres vivos com o conjunto edafoclimático local. O clima é Semi Árido, com uma estação chuvosa curta e longos meses sem chuva, onde a evaporação potencial supera a precipitação praticamente em todos os meses do ano. Em Juazeiro da Bahia, temos, por exemplo, cerca de 550 mm de chuva, mas a evaporação potencial atinge até 3.000 mm por ano. Os solos são, em sua maioria, rasos e de baixa fertilidade. Então, pode-se perguntar: o que fazer com um pedaço do Brasil desse jeito, uma vez que quase não chove, e, muitas vezes, os solos são inapropriados? Além disso, em 80% da região não existe lençol freático, pois a natureza nos oferece uma resposta muito clara. Porém, na Caatinga há uma diversidade de plantas e animais maior que em outros biomas do Brasil. Existem plantas e animais que aprenderam a conviver de maneira perfeita com esse tipo de chuva e de solo e que descansam durante os oito meses em que não há chuva, para resplandecer de maneira inacreditável depois das primeiras chuvas numa explosão de cores, perfumes, frutas e sementes. A convivência com o Semi Árido consiste nisto: aprender com a natureza a realizar as atividades; criar plantas e animais aos quais ela dá suporte e não insistir em algo que não possui a maleabilidade genética – como é o caso do milho e do gado bovino.



IHU On-Line – No que consiste e qual a importância da produção adaptada e das formas de captação e armazenamento de água para o bioma?
Haroldo Schistek – Devemos abdicar da ideia que o fornecimento de água para as famílias e suas criações possa trazer algum benefício à Caatinga. À primeira vista, a água parece o fator limitante quando, na verdade, é a capacidade de produzir forragens para os animais e alimento para os humanos. Ela continua mantendo populações humanas e rebanhos em áreas reduzidas. Mas, fornecendo água, há somente uma maior pressão sobre o bioma já fragilizado.
Em relação à produção adaptada, defendemos a manutenção ou reestabelecimento da vegetação nativa, pois a “Caatinga em pé vale mais do que a Caatinga derrubada”. Somente em pequenas áreas, especialmente para o consumo local e utilizando todos os preceitos agronômicos de preservação da umidade e da estrutura do solo, pode-se pensar em plantios de roças, utilizando plantas adaptadas às irregularidades climáticas.



IHU On-Line – No que consiste o recaatingamento e de que forma ele pode ser uma solução para os problemas enfrentados no bioma?
Haroldo Schistek – O próprio termo já quer chamar atenção de que o desafio é diferente. Poderíamos ter chamado de “reflorestar a Caatinga”. Mas Caatinga não é uma floresta, não é estepe, nem savana – é Caatinga mesmo. Também não se trata de criar uma reserva do tipo Ibama. Temos um caso deste na região de Juazeiro-Sobradinho. Querem expulsar todos os moradores para criar um parque de preservação natural. Para proteger a Caatinga. E quem protege as famílias que têm sua base de vida há gerações nestas áreas? Ademais, podemos afirmar com toda certeza que estas áreas que se pretendem proteger são preservadas assim até hoje, pois foram utilizadas no sistema de Fundo de Pasto.
Recaatingamento
O recaatingamento é um processo complexo, pois inclui amplas medidas educativas e aprofundamento em conhecimentos sobre a natureza para as populações. Não se trata de trazer um agente de fora, que cerque uma área e plante mudas. No bioma, formam-se pessoas. Portanto, é necessário que cada uma seja convencida do valor da Caatinga em pé, que seja o plantador e cuidador das plantas e cercas nos anos seguintes. Quem se interessar pode acessar: http://www.recaatingamento.org.br/.






IHU On-Line – Quais as principais ameaças que a Caatinga enfrenta?
Haroldo Schistek – Podemos dizer que a principal ameaça é o caminho econômico (equivocado!) tomado pelo Brasil nos últimos anos. Nosso país se tornou campeão mundial em exportação de commodities, e as áreas da Caatinga se tornaram objetos de cobiça para grandes empreendimentos. Depois de alguns anos de maior calma, está agora recrudescendo a grilagem de terra e o assassinato de agricultores familiares e de seus representantes, quando resistem ao roubo de suas terras. No bioma, querem fazer de tudo: usina nuclear, grandes barragens para hidroelétricas, intermináveis áreas irrigadas para, por exemplo, produção de etanol, mineração, parques eólicos, criação industrializada de caprinos e bovinos, entre outros.



IHU On-Line – De que maneira ela pode ser utilizada de forma sustentável? Qual o papel da população nesse sentido?
Haroldo Schistek – Não se pode pensar o Semi Árido Brasileiro com seu bioma Caatinga de forma isolada, com propostas setoriais. A educação escolar tradicional tem contribuído muito para espalhar uma imagem de inviabilidade econômica, feiura e morte. Ainda recentemente, encontrei um livro didático, no capítulo sobre os biomas brasileiros, que mostrava uma foto da Caatinga nos meses da estiagem, com a legenda inacreditável: “Caatinga morta”. Na verdade, os arbustos e árvores retratados somente estavam em hibernação, cheios de seiva e nutrientes, esperando apenas a primeira chuva para se vestirem novamente em abundantes roupas de folhas e flores. Ou seja, precisamos de uma educação contextualizada, que leve o contexto da vida dos alunos, das plantas da Caatinga, da sua casa de adobe, para dentro da sala de aula. Tivemos experiências magníficas nesse sentido com os alunos preservando atenção de maneira inacreditável, sendo as faltas às aulas quase não registradas. Materiais nesse sentido já existem. Precisamos que o Ministério da Educação e Cultura faça uma volta de 180 graus em termos de políticas educacionais, pois não é somente necessário que exista material didático apropriado. É indispensável que a formação de professores nas universidades seja no sentido da contextualização e que a formação continuada do corpo docente acompanhe a proposta. A “Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional” nos dá cobertura total nesse sentido.
Criação de animais
A Caatinga representa um pasto nativo de grande valor nutritivo, muito apropriado para a criação de animais de médio porte – menos para gado bovino, que pouco aproveita o pasto, consome muita água e causa ainda erosão no solo, por causa de seu maior peso. No entanto, faz-se necessário evitar o superpastoreio, através da análise criteriosa de capacidade de suporte e de fornecimento de alimento suplementar na segunda metade dos meses secos. Mas é preciso ficar atento à forma organizacional.
Característica da chuva na Caatinga
A característica da chuva é irregular em dois sentidos: no tempo e no espaço geográfico. Quer dizer, nunca se sabe quando se terá outra chuva nem em que área ela cairá. Essa irregularidade é muito acentuada. O Fundo de Pasto, forma tradicional de posse de terra no Semi Árido, remoto desde as Sesmarias, atende a esta característica. As áreas de pasto não são individualizadas, não possuem cercas para separar cada propriedade. Os animais de todos os proprietários pastam livremente em toda a área, deslocando-se sempre para aquelas manchas onde choveu recentemente. Com isso eles evitam superpastoreio e garantem animais bem alimentados. Organizando dessa maneira a terra, de forma coletiva, a área necessária por família pode ser bem menor, mesmo na Depressão Sertaneja: entre 80 e 100 hectares. A área do Fundo de Pasto fica sob a responsabilidade de uma associação, dos próprios donos. Temos belos exemplos de como essa forma organizacional eleva a consciência ambiental e proteje a Caatinga.
Diversidades
Além da criação de animais, existem grandes riquezas extrativistas, como o umbu ou a maracujá do mato que, beneficiado em forma de geleia, doce e compota, até já conquistaram o paladar europeu.
Encontramos também, como em nenhum bioma brasileiro, uma grande diversidade de plantas medicinais, com uso industrial, ainda não explorada ou apenas de maneira irregular. Já o potencial lenheiro é duvidoso e, a nosso ver, não deve ser cogitado em se tratando de Caatinga.


IHU On-Line – Gostaria de acrescentar algum aspecto não questionado?
Haroldo Schistek – O Semi Árido Brasileiro era algo desconhecido para a percepção geral e o IRPAA desmistificou isso. Sempre se falava “no Nordeste tem seca”. Mas Nordeste é Maranhão com sua região pré-amazônica; é a região com as chuvas de Belmonte da Bahia com seus 3.000 mm por ano e do oeste baiano com chuva tão regulares que parece que tem um contrato com São Pedro. Isso foi parte da nossa campanha nos primeiros dez anos de existência do IRPAA: dizer que a região da “seca” é o Semi Árido que fica na maior parte no Nordeste, mas abrange também parte de Minas Gerais.
Programas para o Semi Árido
Fiquei contente quando Dilma, em seu discurso de posse, falou em programas específicos para o Semi Árido e não mais Nordeste. Para dar visibilidade, criamos o nome “Semi Árido Brasileiro”, como iniciais em maiúsculo. Então, devemos distinguir quando se fala de uma região semiárida ou quando fala do Semi Árido Brasileiro. Até a sigla criada – SAB – já se popularizou.

fonte:http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/508737-caatingaumbiomadesconhecidoeaqconvivenciacomosemi-aridoqentrevistaespecialcomharoldoschistek

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terça-feira, 7 de outubro de 2014

BIOMAS BRASILEIROS - MATERIA SETIMO ANO

Biomas Brasileiros
São seis os grandes biomas brasileiros (continentais). Os biomas do Brasil são conjuntos de ecossistemas (vegetal e animal) com uma diversidade biológica própria. Segundo o IBGE, no Brasil há seis tipos de biomas continentais e um bioma marinho ou aquático. Quais são os biomas brasileiros, então?
  • Amazônia
  • Cerrado
  • Caatinga
  • Mata Atlântica
  • Pantanal
  • Pampa.




Amazônia

Considerado o maior Bioma brasileiro e a maior reserva de diversidade biológica do mundo, o bioma Amazônia corresponde a quase metade do território nacional. Abrange os estados brasileiros: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Roraima; parte de Rondônia, Mato Grosso, Maranhão e Tocantins. O Clima dessa região é quente e úmido e sua vegetação caracterizada pela floresta fechada com árvores de grande porte

A Amazônia é o maior bioma brasileiro com um território que corresponde a 4.196.943 milhões de Km² e abrange nove países, a saber: Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname.
Considerada a maior reserva de madeira tropical do mundo, a Amazônia é composta aproximadamente de 2.500 espécies de árvores e abriga cerca de 30 mil espécies de plantas das 100 mil existentes em toda a América do Sul.

Características da Amazônia

Clima

O clima da Amazônia é Equatorial, caracterizado por elevadas temperaturas e grande índice pluviométrico (chuvas).

Relevo

O relevo amazônico é formado de planície de inundação (várzeas), planalto amazônico e escudos cristalinos; e, na maioria dos casos, não apresenta altitudes acima de 200 metros. Contudo, o Pico da Neblina, considerado o ponto mais alto do Brasil localiza-se no norte do estado do Amazonas com altitude de 3.014 metros.

Vegetação

A vegetação na Amazônia é muito diversa e apresenta um conjunto de ecossistemas dispersos nas florestas existentes, a saber: Floresta de Várzea, Floresta de Igapó, Floresta de Igarapé, Floresta de Terra Firme e Floresta Montanhosas Andinas.

Hidrografia

A bacia amazônica é a maior bacia hidrográfica do mundo e seu principal rio, oAmazonas, é o maior rio do mundo em volume de água com mais de 7 mil afluentes. Outros rios que fazem parte da hidrografia da Amazônia são: Araguaia, Nhamundá, Negro, Solimões, Tocantins, Trombetas, Xingu, Purus, Juruá, Japurá, Madeira, Tapajós, Branco.

Fauna e Flora

Considerada a maior floresta pluvial e tropical do mundo, a Floresta Amazônica abriga inúmeras espécies de animais e plantas o que lhe confere a maior em biodiversidadedo mundo. Alguns dos animais presentes no bioma da amazônia são: anta, preguiça, sagui-de-bigode, ariranha, suçuarana, arara-vermelha, tucano, morcego, tamanduá, cateto, cachorro-vinagre, gato-maracajá, macaco-aranha, macaco-barrigudo, irara, jaguatirica, jaguarundi, jacaré-açu,onça-pintada, peixe-boi, enguias, piranha, pirarucu, sucuri, bugio, boto cor-de-rosa. As árvores nativas da Amazônia são: andiroba, pupunha, açaí, seringueira, mogno, cedro, sumaúma, castanha-do-pará.

Impactos Ambientais

Muitos problemas ambientais causam o desequilíbrio dos ecossistemas presentes na Amazônia. Como exemplo, podemos destacar as queimadas, garimpagem, agro pastoreio, desmatamento, contrabando de animais e plantas silvestres, disputa de terras, assentamentos humanos, caça e pesca ilegais, falta de fiscalização.
Estudos indicam que grande parte desse bioma já foi degradado pela ação humana, ou seja, o equivalente a quase 20% de seu total. Esses problemas acarretam graves mudanças climáticas em todo o planeta, como por exemplo, o aquecimento global, visto que a Amazônia funciona como um "resfriador atmosférico" que auxilia na retirada de gás carbônico na atmosfera.

Cerrado

O Cerrado é considerado o segundo maior bioma do Brasil em extensão e abrange os estados: Maranhão, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Tocantins. Além disso, ocupa uma pequena área de outros seis estados. O clima predominante no cerrado é tropical sazonal e sua vegetação caracterizada por árvores de de troncos retorcidos, gramíneas e arbustos.
O Cerrado é considerado o segundo maior bioma brasileiro em extensão e a mais rica savana do mundo em biodiversidade. Abrange, os estados: Amapá, Maranhão, Piauí, Rondônia, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Tocantins, Bahia. Localiza-se em três das maiores bacias hidrográficas da América do Sul, (Tocantins-Araguaia, São Francisco e Prata) o que, de certa maneira, favorece sua biodiversidade.
O clima predominante no cerrado é tropical sazonal caracterizado por um clima quente com períodos chuvosos e de seca. A vegetação é, em sua maior parte, semelhante à de savana, com árvores baixas, esparsas, troncos retorcidos, folhas grossas e raízes longas; gramíneas e arbustos.
Vale lembrar que, por ser muito extenso, o cerrado, dependendo de sua localização apresenta mudanças no seu ecossistema. Nesse caso, os ecossistemas presentes no cerrado podem ser classificados como:
  • Cerradão
  • Cerrado campestre
  • Cerrado rupestre
  • Cerrado típico
  • Campo cerrado
  • Campo limpo de cerrado
  • Cerrado de matas
  • Cerrado de várzeas
  • Cerrado veredas.

Flora e Fauna do Cerrado

Por ser considerado a maior savana do mundo em biodiversidade e compreender grande parte do território brasileiro, ou seja, uma área de 2 milhões de km², o cerrado e os ecossistemas que o compõem, possuem uma rica fauna e flora, sendo portanto, o habitat de muitas espécies de animais como, por exemplo: jiboia, cascavel, jararaca, lagarto teiú, ema, seriema, curicaca, urubu comum, urubu caçador, urubu-rei, arara, tucano, papagaios, gaviões, tatu-peba, tatu-galinha, tatu-canastra, tatu-de-rabo-mole, anta, ariranha, gambá, cervo, onça-pintada, preá, cachorro-vinagre, lobo-guará, lontra, tamanduá-bandeira, tamanduá-mirim, gato-palheiro, gato-mourisco veado-mateiro, cachorro-do-mato, macaco-prego, quati, cateto, queixada, porco-espinho, capivara, tapiti, jaritataca.
Com aproximadamente 10.000 espécies diferentes, na flora presente no cerrado, encontram-se: babaçu, murici, mangaba, pequi, buriti, cagaita, baru, jerivá, gueroba, jatobá, macaúba, cajuzinho-do-cerrado, barbatimão, pau-santo, gabiroba, pequizeiro, araçá, sucupira, pau-terra, catuaba, indaiá, capim-flecha, matas ciliares.

Desmatamento do Cerrado

A despeito de apresentar uma rica grande biodiversidade esse bioma vem sofrendo muito com o desmatamento, principalmente ocasionados pela agricultura. Hoje, o bioma conserva apenas 20% de sua área total, passando por um grande processo de descaracterização, ou seja, ocupado por grandes pastagens de gado e extensas plantações de soja, algodão, cana, eucalipto. Além disso, grande parte do cerrado já foi destruída pelo desenfreado processo de urbanização.
O desmatamento e a caça ilegal, o contrabando de espécies e as queimadas, ameaçam o habitat de muitas espécies, levando, dessa maneira, a sua extinção. Dentre os animais que correm risco de extinção no bioma do cerrado são: anta, capivara, onça-pintada, onça-parda, preá, paca, jaguatirica, cachorro-do-mato, calango, preguiça, teiú, cateto, gambá, lontra, tatu-bola, tatu-canastra, tamanduá-bandeira, cobras (cascavel, coral verdadeira e falsa, jararaca, cipó, jiboia), queixada, guariba.

Caatinga

A Caatinga ocupa grande parte da região nordeste do país e abrange os estados: Ceará, Bahia, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Alagoas e Sergipe. Além disso há presença desse tipo de bioma em pequenas partes dos estados do Maranhão e de Minas Gerais. Típico do clima semi-árido localizado no sertão nordestino, a caatinga apresenta uma vegetação arbustiva de médio porte, com galhos retorcidos e presença de cactus.
Caatinga é uma vegetação típica de clima semiárido. É encontrada em áreas do Nordeste do Brasil, nos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. É encontrada também em área do norte do Sudeste do Brasil, no estado de Minas Gerais.
O nome caatinga significa, em tupi-guarani, "mata branca", cor predominante da vegetação durante a estação de seca, onde quase todas as plantas perdem as folhas para diminuir a transpiração e evitar a perda de água armazenada. No verão, devido a ocorrência de chuva, as folhas verdes e as flores voltam a brotar.
Da área total original da caatinga, de 1,1 milhão de km², cerca de 800 mil km² sofreram severa ação antrópica. Como resultado, percebem-se áreas em processo de desertificação e salinização do solo. Calcula-se que 40 mil km² da caatinga já foram transformados em quase deserto, o que é explicado pelo corte da vegetação para servir como lenha e pelo manejo inadequado do solo.

Vegetação

A vegetação da caatinga constitui um tipo de vegetação adaptada a aridez do solo e a escassez de água da região. Dependendo das condições naturais das áreas em que se encontram, apresentam diferentes características. Quando as condições de umidade do solo são mais favoráveis, a caatinga se assemelha à mata, onde são encontradas árvores como o juazeiro, também conhecido por joá, ou laranjeira do vaqueiro, a aroeira e a barauna.
Nas áreas mais secas, de solo raso e pedregoso, a caatinga se reduz a arbustos e plantas tortuosas, mais baixas, deixando o solo parcialmente descoberto. Nas regiões mais secas aparecem também plantas cactáceas, como o facheiro, o mandacaru, o xique-xique, que servem de alimento para os animais, na época de seca, e as bromeliáceas (macambira).
Algumas palmeiras e o juazeiro, que possuem raízes bem profundas para absorver água do solo, não perdem as folhas. Outras plantas possuem um mecanismo fisiológico, o xeromorfismo, produção de uma cera que reveste suas folhas que faz que percam menos água na transpiração, um exemplo é a carnaubeira denominada "árvore da vida" ou árvore da providência, pois tudo dela de aproveita. A maioria das espécies tem espinhos, o que leva o vaqueiro da região usar roupa de couro, para sua proteção.

Fauna

O caatinga abriga um grande número de espécies da fauna brasileira, como, mamíferos, répteis, aves, anfíbios, entre eles, a cutia, o gambá, o preá, o veado-catingueiro, o tatu-peba, gatos selvagens, a asa branca, e uma variedade de insetos, que exercem grande importância para o bioma. A caatinga é o ecossistema mais degradado do planeta, a caça, a retirada da mata e a seca ameaçam os animais da região. Espécies que habitam o caatinga estão ameaçadas de extinção, entre elas a ararinha-azul, o tamanduá-bandeira, o tatu-canastra, o cachorro do mato, a águia-cinzenta, o lobo-guará, entre outras.

Mata Atlântica

A Mata Atlântica ocupa a faixa litorânea de norte à sul do país, a qual engloba a totalidade de três estados brasileiros: Espírito Santo, Rio de Janeiro e Santa Catarina; grande parte do Paraná e pequenas porções de onze estados. O clima predominante é Tropical-úmido com altas temperaturas e índice pluviométrico. A Vegetação nesse bioma é marcada pela presença de árvores de grande e médio-porte formando uma floresta densa e fechada.
A Mata Atlântica é um bioma composto por um conjunto de florestas e ecossistemas que corresponde a 15% do território brasileiro. Desde 1500, essa área vem sofrendo com o desmatamento, as queimadas e a degradação do ambiente, e por isso, atualmente, a vegetação corresponde a 7% da mata original, com árvores de médio e grande porte, constituindo uma floresta densa e fechada.
Considerada um dos mais ricos biomas do planeta, a Mata Atlântica, é a segunda maior floresta em extensão do Brasil constituída de planaltos e serras. Sua área abrange a costa leste, sudeste e sul do Brasil e, além disso, uma parte do Paraguai e da Argentina. Dentre os estados brasileiros a Mata Atlântica está presente em 15 estados, são eles: Alagoas, Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Sergipe Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Santa Catarina.
As florestas que compõe a Mata Atlântica, segundo o CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) são:
  • Floresta Ombrófila Densa
  • Floresta Ombrófila Aberta
  • Floresta Ombrófila Mista
  • Floresta Estacional Decidual
  • Floresta Estacional Semidecidual
  • Mangues
  • Restingas
  • Campos de altitude

Clima

O clima da Mata Atlântica é predominantemente tropical úmido, influenciado pelas massas de ar úmidas vindas do Oceano Atlântico. Embora apresente outrosmicroclimas ao longo da mata, uma vez que as grandes árvores que compõe a vegetação geram sobra e umidade. Além do clima tropical litorâneo úmido, presente naregião nordestina, a Mata atlântica engloba também os climas: tropical de altitude, naregião do sudeste e o subtropical úmido na região Sul. Suas temperaturas médias e umidade do ar são elevadas durante o ano todo e as chuvas são regulares e bem distribuídas.

Fauna e Flora

A Biodiversidade é uma característica importante da Mata Atlântica uma vez que apresenta grande diversidade de espécies, de florestas, de ecossistemas. Em relação à flora encontram-se bromélias, begônias, orquídeas, ipê, palmeiras, quaresmeira, pau-brasil, cipós, briófitas, jacarandá, peroba, jambo, jequitibá-rosa, imbaúba, cedro, tapiriria, andira, ananás, figueiras. Importante ressaltar que segundo as pesquisas atuais, 200 espécies vegetais brasileiras estão ameaçadas de extinção sendo 117 pertencentes a esse bioma.
Da mesma maneira, a fauna é muito rica constituída de diversas espécies de mamíferos, anfíbios, aves, insetos, peixes e répteis, sendo que muito deles correm o risco de extinção: mico-leão-dourado, bugio, tamanduá bandeira, veado, gambá, cutia, tatu-canastra, mono-carvoeiro, arara-azul-pequena, lontra, quati, anta, onça pintada, jaguatirica, capivara, etc.

Pantanal

O Bioma Pantanal, considerado o de menor extensão territorial do país, abrange dois estados brasileiros, a saber: Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O clima predominante é Tropical continental com altas temperaturas e chuvas, de verão chuvoso e inverno seco. A vegetação do pantanal é marcada pelas gramíneas, árvores de médio porte, plantas rasteiras e arbustos. O nome desse bioma remete às regiões alagadiças presentes, ou seja, os pântanos.
Pantanal ou Complexo do Pantanal é o menor bioma brasileiro e a maior planície de inundação do mundo com 250 mil km² de extensão. Dividido em duas regiões chamadas de "Pantanal Norte" ou "Pantanal Amazônico" e "Pantanal Sul" ou "Pantanal Maior"; esse bioma está localizado na Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai e abrange os estados brasileiros do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul; e ainda, uma pequena parte dos países Bolívia e Paraguai, o qual é denominado deChaco.
Considerado pela UNESCO "Patrimônio Natural Mundial" e "Reserva da Biosfera" essa região possui grande biodiversidade contudo, muitos animais estão ameaçados deextinção, por exemplo: onça-pintada, onça-parda, cervo-do-pantanal, arara azul, dentre outros.
O clima do Pantanal é predominantemente Tropical Continental marcado pelas altas temperaturas e grande índice pluviométrico, um verão quente e chuvoso e um inverno frio e seco. Dessa maneira, na época das chuvas, ou seja, no verão, o Pantanal fica praticamente intransitável por terra; enquanto no período da seca, no inverno, os rios secam e sobra o barro, daí seu nome "Pantanal". Assim, o solo que se forma é utilizado como áreas de pastagens para o gado. A vegetação pantaneira, dependendo da altitude, envolve as gramíneas, árvores de médio porte, plantas rasteiras e arbustos.
As principais cidades Brasileiras do Pantanal são Corumbá, Aquidauana, Miranda e os principais rios da região pantaneira, todos pertencentes à Bacia do Rio Paraguai, são: Aquidauana, Apa, Miranda, Cuiabá, Piquiri, São Lourenço, Taquari.

Animais do Pantanal

Provavelmente a fauna mais rica do planeta, o Pantanal é composto por diversas espécies de peixes, mamíferos, répteis, aves. Segundo pesquisas, o bioma possui aproximadamente 1.000 espécies de borboletas, 650 de aves, 120 de mamíferos, 260 de peixes e o 90 de répteis. Na fauna do ecossistema pantaneiro destacam-se:
Aves: tuiuiús (a ave símbolo do Pantanal), arara-azul, tucanos, periquitos, garças-brancas, jaburus, beija-flores, jaçanãs, emas, seriemas, papagaios, colhereiros, gaviões, carcarás, curicacas.
Répteis: jacarés (jacaré-do-pantanal e jacaré-de-coroa), lagartos (camaleão, calango-verde), cobras (sucuri, jiboia, cobras-d’água) e quelônios (jabuti e cágado).
Mamíferos: capivaras, ariranhas, porco do mato, tamanduá, cachorro-do-mato, anta, preguiça,onça-pintada, veado-campeiro, veado catingueiro, lobo-guará, macaco-prego, cervo do pantanal, bugio, quati, tatu.
Peixes: piranha, pacu, pintado, cachara, curimbatá, dourado, jaú e piau.

Pampa

O Pampa é o único bioma presente somente numa unidade federativa, ou seja, ocupa mais da metade do território do Rio Grande do Sul. O clima é subtropical com as quatro estações do ano bem definidas e sua vegetação é marcada pela presença de gramíneas, arbustos e árvores de pequeno porte. Além disso, esse bioma é constituído de grandes áreas de pastagens que se desenvolvem grandes rebanhos.
O Pampa, também denominado Pampas, Campanha Gaúcha, Campos Sulinos ou Campos do Sul é o único bioma brasileiro presente somente numa unidade federativa, ou seja, ocupa mais da metade do território do Rio Grande do Sul e parte dos países:Uruguai e Argentina.

Características dos Pampas

O clima do Pampa é subtropical com as quatro estações do ano bem definidas e sua vegetação é marcada pela presença de gramíneas, plantas rasteiras, arbustos e árvores de pequeno porte.

Vegetação do Pampa

Segundo o Ministério do Meio Ambiente, a vegetação do Bioma Pampa pode ser dividida em:
  • Estepe
  • Savana Estépica
  • Floresta Estacional Semidecídua
  • Floresta Estacional Decidual
  • Formações Pioneiras
  • Floresta Estacional

Relevo do Pampa

Além disso, o Bioma Pampa é formado por quatro conjuntos que caracterizam seurelevo:
  • Planalto da Campanha
  • Depressão Central
  • Planalto Sul-Rio-Grandense
  • Planície Costeira.
Em sua maior parte, destaca-se o relevo de planícies, constituído de grandes áreas de pastagens que se desenvolvem grandes rebanhos. Assim, a principal atividade econômica do local é a pecuária extensiva com destaque para a criação de bois e ovelhas. Já as principais produções agrícolas da região são: soja , arroz, milho, trigo e uva.

Fauna e Flora do Pampa

A fauna do bioma Pampa é muito rica e diversa, caracterizada por uma grande variedade de aves, mamíferos, artrópodes, répteis e anfíbios, dentre eles: onça-pintada, jaguatirica, mono-carvoeiro, macaco-prego, guariba, mico-leão-dourado, sagui, preguiça-de-coleira, caxinguelê, tamanduá, jacu, macuco, jacutinga, ema, perdigão, perdiz, quero-quero, tiê-sangue, araponga, sanhaço, caminheiro-de-espora, joão-de-barro, sabiá-do-campo, pica-pau do campo, beija-flor-de-barba-azul, veado-campeiro, graxaim, zorrilho, furão, tatu-mulita, preá, tuco-tucos, sapinho-de-barriga-vermelha, tucanos, saíras, gaturamos, cervo-do-pantanal, caboclinho-de-barriga-verde, picapauzinho-chorão.
Ademais, pesquisas indicam que a flora do Pampa apresenta aproximadamente 3000 espécies de plantas, algumas delas: louro-pardo, cedro, cabreúva, canjerana, guajuvira, guatambu, grápia, campim-forquilha, grama-tapete, flechilhas, canafístula, brabas-de-bode, pau-de-leite, unha-de-gato, bracatinga, cabelos de-porco, angico-vermelho, caroba, babosa-do-campo, amendoim-nativo, trevo-nativo, cactáceas, timbaúva, araucárias, algarrobo, nhandavaí, palmeira anã.

Desmatamento do Pampa

As atividades econômicas desenvolvidas na região do Pampa, ou seja, a agricultura e pecuária, marcadas pela expansão das pastagens e dos campos de cultivo, são os principais responsáveis pelo desmatamento e degradação desse bioma. O resultado é o desaparecimento de espécies nativas, aumento do processo de arenização do solo, bem como a invasão de espécies que levam ao desiquilíbrio do ecossistema.

Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, o IBAMA (2010), no ano de 2002 restavam 41,32% e em 2008 restavam apenas 36,03% da vegetação nativa do bioma Pampa. Além disso, muitos animais estão em risco de extinção como por exemplo: veado campeiro, cervo-do-pantanal, caboclinho-de-barriga-verde, picapauzinho-chorão, a onça-pintada, a jaguatirica, o mono-carvoeiro, macaco-prego, guariba, mico-leão-dourado, saguis, preguiça-de-coleira, caxinguelê, tamanduá, gato dos pampas.

Fonte : http://www.todamateria.com.br/biomas-brasileiros/
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