quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Oque é Sociologia 1º ANO - Ensino Médio


A Sociologia é uma das Ciências Humanas que tem como objeto de estudo a sociedade, a sua organização social e os processos que interligam os indivíduos em grupos, instituições e associações. Enquanto a Psicologia estuda o indivíduo na sua singularidade, a Sociologia estuda os fenômenos sociais, compreendendo as diferentes formas de constituição das sociedades e suas culturas.

O termo Sociologia foi criado em 1838 (séc. XIX ) por Auguste Comte, que pretendia unificar todos os estudos relativos ao homem — como a História, a Psicologia e a Economia. Mas foi com Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber que a Sociologia tomou corpo e seus fundamentos como ciência foram institucionalizados.




A Sociologia surgiu como disciplina no século XVIII, como resposta acadêmica para um desafio que estava surgindo: o início da sociedade moderna. Com a Revolução Industrial e posteriormente com a Revolução Francesa (1789), iniciou-se uma nova era no mundo, com as quedas das monarquias e a constituição dos Estados nacionais no Ocidente. A Sociologia surge então para compreender as novas formas das sociedades, suas estruturas e organizações.

A Sociologia tem a função de, ao mesmo tempo, observar os fenômenos que se repetem nas relações sociais – e assim formular explicações gerais ou teóricas sobre o fato social –, como também se preocupa com aqueles eventos únicos, como por exemplo, o surgimento do capitalismo ou do Estado Moderno, explicando seus significados e importância que esses eventos têm na vida dos cidadãos.

Como toda forma de conhecimento intitulada ciência, a Sociologia pretende explicar a totalidade do seu universo de pesquisa. O conhecimento sociológico, por meio dos seus conceitos, teorias e métodos, constituem um instrumento de compreensão da realidade social e de suas múltiplas redes ou relações sociais.

Os sociólogos estudam e pesquisam as estruturas da sociedade, como grupos étnicos (indígenas, aborígenes, ribeirinhos etc.), classes sociais (de trabalhadores, esportistas, empresários, políticos etc.), gênero (homem, mulher, criança), violência (crimes violentos ou não, trânsito, corrupção etc.), além de instituições como família, Estado, escola, religião etc.

Além de suas aplicações no planejamento social, na condução de programas de intervenção social e no planejamento de programas sociais e governamentais, o conhecimento sociológico é também um meio possível de aperfeiçoamento do conhecimento social, na medida em que auxilia os interessados a compreender mais claramente o comportamento dos grupos sociais, assim como a sociedade com um todo. Sendo uma disciplina humanística, a Sociologia é uma forma significativa de consciência social e de formação de espírito crítico.

A Sociologia nasce da própria sociedade, e por isso mesmo essa disciplina pode refletir interesses de alguma categoria social ou ser usado como função ideológica, contrariando o ideal de objetividade e neutralidade da ciência. Nesse sentido, se expõe o paradoxo das Ciências Sociais, que ao contrário das ciências da natureza (como a biologia, física, química etc.), as ciências da sociedade estão dentro do seu próprio objeto de estudo, pois todo conhecimento é um produto social. Se isso a priori é uma desvantagem para a Sociologia, num segundo momento percebemos que a Sociologia é a única ciência que pode ter a si mesma como objeto de indagação crítica.

ESTRANHAMENTO E DESNATURALIZAÇÃO

Um dos papéis centrais que o pensamento sociológico realiza é a desnaturalização das concepções ou explicações dos fenômenos sociais. Há uma tendência sempre recorrente a se explicarem as relações sociais, as instituições, os modos de vida, as ações humanas, coletivas ou individuais, a estrutura social, a organização política, etc. com argumentos naturalizadores.




Primeiro, perde-se de vista a historicidade desses fenômenos, isto é, que nem sempre foram assim; segundo, que certas mudanças ou continuidades históricas decorrem de decisões, e essas, de interesses, ou seja, de razões objetivas e humanas, não sendo fruto de tendências naturais.Outro papel que a Sociologia realiza, mas não exclusivamente ela, e que está ligado aos objetivos da Filosofia e das Ciências, humanas ou naturais, é o estranhamento. No caso da Sociologia, está em causa observar que os fenômenos sociais que rodeiam a todos e dos quais se participa não são de imediato conhecidos, pois aparecem como ordinários, triviais, corriqueiros, normais, sem necessidade de explicação, aos quais se está acostumado, e que na verdade nem são vistos.Assim como a chuva é um fenômeno que tem uma explicação científica, ou uma doença também tem explicações, mesmo que não se tenha chegado a terapias totalmente exitosas para sua cura; ou do mesmo modo que as guerras, as mudanças de governo podem ser estudadas pela História ou os cataclismos naturais, pela Geografia; os fenômenos sociais merecem ser compreendidos ou explicados pela Sociologia. Mas só é possível tomar certos fenômenos como objeto da Sociologia na medida em que sejam submetidos a umprocesso de estranhamento, que sejam colocados em questão, problematizados.


Muitas vezes as explicações mais imediatas de alguns fenômenos acabam produzindo um rebaixamento nas explicações científicas, em especial quando essas se popularizam ou são submetidas a processos de divulgação midiáticos, os quais nem sempre conservam o rigor original exigido no campo científico. Do mesmo modo que explicações econômicas se popularizaram, sendo repetidas nas esquinas, nas mesas de bares, etc. e assim satisfazendo as preocupações imediatas dos indivíduos, alguns outros fenômenos recebem explicações que não demandam elaborações mais profundas e permanecem no senso comum para as pessoas.

Dessa maneira, as concepções de estranhamento e desnaturalização tem como objetivo fornecer uma orientação, uma maneira de perceber a realidade social a partir de uma perspectiva científica que permita ao jovem aluno ver e se ver em uma determinada situação e a captar os fatos a partir de sua experiência pessoal, percebendo, porém, que esta é, ao mesmo tempo coletiva.

SENSO CRÍTICO ( CONHECIMENTO CIENTIFICO ) E SENSO COMUM




O senso comum é o modo de pensar imediatista, superficial, acrítico e que permite a intromissão dos preconceitos e dos valores do observador. O senso crítico ou conhecimento cientifico , é objetivo, profundo, baseado em estudos científicos, no olhar de estranhamento e de desnaturalização do observador. Assim, ter senso crítico significa saber questionar, buscar a verdade por trás das observações cotidianas.




Sociologia como manifestação do pensamento moderno: A evolução do pensamento social.Cada época tem um tipo ou modo de pensamento que responde ao meio e aos problemas específicos dessa época.


Efeito de naturalização: fazer parecerem naturais certas construções sociais; por exemplo: a dominação masculina fundamentada em uma possível superioridade biológica.
A História é um desenvolvimento e um crescimento que se faz segundo leis próprias. Cada época histórica é diferente da outra. Cada uma tem suas características e um espírito próprio. Espírito entendido como uma subjetividade coletiva.
O homem de hoje, como o de ontem, necessita sempre de um sistema de idéias e de teses que explique o mundo, ou melhor, que lhe dê uma visão globalizadora do universo, de si mesmo, de todas as coisas. Alguns desses tipos de pensamento são: o pensamento mítico; o pensamento filosófico; o pensamento científico etc.

O pensamento mítico

A razão do homem sempre busca uma ordenação mental da realidade em que vive. O mito foi a
primeira explicação da realidade. Nele, tudo se passa num mesmo nível: forças da Natureza, forças divinas, homens e animais – a consciência praticamente se confunde com as coisas, ou seja, não se destaca do mundo exterior. O pensar mítico fornece uma ordenação mental do mundo capaz de satisfazer às exigências racionais da mente primitiva, apesar de não estar restrita a ela.




O pensamento mítico ou, como denomina o antropólogo Claude Lévi-Strauss, o “pensamento
selvagem”, é uma forma de explicar e compreender a realidade natural e social (o mundo da Natureza e da Cultura). Esse pensamento caracteriza-se como um processo de ordenação de elementos concretos: coisas, seres vivos, pessoas, para significar a realidade que pretendiam explicar. Por isso a Antropologia chama o conjunto e o saber adquirido pelo pensar mítico de Ciência do concreto. Assim, pode-se dizer que o mito ordena e explica uma realidade concreta por meio de elementos sensíveis (que se pode sentir) do meio.

Mito é um sistema (conjunto fechado) de conhecimento capaz de ordenar e dar significação a
realidades do meio, importantes e prioritárias para o homem.
O mito não é um conhecimento que busca a verdade objetiva das coisas, ele serve apenas para explicar um fato, sem necessidade de comprovação e sem possibilidade de se extrair dele alguma conclusão. Quando a mente começou a procurar a verdade das coisas, a relação causa e efeito, as leis gerais que explicam os fatos particulares, surge um novo tipo de conhecimento denominado pela Antropologia de Ciência do Abstrato – ou Filosofia.

O pensamento mítico, característico da fase pré e pós-neolítica, prevaleceu até o aparecimento da Filosofia, no século VII a.C.

O pensamento científico

“Por que as Ciências, filhas da Filosofia, depois de repartirem entre si a herança filosófica, lhe voltam as costas, como as filhas do rei Lear, depois de dividido o seu reino?” (Will Durant)

As Ciências surgiram a partir da Filosofia. A primeira foi a Matemática que, inicialmente, com os jônios e Pitágoras, ainda estava ligada à Filosofia. No ano 300 a.C, com Euclides, a Matemática já se achava separada, possibilitando, em certo sentido, o aparecimento de especialistas nesta ciência.




Todas as outras Ciências só muito mais tarde tornaram-se autônomas: a física na primeira metade do século XVII com Galileu, a Química com as pesquisas de Lavoisier e outros no século XVIII; a Biologia com os estudos de Lamarck e Claude Bernard no século XIX.
Somente nos fins do século XIX e começo do século XX, presenciamos o aparecimento e o progresso das Ciências Sociais e da Psicologia.

Tudo isso veio destruir a noção de saber total para a Filosofia. Este saber total foi repartido entre as diversas Ciências.

Pensamento sociológico

O surgimento do pensamento sociológico clássico ocorreu entre os séculos XVIII e XIX, no apogeu do pensamento iluminista, e sob os ideais da Revolução Industrial e da Revolução Francesa, ideais que servirão de base para a instalação definitiva da sociedade capitalista. Todas as modificações históricas que ocorreram naquele momento na sociedade surgiram das udanças que vinham acontecendo nas formas de pensamento. As transformações econômicas em curso provocaram alterações na forma de conhecer a natureza e a cultura.

Revolução Século / Ano Esfera de atuação e impacto

Iluminismo A partir de 1590, séc. XVII – XVIII Ideológica

Industrial Segunda metade do séc. XVIII (+/- 1750 ) Econômica

Francesa Segunda metade do séc. XVIII (1789 ) Política

Nesse sentido, a Sociologia pode ser considerada como um fenômeno estrito e uma ciência, característica da sociedade moderna.Os pensadores sociais clássicos .A Sociologia foi o resultado da união de inúmeros pensadores, nas diversas partes do mundo, porém, quatro deles destacam-se como responsáveis por estruturar os fundamentos da Sociologia possibilitando criar três linhas mestras explicativas:

1) a Positivista-Funcionalista, tendo como fundador Auguste Comte e seu principal expoente clássico Émile Durkheim ( França, 1858 – 1917 ), de fundamentação analítica;

2) a Sociologia Compreensiva iniciada por Max Weber ( Alemanha, 1864 – 1920 ), de matriz teórico-metodológica hermenêutico-compreensiva.

3) a Sociologia Dialética, iniciada por Karl Marx ( Inglaterra, 1818 – 1883 ) que mesmo sendo mais uma mistura de economista com historiador, do que propriamente um sociólogo, deu início a uma das mais importantes linhas de explicação sociológica.
Isso não que dizer que existem três sociologias, mas que o objeto desta ciência tem sido conceituado com ênfase em diferentes aspectos da vida social:

PRINCÍPIOS TEÓRICOS DOS AUTORES CLÁSSICOS

ÉMILE DURKHEIM 

Fato Social, Consciência
coletiva, Anomia.
Para Durkheim, a organização social é possível
graças ao consenso ou consciência coletiva, e a
sociologia deve estudar o que ele concebe como 5
“fatos sociais”;


MAX WEBER
Ação Social
Weber enfatiza os aspectos intersubjetivos e
simbólicos das relações sociais e delimita o campo de
estudo da Sociologia dentro da sua noção de “ação
social”;


KARL MARX 
Modo de produção, maisvalia, acumulação primitiva,
alienação, materialismo
histórico, ideologia, luta de
classes, materialismo
dialético
Marx concebe a organização social como resultante
das relações de produção e toma as “relações de
classe” como fundamentais ao estudo científico da
sociedade


AVALIE-SE
1) O que significa dizer que o sociólogo, ao analisar a sociedade, deve ter um olhar de estranhamento e de desnaturalização?

2) Qual é a diferença entre senso crítico e senso comum?

3) Descreva cada tipo de pensamento ressaltando as características de cada um:
a) Pensamento mítico
b) Pensamento filosófico
c) Pensamento científico
d) Pensamento sociológico

Fonte :http://www.regisper.blogspot.com.br/2012/02/novo-telecurso-sociologia-aula-01-1-de.html

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