Escassez de
água pode gerar conflitos no futuro
Dizem especialistas , que o Aumento dos usos
diferentes da água deve causar conflitos dentro de países em todo o mundo .A
escassez de água no futuro poderá aumentar os riscos de conflitos no mundo,
afirmam especialistas que participam do Fórum Mundial da Água, em Marselha, na
França.
Apesar da quantidade de água disponível ser constante,
a demanda crescente em razão do aumento da população e da produção agrícola
cria um cenário de incertezas e conflito, segundo os especialistas ouvidos pela
BBC Brasil. A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico)
diz que a demanda mundial de água aumentará 55% até 2050.
A previsão é que nesse ano, 2,3 bilhões de pessoas
suplementares – mais de 40% da população mundial – não terão acesso à água se
medidas não forem tomadas. "O aumento da demanda torna a situação mais
complicada. As dificuldades hoje são mais visíveis e há mais conflitos
regionais", afirma Gérard Payen, consultor do secretário-geral da ONU e
presidente da Aquafed, federação internacional dos operadores privados de água.
Ele diz que os conflitos normalmente ocorrem dentro de
um mesmo país, já que a população tem necessidades diferentes em relação à
utilização da água (para a agricultura ou o consumo, por exemplo) e isso gera
disputas.Problemas também são recorrentes entre países com rios
transfronteiriços, que compartilham recursos hídricos, como ocorre entre o
Egito e o Sudão ou ainda entre a Turquia e a Síria e o Iraque.
A Guerra da Água - Documentário
Brasil x
Bolívia
O Brasil também está em conflito atualmente com a
Bolívia em razão do projeto de construção de usinas hidrelétricas no rio
Madeira, contestado pelo governo boliviano, que alega impactos ambientais.
Tanto no caso de disputas locais, que ocorrem em um
mesmo país, ou internacionais, a única forma de solucionar os problemas "é
a vontade política", segundo o consultor da ONU.O presidente da Agência Nacional
de Águas (ANA) Vicente Andreu, que também participa do fórum em Marselha,
acredita que hoje existe maior preocupação por parte dos governos em buscar
soluções para as disputas.
"O problema dos rios transfronteiriços é
discutido regularmente nos fóruns internacionais. Aposto na capacidade dos
governos de antecipar os potenciais conflitos."Durante o fórum, que
termina neste sábado, o Brasil defendeu uma governança global para a água e a
criação de um conselho de desenvolvimento sustentável onde a água seria um dos
temas tratados de maneira específica.
"A água está sempre vinculada a algum outro
setor, como meteorologia, agricultura ou energia. Achamos que ela tem de ter
uma casa própria para discutir suas questões", diz Andreu.
Direito
universal
ONU diz que 800 milhões de pessoas não tem acesso a
água potável - Na declaração ministerial realizada no fórum em Marselha,
aprovada por unanimidade, os ministros e chefes de delegações de 130 países se
comprometeram a acelerar a aplicação do direito universal à água potável e ao
saneamento básico, reconhecido pela ONU em 2010.
No fórum internacional da água realizado na Turquia em
2009, esse direito universal ainda era contestado por alguns países.Os números
divulgados por ocasião do fórum mundial em Marselha são alarmantes. Segundo
estudos de diferentes organizações, 800 milhões de pessoas no mundo não têm
acesso à água potável e 2,5 bilhões não têm saneamento básico.Houve, no entanto
alguns progressos: o objetivo de que 88% da população mundial tenha acesso à
água potável em 2015, segundo a chamada meta do milênio, já foi alcançado e
mesmo superado em 2010, atingindo 89% dos habitantes do planeta.
Mas Gérard Payen alerta que o avanço nos números
globais ocultam uma situação ainda preocupante."Entre 3 bilhões e 4
bilhões de pessoas não têm acesso à água de maneira perene e elas utilizam
todos os dias uma água de qualidade duvidosa. É mais da metade da população
mundial", afirma.
Ele diz que pelo menos 1 bilhão de pessoas que têm
acesso à água encanada só dispõem do serviço algumas horas por dia e que a água
não é potável devido ao mau estado das redes de distribuição.
Segundo Payen, 11% da população mundial ainda
compartilha água com animais em leitos de rios. De acordo com a OMS, sete
pessoas morrem por minuto no mundo por ingerir água insalubre e mais de 1
bilhão de pessoas ainda defecam ao ar livre.
Daniela Fernandes
De Paris para a BBC Brasil
Org. Rég!s
Fonte : https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2012/03/120316_agua_escassez_df
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