terça-feira, 30 de setembro de 2014


AVALIAÇÃO DE HISTORIA 7ºANO
1 - Em 1095, o papa Urbano II convocou expedições com o intuito de retomar a Terra Sagrada. Os cruzados (como ficaram conhecidos os expedidores) receberam esse nome por carregarem uma grande cruz, principal símbolo do cristianismo, estampada nas vestimentas. Em troca da participação ...
a ) ganhariam o reconhecimento do papa .
b ) ganhariam a salvação eterna .
c )  ganhariam o direito de comandar feudos .
d ) ganhariam o direito de saquear as posses dos infiéis
e ) ganhariam o perdão de seus pecados.

2 - A primeira (1096 – 1099) não tinha participação de nenhum rei. Formada por cavaleiros da nobreza, em julho de 1099, tomaram Jerusalém. A segunda (1147 – 1149) fracassou em razão das discordâncias entre seus líderes Luís VII, da França, e Conrado III, do Sacro Império. Em 1189, Jerusalém foi retomada pelo sultão muçulmano Saladino. A terceira cruzada (1189 – 1192), conhecida como ‘”Cruzada dos Reis”, contou com a participação do rei inglês Ricardo Coração de Leão, do rei francês Filipe Augusto e do rei Frederico Barbarruiva, do Sacro Império. Nessa cruzada foi firmado um acordo de paz entre Ricardo e Saladino, autorizando os cristãos a fazerem peregrinações a Jerusalém. A quarta cruzada (1202 – 1204) foi financiada pelos venezianos, interessados nas relações comerciais. A quinta (1217 – 1221), liderada por João de Brienne, fracassou ao ficar isolada pelas enchentes do Rio Nilo, no Egito. A sexta (1228 – 1229) ficou marcada por ter retomado Jerusalém, Belém e Nazaré, cidades invadidas pelos turcos. A sétima (1248 – 1250) foi comandada pelo rei francês Luís IX e pretendia, novamente, tomar Jerusalém, mais uma vez retomada pelos turcos. A oitava (1270) e última cruzada foi um fracasso total. Os cristãos não criaram raízes entre a população local e sucumbiram. Neste sentido podemos afirmar que :
a ) As Cruzadas não conseguiram seus principais objetivos, mas tiveram outras consequências como o enfraquecimento da aristocracia feudal, o fortalecimento do poder real, a expansão do mercado e o enriquecimento do Oriente.
b) As Cruzadas conseguiram seus principais objetivos, mas tiveram outras conquistas como o enriquecimento da aristocracia feudal, o enfraquecimento do poder real, a retração do mercado e o além do empobrecimento do Oriente.
c ) As Cruzadas não conseguiram seus principais objetivos, mas tiveram outras conquistas como o enriquecimento da aristocracia feudal, o enfraquecimento do poder real, a retração do mercado e o além do empobrecimento do Oriente.
d ) As Cruzadas não conseguiram seus principais objetivos, mas tiveram outras conquistas como o enriquecimento da aristocracia feudal, o fortalecimento do poder real, a expansão do mercado e o além do empobrecimento do Oriente.
e ) As Cruzadas não conseguiram seus principais objetivos, mas tiveram outras consequências como o fortalecimento da aristocracia feudal, o enfraquecimento do poder real, a diminuição do mercado e o empobrecimento do Oriente.

3- Segundo o bispo de Laon , Aldeberão  , do século X , a casa de Deus era formada por três  grupos : os que oravam , os que guerreavam e os que  trabalhavam . A sociedade a que ele faz referencia denomina-se :

a ) Feudal
b ) estamental
c ) cristã
d ) medieval
e ) religiosa

4 – A relação que mantinha os trabalhadores presos à terra e subordinados a uma serie de obrigações em serviços e impostos estava baseado na ( no ) :

a ) Servidão
b ) Colonato
c ) feudalismo
d ) campesinato
e ) escravidão

5 - Havia vários ritos entre os nobres para celebrar esse pacto de __________. No momento da assinatura do termo de doação de terras ou concessão de favores do _____________ (senhor mais rico) ao ___________ (senhor mais pobre) um beijo entre os dois poderia selar o acordo, além de o __________ ajoelhar-se perante o ____________. Podia-se receber também a investidura, que era um ramo de folhas ou outro objeto entregue pelo ____________ ao ___________. As investiduras funcionavam como símbolo das terras que a eles estavam sendo concedidas. As lacunas  podem ser  preenchidas corretamente  com a alternativa :

a ) fidelidade , suserano , vassalo , vassalo , suserano , suserano , vassalo .
b ) fidelidade , vassalo , vassalo , vassalo , suserano , suserano , suserano
c ) lealdade , vassalo , vassalo , suserano , suserano , vassalo , suserano
d ) fidelidade , vassalo , vassalo , vassalo , suserano , suserano , suserano
e ) lealdade , suserano , vassalo , vassalo , suserano , suserano , vassalo .

6 -  Ao convertermos os séculos (  V ;  XV e  XVII )   teremos que o  inicio e o termino destes são :

a ) 401 – 499 , 1501 – 1600 e  1601 – 1799
b ) 401 – 501 , 1501 – 1601 e  1601 – 1701
c ) 400 – 500 , 1499 -  1500 e  1601 – 1700
d ) 401 – 500 , 1401 – 1500 e  1601 -  1700
e ) 499 – 500 , 1499 – 1500 e  1699 -  1700

7 - Assinale  com  (  V  ) para verdadeiro e ( F ) para falso ; as características do sistema feudal , que começou a se estruturar na Europa ao final do Império Romano do Ocidente (século V), atingiu seu apogeu no século X e praticamente desapareceu ao final do século XV:

(    ) Regime de trabalho servil
(    ) Fragmentação política
(    ) Economia agrária
(    ) Estado centralizado.
(    )Ausência de mobilidade social
(    ) Intensa mobilidade social
(    ) economia urbana
(    ) Ausência de moedas
(    ) Principal setor de produção : agricultura
(    ) Intenso comércio

a)      V ,V ,V,F ,V , F ,F ,V ,V e F
b)      V ,F ,V,F , F , F ,F ,V ,V e F
c)      F ,V ,F, F ,V , F ,F ,V ,V e F
d)      V ,V ,V,F ,V , F ,F ,V ,V e V
e)      V ,V ,F,F ,V , F ,F ,V ,V e F
8 - Arte de ilustração dos livros antigos, manuscritos, preparada a mão, em geral destinada a ornamentar as primeiras letras de uma página, que ocupavam boa parte do espaço destinado ao texto. Os motivos das pinturas eram folhas, cipós, ramos, florais. Por vezes, a pintura margeava toda a página. In:  www.dicionarioinformal.com.br/iluminura  / Os monges da Abadia sabiam lidar bem com as iluminuras, dedicavam boa parte do dia nessa tarefa, que entre eles era um sinal de status.  .  Qual dessas imagens  é uma iluminura ?

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

TRABALHO PARA REPOSICAO DE CONTEUDO E AUSENCIAS - SEGUNDOS ANOS- SOCIOLOGIA

               
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  1. O que dizer então do trabalho?
  2. Qual a causa da centralidade do trabalho na vida do homem?
  3. O que ainda faz o trabalho causar tanto sofrimento? 

                 Passeio pelo mundo do trabalho

          Este artigo que apresenta um vôo panorâmico pelo mundo do trabalho, discorre sobre a importância do trabalho para a vida do homem, o reconhecimento deste, como elemento estruturante do ser humano, as formas e modos de trabalho que levam esta atividade a continuar sendo causa de inúmeros problemas para o homem. O que dizer então do trabalho? Que é trabalho? Qual a causa da centralidade do trabalho na vida do homem?O que ainda faz o trabalho causar tanto sofrimento? A etimologia da palavra trabalho deriva do vocábulo latino tripaliare e do substantivo tripalium e representa um instrumento de tortura formado por três paus, ao qual eram atados os condenados e que também servia para manter presos os animais difíceis de ferrar (ARANHA; MARTINS, 1994). As referências a este instrumento (tridente) são também encontradas nas representações das figuras do demônio, ou seja, a concepção de trabalho vem de há muito vinculada a uma visão negativa de tortura, castigo, punição e sofrimento. As autoras citadas acima, referindo-se a Bíblia lembram que, Adão e Eva vivem felizes até que o pecado provoca sua expulsão do Paraíso e a condenação “ao trabalho com o ‘suor do seu rosto’. A Eva coube também o ‘trabalho’ do parto” (ARANHA; MARTINS, 1994, p.9).
                 Na história da Antiguidade encontramos em quase todas as civilizações exemplos de como o trabalho era usado como forma de exploração. Desde a civilização da Mesopotâmia “em que ocorreu a passagem da sociedade comunitária (sem classes) para a sociedade dividida em ricos e pobres, exploradores e explorados” (COTRIM, 1995, p.29), dando início ao modo de produção asiático(1) que esta característica, condição de trabalho, marca a desigualdade e exploração entre os homens.


                Mas afinal o que é trabalho? A história, quando nos mostra as várias formas que o trabalho apresenta ao longo dos séculos, leva-nos a perceber que não há uma concepção historicamente homogênea de trabalho. Nosella (1995) em um ensaio sobre trabalho e educação, ao apresentar uma exposição da evolução e das características do trabalho humano desde a escravidão até o capitalismo ou “do tripalium da escravatura ao labor da burguesia; do labor da burguesia à poiésis socialista” (1995, p.27), diz que “a noção de trabalho não é uma vaga idéia que se aplica indistintamente a qualquer atividade que o homem faz para sobreviver” (NOSELLA, 1995, p.30).
Numa perspectiva histórico - filosófica, o trabalho começa quando o homem busca os meios de satisfazer suas necessidades: a produção da vida material. Para Engels (1982), o trabalho criou o próprio homem, sendo, portanto, o fundamento da vida humana. “O trabalho, primeiro, depois a palavra articulada, constituíram-se nos dois principais fatores que atuaram na transformação gradual do cérebro do macaco em cérebro humano” (ENGELS, 1982, p.14). Segundo Engels (1982) foi graças à cooperação da mão, dos órgãos da linguagem e do cérebro que os homens foram desenvolvendo-se e tornando-se capazes de realizar operações cada vez mais complexas; tendo-se o próprio trabalho então diversificado e aperfeiçoado a cada geração, estendendo-se a novas atividades. Aagricultura, primeiro, a fiação e a tecelagem, mais tarde, a manipulação de metais, a olaria e a navegação, em seguida, o comércio, os ofícios, as artes.
Vieram depois o direito e a política, e a religião apareceu como o reflexo fantástico das coisas na mente do homem. Com essas criações produzidas pelo cérebro e que começavam a dominar as socie- dades humanas, as produções mais simples, resultado das atividades manuais, foram deixadas em segundo plano (ENGELS, 1982, p.19).
                 Para Marx (1989), a categoria trabalho é a ati- vidade resultante do dispêndio de energia física e men- tal, direta ou indiretamente voltada à produção de bens e serviços, contribuindo para a reprodução da vida hu- mana, ou seja, contém esta acepção um duplo caráter: trabalho abstrato e trabalho concreto. O trabalho abs- trato pode ser entendido como esforço físico ou mecâ- nico, sua valorização corresponde à utilização da ação realizada no aproveitamento da força posta em movi- mento para satisfazer necessidade. É nessa condição de trabalho humano abstrato que o trabalho cria o valor das mercadorias (MARX, 1989). O trabalho concreto corresponde à utilidade deste, à relação de intercâmbio entre os homens e a natureza, condição para a produ- ção de coisas socialmente úteis e necessárias, o ele- mento estruturante das relações sociais.
                A concepção de trabalho que hoje é mais co- nhecida corresponde a uma noção burguesa que deu ênfase aos aspectos utilitários do trabalho humano, enquanto atividade econômica, separada de outras “di- mensões da vida social e individual, como a religiosi- dade, a organização familiar, a política e a sexualida- de” (LIEDKE, 1997, p.272). Esta noção de trabalho ou trabalho livre / trabalho assalariado, associou-se “à sua forma institucional, o emprego. O trabalho, como em- prego, como função a ser desempenhada na ou para a produção....” (LIEDKE, 1997, p.273).

          Da escravidão ao vôo livre

                   Na Antiguidade grega, com o enfraquecimento das estruturas comunitárias, início do regime de propriedade privada, há a expansão, que dura um longo período na história da humanidade, do regime
escravista2, quando então “todo trabalho manual é desvalorizado por ser feito por escravos, enquanto a atividade teórica, considerada a mais digna do homem, representa a essência de todo ser racional” (ARANHA; MARTINS, 1994, p.10). Nesta situação, o fato de homens trabalharem sob ferrão é considerado algo natural, ou seja, “escravos e animais domésticos, dizia Aristóteles, atendem com o corpo às necessidades da vida” (ARENDT, 1981, p.90). Essa busca da satisfação das necessidades se reproduz historicamente em toda a ação humana para que o homem possa continuar sobrevivendo. Para Oliveira (1995) na medida em que a satisfação é atingida, “ampliam-se as necessidades a outros homens e criam-se as relações sociais que determinam a condição histórica do trabalho” (OLIVEIRA, 1995, p.6). O trabalho fica então subordinado a determinadas formas sociais historicamente limitadas e a correspondentes organizações técnicas, o que caracteriza o chamado modo de produção, ou seja, as condições gerais da produção (MARX, 1989).



                      Em um período, como a Idade Média, em que a terra produzia todas as mercadorias de que se preci- sava, era ela a fonte de fortuna do homem, seu proprie- tário era o dono de tudo, o senhor absoluto, o trabalha- dor era tão somente aquele que produzia para este, o outro, e “ (...) Se ele tiver ganso ou galinha gorda, / Bolo de farinha de trigo em seu armário, / Tudo isso terá de ser do seu senhor” (BOISSONNADE(3), 1927, citado por HUBERMAN, 1978, p. 15). O servo, como o escravo, era parte da terra, sem diferença entre este, os animais e a natureza. Ainda segundo este autor, os longos e exaustivos dias de trabalho, em época de co- lheita, eram “dias de dádiva”. E como é que o trabalho poderia ser entendido senão como castigo, uma punição?
                     Já na Idade Moderna, as inovações produzidas, principalmente as máquinas, acenam, com suas conquistas, para a promessa de libertação do homem do trabalho punitivo, do trabalho na terra, para os donos da terra, ou como nos diz Nosella (1995) “a partir dos séculos XV e XVI o trabalho exige do homem cadavez menos habilidade das mãos e cada vez mais a livre disponibilidade do corpo. (...) A máquina, obra da inteligência humana, poderia finalmente reduzir a jornada de trabalho para transformar o homem escravo em cidadão político, culto e artista” (NOSELLA, 1995, p.32). Promessas que parecem acenar com vôos, para bem longe dos dias de “dádivas” e com pousos em terra de homens livres das “graças”. Com estas conquistas e a expansão do mercado(4), mudanças ocorrem nas formas do trabalho ser organizado; a organização do sistema fabril vem substituir o sistema doméstico que por sua vez já ocupava o lugar do sistema de corporações e de oficinas5, surgindo uma organização em que o trabalho passa a ser dividido e cada trabalhador executa uma tarefa específica, não tendo mais a visão de conjunto do processo de fabricação, passando a ser simplesmente tarefeiro assalariado.
                   Neste sistema (fabril) os trabalhadores não só perderam a posse da matéria prima e dos instrumentos de trabalho, o que já vinha acontecendo de uma forma gradual nos sistemas de corporações e doméstico, respectivamente, como também passaram a trabalhar num mesmo espaço de trabalho, separado do local de moradia e sob a vigilância do empregador. A habilidade deixou de ser tão importante quanto era nos sistemas anteriores, devido ao uso das máquinas, sendo o capital o mais necessário (HUBERMAN, 1978). Ainda segundo Huberman (1978), as idéias dos economistas clássicos (Adam Smith, Ricardo, Malthus, James Mill) vieram possibilitar um conforto ainda maior aos homens de negócios dizendo-lhes que ao procurarem seu lucro estavam ajudando o Estado. “Toda pessoa está continuamente empenhada em encontrar o emprego mais vantajoso para o capital de que dispõe. (...) Mas a vantagem pessoal, naturalmente, ou melhor, necessariamente o leva a preferir o emprego mais vantajoso para a sociedade” (SMITH(6), 1930 citado por HUBERMAN, 1978).
                   É indicativo desta maneira de evocar a liberdade e a prisão pelo trabalho o fato de que a palavra negócio, que deriva do latim negotium (negação de ócio, ausência de lazer), enquanto condição de trabalho, emfins do século XVIII, caracterizar o modo de trabalho pelo qual a burguesia, que então estabelecia o parâmetro de modo de vida, se oporá, àquele em que o ócio é uma prerrogativa dos homens livres, dos nobres e aristocratas e, portanto, não mais merecedor de respeito.
A libertação promovida pela burguesia liberou o trabalhador do tripalium para o aprisionar no labor do mercado, onde poderá negociar livremente seu tempo, seu espaço/corpo; tal como a economia que deveria ser dirigida pelo jogo da oferta e procura de mercado, o trabalho deveria ser conduzido pela livre iniciativa dos particulares, em prol da riqueza das nações, era a proposta do economista Adam Smith (HUBERMAN, 1978) que então ecoava por todos os cantos.
            Esta mudança de perspectiva no mundo do trabalho, ou melhor, este vôo livre e independente do trabalhador, logo mostrou que as condições de trabalho não estavam tão a favor do trabalhador, como muito bem analisou o filósofo alemão Karl Marx (1818-1883), em o Capital. A citação a seguir trata de um pequeno trecho deste livro, no qual o autor analisa as principais características do trabalho nos diferentes estágios da produção: do artesanato e manufatura até a máquina nas fábricas.
               Na manufatura e no artesanato, o trabalhador se serve da ferramenta; na fábrica, serve à máquina. Naqueles, procede dêle o movimento do instrumental; nesta, tem de acompanha o movimento do instrumental. Até as medidas destinadas a facilitar o trabalho se tornam meio de tortura, pois a máquina em vez de libertar o trabalhador, despoja o trabalho de todo interesse (MARX, 1989, p.483).




            Não tardou para que os trabalhadores percebessem que “as máquinas tinham vínculos e compromissos políticos com o capital e, por causa disso, acabavam sendo hostis a eles” (NOSELLA, 1995, p. 33). Para sobreviver, toda a família operária era obrigada a trabalhar, inclusive crianças de até dois anos. Nas fábricas “alguns tetos são tão baixos que se torna difícil permanecer em pé” (COTRIM, 1995, p.261). Quando os trabalhadores começaram a sentir que a jornada de trabalho, de 16 horas, não diminuía, que os lucros só chegavam para os donos das máquinas, que aumentavam o número de crianças que trabalhavam e que suas esperanças de libertação nas máquinas não seriam atendidas; passaram a depositá-las em seuscompanheiros. Mas a defesa da filosofia fabril encontrada nas palavras de Andrew Ure(7) trazia brilho e exaltação às acomodações dos edifícios das fábricas, que protegiam os trabalhadores do sol do verão e da geada do inverno e acusava os sindicatos de conspiradores contra os próprios interesses da classe trabalhadora (HUBERMAN, 1978).
                 O século XIX vê o trabalhador lutar pela sobrevivência, a fim de não morrer, pois as intensas exigências de trabalho ameaçavam a própria vida, que pauperizada, acusa riscos de sofrimento descrito, na época, como “Miséria Operária” (DEJOURS, 1998, p.14). É ainda Dejours (1998) que diz ser este problema um flagelo considerado pelos notáveis da época uma verdadeira doença contagiosa. Se o labor da burguesia mostrava a cara, outros discursos estavam sendo elaborados e indicavam “uma forma de trabalho humano radicalmente nova e contraposta ao labor, que poderia ser chamada de poiésis enquanto ação social, complexa e criativa” (NOSELLA, 1995, p.35). Por toda parte a mesma luta, trabalhadores brigando pelo direito de se organizarem e construírem uma nova concepção de trabalho.
                  Esta nova compreensão das relações de produção, de seu caráter político, põe às claras que esta é uma relação complexa que exige das classes trabalhadoras a superação de toda a carga de divisões que o conceito trabalho carrega e que vem se materializando na divisão clássica entre teoria e prática. Uma gigantesca obra da “revolução, que visa relacionar a máquina com o homem universal e eliminar a separação entre trabalhadores das mãos e trabalhadores da inteligência” (NOSELLA, 1995, p.37).

                   Vôo livre em busca da vida e do trabalho

               Como superar uma visão tão negativa e reconhecer o caráter estruturante, fundante do trabalho? Como lidar com esta dupla face do trabalho, fonte e condição de exploração/libertação, de alienação/ criação, de vida/morte?
                 O breve século XX, a era dos extremos (HOBSBAWM, 1994), é palco de grandes lutas políticas dos trabalhadores e também de amplas conquistas destes. Christophe Dejours (1998) aponta três períodos, na luta dos trabalhadores por melhores condições de vida e trabalho; o primeiro, que perdura por todo século XIX, é caracterizado pela busca daredução na jornada de trabalho; o segundo, quando o movimento operário já conquistou bases mais sólidas e que se estende da primeira Guerra Mundial até 1968, se caracteriza por reivindicações que demandam uma proteção à saúde, “onde a proteção do corpo é a preocupação dominante” (DEJOURS, 1998, p.18); o terceiro período, que se segue a 1968, é influenciado pelos acontecimentos(8), deste período, no particular a luta contra a alienação em que simultaneamente “o trabalho foi reconhecido como causa principal da alienação” (DEJOURS, 1998, p.24), donde a preocupação com a saúde mental contra o sofrimento pelo trabalho se impôs.
                  Estes movimentos de busca do direito pela sobrevivência, mais recentemente de busca do direito de se ter no ambiente de trabalho condições de vida saudável, segundo Dejours (1998), foram ao mesmo tempo de denúncias, respectivamente, das condições de higiene e de segurança no trabalho até aquelas acerca da divisão do trabalho, do conteúdo das tarefas, das relações de poder, do sistema hierárquico. Condições estas estabelecidas pela O.C.T. (Organização Científica do Trabalho), concebida por Taylor, e que no sistema industrial levaram ao “esgotamento” milhões de trabalhadores. Os trabalhadores que ao longo do século XX atuaram sob os princípios da racionalidade produtiva no trabalho, através do Taylorismo(9), do Fordismo(10) foram perdendo suas qualificações que foram incorporadas às máquinas, tornando o “trabalho repetitivo, parcelado, monótono sendo sua velocidade e ritmo estabelecidos independentemente do trabalhador, que o executa através de uma rígida disciplina” (LARANJEIRA, 1997, p.90). Esta Organização é tão rígida que segundo Dejours (1998) domina não somente a vida durante o trabalho, mas igualmente o tempo fora do trabalho. É ainda Dejours que chama atenção para os prejuízos da O. C. T. nos mecanismos de defesa do trabalhador, uma vez que estaorganização além de desapropriar o saber do trabalhador, amordaça a liberdade de invenção, de organização ou de adaptação do trabalho.

             Adaptação espontânea do trabalho ao homem que não esperou os especialistas para inscrever-se na tradição operária. Adaptação que, vê–se logo, exige uma atividade intelectual e cognitiva que será proibida pelo trabalho taylorizado (DEJOURS, 1998, p. 38).
Através dos estudos/pesquisas da Psicodinâmica do Trabalho(10) Dejours (1998) chama atenção para o prejuízo que a O.C.T. produz à integridade do aparelho psíquico e ao corpo, por meio da somatização. Do ponto de vista psicopatológico, esta organização traduz-se por uma tripla divisão: divisão do modo operatório, divisão do organismo (órgãos de execução e órgãos de concepção) e divisão entre os homens (contramestres, chefes, reguladores).
               Os anos setenta (séc. XX), assistem a mudanças significativas nas formas de produção do modelo fordista em decorrência das pressões competitivas causadas principalmente pela concorrência japonesa, com seu modelo Toyotista(11). As novas formas de produção têm provocado inúmeras discussões; estas vão desde a tese de que estaria havendo uma mudança, uma ruptura, com o fordismo (pós-fordismo) até aquelas que indicam estar havendo apenas uma nova roupagem na continuidade deste modelo (neo-fordismo). Para aqueles que apontam estar havendo uma continuidade, esta é vista como conseqüência da incapacidade de o fordismo enfrentar mediante ganhos da produtividade, a crise do sistema capitalista (LARANJEIRA, 1997). A reestruturação produtiva que redefinia as estratégias do capital, combinada com a introdução de tecnologias de base microeletrônica, entretanto não rompeu com os princípios básicos da O.C.T.: a separação entre concepção e execução. Este contexto de inovações tecnológicas e de racionalização dos processosprodutivos tem levado igualmente, tanto à redução do emprego, quanto a sérios problemas de saúde (as chamadas doenças do trabalho) que têm levado milhões de trabalhadores a serem excluídos do mundo do trabalho. Já o desemprego em larga escala “é a expansão sem precedentes na era moderna do desemprego estrutural” (ANTUNES, 1995, p.41) que gera o que Antunes (1995) chama de processualidade contraditória, ou seja, de um lado reduz, o operariado industrial, de outro, aumenta o subproletariado, mediante o trabalho precário, temporário, e terceirizado.

                             CONSIDERAÇÕES FINAIS

                   No final do século XX, a partir dos anos oitenta, as transformações no mundo do trabalho levaram alguns estudiosos do trabalho a anunciarem o fim da sociedade do trabalho; dentre estes se destaca o sociólogo francês André Gorz, com a obra Adeus ao Proletariado (1982). O sociólogo brasileiro Ricardo Antunes, inspirado por esta polêmica internacional, produz o ensaio Adeus ao Trabalho? Ensaio sobre as Metamorfoses e a Centralidade do Mundo do Trabalho (1995) em que levanta inúmeras questões das quais, para a finalidade deste texto apenas uma é destacada: o trabalho “não é mais protoforma da atividade humana, necessidade de efetivar o intercâmbio material entre o homem e a natureza?” (ANTUNES, 1995, p.10). Antunes (1995) na segunda das suas cinco teses defende que o trabalho enquanto “criador de valores de uso, coisas úteis, forma de intercâmbio entre o ser social e a natureza, não parece plausível conceber-se, no universo da sociabilidade humana, a extinção do trabalho social” (ANTUNES, 1995, p.82). Continuando em sua tese este autor diz ser ontologicamente distinto supor que com a eliminação do capitalismo, e do trabalho abstrato, ocorreria a eliminação “no universo da sociabilidade humana do trabalho concreto que cria coisas úteis, e que, ao fazê-lo (auto) transforma o seu próprio criador” (ANTUNES, 1995, p.82). Esta posição de eliminação da sociedade do trabalho, para o autor é decorrente da desconsideração de seus defensores do duplo caráter dotrabalho, o que leva ao reconhecimento do trabalho como sinônimo de trabalho abstrato, trabalho fetichizado, estranhado; a conseqüência disso seria uma sociedade de tempo livre, com algum sentido, convivendo com formas de trabalho estranhado e fetichizado.
                      Seria então uma sociedade que, ao negar o caráter estruturante do trabalho, formador da identidade social, estaria negando sua condição de atividade relacional que, “além de desenvolver habilidades, permite que a convivência não só facilite a aprendizagem e o aperfeiçoamento dos instrumentos, mas também enriqueça a afetividade resultante do relacionamento: experimentando emoções de expectativa, desejo, prazer, medo, inveja, o homem aprende a conhecer a natureza, as pessoas e a si mesmo” (ARANHA; MARTINS, 1994, p. 6).
                Mais uma vez Antunes (1995) vem apontar para a incompletude desta sociedade imaginária, ao nos dizer da posição teleológica do trabalho, de sua condição de experiência elementar da vida cotidiana e conseqüentemente inseparável dos seres sociais, citando Lukács(12) (1981), que diz:
                       A gênese do ser social, sua separação frente à sua própria base originária e também o seu vir-a-ser, estão fundadas no trabalho, isto é, na contínua realização de posições teleológicas.
A crise da sociedade na qual estamos vivendo, representa, um momento histórico em que as Metamorfoses e a Centralidade do Mundo do Trabalho (ANTUNES, 1995) têm sem dúvida um papel fundamental. Diante de tantas inquietações e incertezas que este momento tem possibilitado, percebemos então a tendência a se desconsiderar o papel do homem trabalhador, do ser-que-vive-do-trabalho, da pessoa capaz de lutar por uma vida com mais autonomia, liberdade e emancipação; a se negar as lutas e conquistas do homem, a se perder o significado de práxis, de formação da consciência enquanto processo de “conhecimento dialético, como conducente a mudanças nas relações de trabalho e/ou nas condições gerais de existência” (GOMEZ, 1995, p.55).



Fonte :http://www.revistas.usp.br/rto/article/view/13912/15730
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terça-feira, 16 de setembro de 2014

TRABALHO PARA REPOSICAO DE CONTEUDO E AUSENCIAS - PRIMEIRO ANO - SOCIOLOGIA

            
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  1.  Qual relacao pode ser feito com as teorias de Thomas HobbesJean-Jacques Rousseau  para explicar o linchamento ?
  2. Explique o que o autor quis dizer com isto : A paz somente seria possível quando todos renunciassem a liberdade que têm sobre si mesmos. Hobbes discorre sobre as formas de contratos e pactos possíveis em sua obra Leviatã, apontando ser o Estado o resultado do “pacto” feito entre os homens para, simultaneamente, todos abdicarem de sua “liberdade total”, do estado de natureza, consentindo a concentração deste poder nas mãos de um governante soberano. Seria necessária a criação artificial da sociedade política, administrada pelo Estado, estabelecendo-se uma ordem moral para a brutalidade social primitiva. 

                    O papel do Estado segundo Thomas Hobbes


                 Considerado como um dos teóricos do poder absolutista em vigor na Idade Moderna, Thomas Hobbes viveu entre 1588 e 1679. Para Hobbes, o Estado deveria ser a instituição fundamental para regular as relações humanas, dado o caráter da condição natural dos homens que os impele à busca do atendimento de seus desejos de qualquer maneira, a qualquer preço, de forma violenta, egoísta, isto é, movida por paixões.
                  Afirmava que os homens não tiram prazer algum da companhia uns dos outros quando não existe um poder capaz de manter a todos em respeito, pois cada um pretende que seu companheiro lhe atribua o mesmo valor que ele atribui a si próprio. Dessa forma, tal situação seria propícia para uma luta de todos contra todos pelo desejo do reconhecimento, pela busca da preservação da vida e da realização daquilo que o homem (juiz de suas ações) deseja. Deste ponto de vista surgiria a famosa expressão de Hobbes: “O homem é o lobo do homem”.




                 Daí, nas palavras de Hobbes, “se dois homens desejam a mesma coisa [...] eles se tornam inimigos”. Todos seriam livres e iguais para buscarem o lucro, a segurança e a reputação. Nas palavras de Francisco Welfort, em sua obra intitulada Os Clássicos da Política (2006), a igualdade entre os homens, na visão de Hobbes, gera ambição, descontentamento e guerra. A igualdade seria o fator que contribui para a guerra de todos contra todos, levando-os a lutar pelo interesse individual em detrimento do interesse comum. Obviamente, isso seria resultado da racionalidade do homem, uma vez que, por ser dotado de razão, possui um senso crítico quanto à vivência em grupo, podendo criticar a organização dada e, assim, nas palavras de Hobbes, julgar-se mais sábio e mais capacitado para exercer o poder público.
                       Dessa forma, a questão da igualdade e da liberdade em Hobbes é vista de forma diferente daquela leitura mais convencional destes termos, com significados “positivos”, como se viu nas revoluções contra o poder absolutista dos reis, principalmente no caso da Revolução Francesa. Logo, a liberdade segundo Hobbes seria prejudicial à relação entre os indivíduos, pois na falta de “freios”, todos podem tudo, contra todos.
                      A paz somente seria possível quando todos renunciassem a liberdade que têm sobre si mesmos. Hobbes discorre sobre as formas de contratos e pactos possíveis em sua obra Leviatã, apontando ser o Estado o resultado do “pacto” feito entre os homens para, simultaneamente, todos abdicarem de sua “liberdade total”, do estado de natureza, consentindo a concentração deste poder nas mãos de um governante soberano. Seria necessária a criação artificial da sociedade política, administrada pelo Estado, estabelecendo-se uma ordem moral para a brutalidade social primitiva. Citando Hobbes, Francisco Welfort mostra que o Estado hobbesiano seria marcado pelo medo, sendo o próprio Leviatã um monstro cuja armadura é feita de escamas que são seus súditos, brandindo ameaçadora espada, governando de forma soberana por meio deste temor que inflige aos súditos. Em suma, este Leviatã (ou seja, o próprio Estado soberano) vai concentrar uma série de direitos (que não podem ser divididos) para poder deter o controle da sociedade, em nome da paz, da segurança e da ordem social, bem como para defender a todos de inimigos externos. Mais especificamente, nas palavras de Hobbes:

“Isso é mais do que consentimento ou concórdia, pois resume-se numa verdadeira unidade de todos eles, numa só e mesma pessoa, realizada por um pacto de cada homem com todos os homens [...] Esta é a geração daquele enorme Leviatã, ou antes – com toda reverência – daquele deus mortal, ao qual devemos, abaixo do Deus Imortal, nossa paz e defesa” [...] É nele que consiste a essência do Estado, que pode ser assim definida: ‘Uma grande multidão institui a uma pessoa, mediante pactos recíprocos uns aos outros, para em nome de cada um como autora, poder usar a força e os recursos de todos, da maneira que considerar conveniente, para assegurar a paz e a defesa comum’. O soberano é aquele que representa essa pessoa”. (HOBBES, 2003, p.130-1 31).

                       Dessa forma, estes seriam alguns dos princípios que justificariam os discursos do poder absolutista ao longo da Idade Moderna. Fica evidente que neste modelo de Estado que desconsiderava as liberdades individuais não haveria espaço para a democracia e suas instituições. Ao contrário, os usos da força, da austeridade e da repressão, geram sociedades onde prevalece a desigualdade, a instabilidade, o medo e o esvaziamento da discussão política. Por isso, o final da Idade Moderna foi marcado pela Revolução Francesa, encabeçada por uma burguesia descontente com os desmandos de um rei e desejosa por participação política. Assim, ao se olhar para a História, é possível ver que as características deste Estado Soberano não se limitaram às monarquias na Europa, mas também se fizeram presentes – mesmo que indiretamente e com outra roupagem – em diversos regimes ditatoriais como no Brasil e em tantos outros países na segunda metade do século XX, guardadas as devidas proporções. Da mesma forma, é contra Estados totalitários com tais características que lutam hoje muitos povos do norte da África e do Oriente Médio.

               Jean Jacques Rousseau  nasceu já órfão de mãe, pois a mesma morreu durante o processo de parto, não chegando sequer a conhece-lo, foi educado pelo pai, um simples relojoeiro, até completar 10 anos de idade.

                Em sua adolescência estudou em uma escola religiosa na qual era obrigado a 
seguir as rígidas regras da instituição.Em 1722 o menino Rousseau dá de cara com a morte novamente, desta vez perdeu seu pai.
Foi um bom aluno, estudou muito e desenvolveu o gosto pela leitura e pela música.
               Na passagem da adolescência para a fase adulta mudou-se para Paris e iniciou seu relacionamento com a flor da elite intelectual da cidade.
               Nesta época recebeu o convite de Diderot para redigir alguns apontamentos para a Enciclopédia – Alguns escritores pertencentes à Antiguidade, como por exemplo, Aristóteles, tentaram escrever sobre todos os campos de conhecimento pesquisados até então, foi uma das primeiras a existir e a ser publicada na França do século XVIII – caberia a Rousseau anotar os apontamentos, seus devidos significados e exemplos.
Em 1762 Rousseau passou a ser acuado na França por conta de suas obras que passaram a ser vistas como uma injúria às tradições morais e religiosas. A solução encontrada foi abrigar-se na cidade de Neuchâtel, na Suíça até a poeira abaixar.
               No ano de 1765 decidiu se mudar para a Inglaterra aceitando o chamado do filósofo David Hume.
No ano de 1767 retornou à França e conheceu Thérèse Levasseur, com quem veio a se casar.
Suas obras versavam sobre vários temas, que abrangiam desde investigações políticas, romances, até análises na área da educação, religião e literatura.
"Do Contrato Social" foi considerada sua obra-prima, nela Jean sustenta a opinião de que os indivíduos nascem bons, quem os modifica é a sociedade, que os levam para o caminho do mal. Do mesmo modo finca o pé ao dizer que a sociedade atua como um acordo social, através do qual as pessoas, que vivem em sociedade, outorgam algumas prerrogativas ao Estado desde que este lhes conceda em contrapartida amparo e organização.
                Rousseau é considerado o filósofo do iluminismo – idéia que resume várias doutrinas filosóficas, elos intelectuais e atitudes religiosas – e predecessor do romantismo do século XIX.
Em sua obra "Discours sur l'origine et les fondements de l'inégalité parmi les hommes" (Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens), publicada no ano de 1755, ele descreve uma hipótese para o estado natural do homem, sugerindo que, apesar das diferenças determinadas pela natureza, houve um determinado momento em que os homens agiam como iguais sim: conviviam separadamente uns dos outros e não eram dependentes de ninguém; fugiam uns dos outros como se fossem bichos bravios prestes a atacar sua própria espécie.
Com relação à educação Rousseau acreditava na amabilidade produzida pela natureza, para ele se a afabilidade fosse incitada, a benevolência espontânea da pessoa podia ser preservada da influência corrompida do meio em que vivemos.
                Por conseguinte, a educação admitia dois semblantes diversos: a expansão gradual das habilidades próprias da criança e o seu distanciamento dos achaques sociais. O educador deve ensinar o aluno levando em conta suas capacidades maturais.
Para Rousseau a principal característica que não pode faltar em um catedrático é a sua capacidade de educar o aluno para transformá-lo em um homem de bem.
Levando em conta esse ponto de vista de Rousseau o aluno só estaria apto a fazer parte da sociedade quando se tornasse clara sua disposição natural para a convivência com as outras pessoas, fato este que só ocorreria, segundo Rousseuau, durante a sua adolescência, quando então já estaria apto a julgar e já pode compreender o que é ser um indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado.
Obras principais:
  • Discurso Sobre as Ciências e as Artes
  • Discurso Sobre a Origem da Desigualdade Entre os Homens
  • Do Contrato Social
  • Emílio, ou da Educação
  • Os Devaneios de um Caminhante Solitário
         A filosofia de Jean-Jacques Rousseau  tem como essência a crença de que o Homem é bom naturalmente, embora esteja sempre sob o jugo da vida em sociedade, a qual o predispõe à depravação. Para ele o homem e o cidadão são condições paradoxais na natureza humana, pois é o reflexo das incoerências que se instauram na relação do ser humano com o grupo social, que inevitavelmente o corrompe.

          Um dos equívocos cometidos pela sociedade é a prática da desigualdade, seja a individual, seja a provocada pelo próprio contexto social.  Nesta categoria ele engloba desde a presença negativa dos ciúmes no relacionamento afetivo, até a instauração da propriedade privada como base da vida econômica.É assim que o Homem, para Rousseau, se transforma em uma criatura má, a qual só pensa em prejudicar as outras pessoas. Por esta razão o filósofo idealiza o homem em estado selvagem, pois primitivamente ele é generoso. 
Mas Rousseau acredita que há um caminho que pode reconduzir o indivíduo a sua antiga bondade, o qual é teorizado politicamente em sua obra Contrato Social, e pedagogicamente em Emílio, outra publicação essencial deste filósofo. Ele crê que a carência de igualdade na personalidade humana é algo que integra sua natureza; já a desigualdade social deve ser eliminada, pois priva o Homem do exercício da liberdade, substituindo esta prática pela devoção aos aspectos exteriores e às normas de etiqueta.
Rousseau, um dos principais filósofos do Iluminismo. Pintura de Maurice Quentin de La Tour.
                Em sua obra Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens, Rousseau discorre sobre a questão da maldade humana. Para melhor analisar esta característica, ele estabelece três etapas evolutivas na jornada do Homem. O primeiro estágio refere-se ao homem natural, subjugado pelos instintos e pelas sensações, sujeito ao domínio da Natureza; o segundo diz respeito ao homem selvagem, já impregnado por confrontos morais e imperfeições; segue-se, então, a condição do homem civilizado, marcada por intensos interesses privados, que sufocam sua moralidade.
É neste processo que o indivíduo se converte em um ser egoísta e individualista, convertendo sua bondade natural, gradualmente, em maldade. O Homem abre mão de sua liberdade e assim se desqualifica enquanto ser humano, pois se vê despojado do principal veículo para a realização espiritual. A solução apontada por Rousseau para esta situação é enveredar pelos caminhos do autoconhecimento, através do campo emotivo da Humanidade.
              Na esfera da educação, exposta no Emílio, ele teoriza filosoficamente sobre o Homem. Sua principal inquietação, neste ponto, é saber se educa o indivíduo ou o cidadão, já que, para ele, estas duas facetas não podem conviver no mesmo ser, por serem completamente opostas.
Rousseau defende a formação do homem natural no seu lar, junto aos familiares, por constituir um ser integral voltado para si mesmo, que vive de forma absoluta. Já o cidadão deve ser educado no circuito público proporcionado pelo Estado, pois é tão somente uma parte do todo, e por esta razão engendra uma vida relativa. O aprendizado social, segundo o filósofo, não produz nem o homem, nem o cidadão, mas sim um híbrido de ambos. Aliar os dois implica investir no saber do ser humano em seu estágio natural – por exemplo, a criança –, e o cidadão só terá existência a partir desta condição, a qual tem como fonte a Natureza e como fio condutor a trajetória individual.

Fonte :http://www.brasilescola.com/sociologia/o-papel-estado-segundo-thomas-hobbes.htm
          : http://www.infoescola.com/filosofia/a-filosofia-de-rousseau/
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TRABALHO PARA REPOSICAO DE CONTEUDO E AUSENCIAS - TERCEIROS ANOS- SOCIOLOGIA



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  • Responder as questoes atraves dos comentarios de nesta pagina :
  1. Qual o papel dos movimentos sociais ?
  2. Como a globalizacao interfere nos movimentos sociais ?
  3. A trajetória do feminismo começa quando as mulheres buscaram a igualdade entre homens ; e hoje qual tem sido o papel do feminismo ?
  4.  Faca um comentario consistente  a respeito das consideracoes feitas abaixo ; dizendo se voce concorda ou nao , e porque ? 

  • " Apesar dos avanços conquistados na sociedade, o feminismo também recebe algumas criticas, como: alguns críticos apontam que as feministas estão pregando o ódio contra os homens; alguns dizem que, por conta do feminismo, os homens começam a ser oprimidos; alguns grupos conservadores vêem o feminismo como elemento de destruição dos papéis tradicionais dos gêneros, nomeadamente quando o pai e a mãe são trabalhadores bem sucedidos e ocupados, ou seja, nessa luta as crianças são esquecidos, pois não sobra ninguém para cuidar bem das mesmas; alguns homens acreditam que nas disputas de custódia após um divórcio, a justiça tende a entregar os filhos para a custódia da mãe; alguns homens dizem que muitas mulheres são promovidas não por méritos, mas para melhorar a imagem das empresas, dentre outras questões."

       
Novos Movimentos Sociais: feminismo e a luta pela igualdade de gênero 
Jucélia Bispo dos Santos1

RESUMO
Esse artigo tem como objetivo analisar os novos movimentos sociais tendo como eixo central do seu foco o movimento feminista. Portanto, objetiva-se abordar os principais debates que estão presentes no interior desse movimento e destacar, sobretudo o conceito de gênero, a fim de discutir as principais abordagens que foram desenvolvidas em torno dessa teoria. Portanto, pretende-se abordar algumas concepções de gênero, como: as fundadas na concepção feminista marxista; das abordagens que sugiram em torno das teorias psicanalíticas de matriz pós- estruturalista. Por fim, pretende-se destacar os principais avanços e os impasses mais críticos e seus desafios que o movimento feminista enfrenta na contemporaneidade.
Palavras-Chave: movimento social, feminismo, gênero, mulher.

1- Introdução

Na virada do século XX para o XXI, novos espaços políticos começaram a ser criados e instituindos, assim sendo apareceu um novo projeto de “sociedade civil”. Consequentemente, novas formas de atuação política surgiram, como os novos movimentos sociais. Esse novo projeto político apresentava uma grande novidade, qual foi a asserção do poder popular, como: as mobilizações remanescentes das ligas camponesas do nordeste brasileiro, movimentos culturais, feministas, pela livre orientação sexual, anti-racistas, ambientalistas e outros. Esses movimentos citados fomentaram uma nova compreensão acerca das relações políticas, pois tentaram representar os múltiplos tipos de ações coletivas do novo milênio. Assim, passaram explorar a diversidade das demandas por direitos, das diversas formas de ativismo e da participação política das organizações2.

De acordo com Gohn (1997) até o início do século XX, o conceito de movimentos sociais contemplava apenas a organização e a ação dos trabalhadores em sindicatos. A antiga conceituação caracteriza os movimentos sociais como ações sociopolíticas construídas por atores coletivos de diferentes classes sociais, numa conjuntura específica de relações de força na sociedade civil.

Depois de 1960, novos movimentos sociais surgiam especialmente na Europa, no momento que a abordagem clássica marxista passava por processo de crítica e revisão. A crítica ao marxismo foi o ponto de partida fundamental para a formulação de uma alternativa revolucionária humanística e universal. As principais críticas ao marxismo baseavam-se na seguinte questão: alguns teóricos marxistas priorizavam a análise da categoria de luta de classes através de uma leitura maniqueísta, a qual não contemplava as experiências históricas diferenciadas. Para E. P. Thompson, é preciso levar em consideração o agenciar humano e trazer, à narrativa, os sujeitos da história. Esses sujeitos são homens e mulheres, indivíduos que, nas experiências do cotidiano, constroem identidades sociais, a exemplo da classe. Não são sujeitos abstratos e homogêneos, sem rosto e com vontades determinadas por estruturas, como queriam os estruturalismos. A obra thompsoniana reafirma alguns pressupostos do socialismo, mediante sua avaliação das aspirações da classe trabalhadora, definidas como defesa de sua humanidade e de um projeto coletivo. Essa abordagem priorizava a noção de “humano” na sociedade, compreendida como um movimento histórico relacionado a um ideal democrático.
Para Thompson, Marx ficou, durante algum tempo, preso à economia política e foi desse momento que Althusser retirou o embasamento para a construção da sua teoria. Entretanto, Marx das suas últimas obras havia retornado a sua juventude, dialogando, inclusive, com a antropologia. Na análise thompsiana, entre as relações econômicas havia a existência humana, que constrói sua dinâmica social em meio à política, religião, rituais, conspirações, baladas, pregações milenaristas, ameaças anônimas, cartas, hinos metodistas, festivais, danças, etc.3. Através dessas críticas, foram surgindo novos campos temáticos, como por exemplo, dos estudos culturais, eleitos a partir de discursos privilegiados de seus acadêmicos, de “esquerda” ou não. Esse quadro se associa, direta ou indiretamente, à assim chamada “condição pós-moderna” (incluídas aí as linhas pós-modernas, pós-estruturalistas e neopragmatistas), com sua rejeição às grandes narrativas, sua compreensão da realidade como fragmentos desconexos, sua redução da história a um conjunto de estilos de narrativa e seu efeito desintegrador sobre o sujeito - “condição” que também tem se revelado conveniente habitat para tendências intelectuais neoconservadoras.

Dentre outros críticos da análise marxista destacam-se Touraine, e Manuel Castells, cuja aproximação resultou na teoria dos novos movimentos sociais. Para esses teóricos, os novos movimentos surgem como organizações de massa de trabalhadores, jovens e mulheres, hoje tidos em geral como “tradicionais”.

Em torno da crise do socialismo real, da crítica da teoria marxista e da revisão de paradigmas das Ciências Sociais, surge nos anos 60 e 70, do século XX os chamados “novos” movimentos sociais culturais, feministas, pela livre orientação sexual, anti-racistas, ambientalistas e outros. Nesse período exercem forte influência sobre os movimentos sociais as lutas de libertação nacional e, em particular, as revoluções chinesa e cubana. 
   




Os novos movimentos sociais que foram organizados em torno dos projetos de libertação nacional promoveram profundas transformações, as quais deram ao mundo moderno uma configuração totalmente distinta daquela existente no anterior. Ele se apresenta mais complexo e há certo desencanto com os resultados que a modernidade trouxe. ”4.

Já, nos anos 80 e 90 ocorreu a queda simbólica do murro de Berlim, e consequentemente a derrota do socialismo real com a queda da URSS e dos regimes do Leste Europeu. Assim, avançava o impulso da concepção neoliberal de “sociedade civil” e difusão das ONGs, a qual ganha força na virada do século XXI. Nesse mesmo contexto, surgem também os movimentos contra o neoliberalismo, que também são conhecidos como movimentos “antiglobalização”, que organiza o Fórum Social Mundial. Nessa nova conjuntura, novos movimentos sociais criticavam tanto o modelo onde o capitalismo desenvolve suas relações humanas, como também questionam os vícios e erros que o socialismo real implantou na Europa. Isso ocorre na medida em que começam a identificar novas formas de opressão e exploração que vão mais além das relações de produção, como as assimetrias sociais, o consumismo, o ambiente, os problemas de gênero, inclusive a forma com que se utiliza o tempo livre, entre outros, que se convertem em alvos de crítica que busca derrubar paradigmas e construir novas alternativas.

A periodização acima ajuda a entender algumas transformações do capitalismo e as vicissitudes da luta socialista nas últimas décadas do século XX. Nesse período ocorriam significativas transformações no âmbito dos movimentos sociais, com isso surgiam novos movimentos relacionados a temas como: direitos humanos, cultura, orientação sexual, cidadania, etnia/raça (negros, indígenas), e o movimento feminista e de mulheres. Assim sendo, difundem-se as ONGs, renovavam-se ações sociais voluntárias, comunitárias, cooperativas e de “economia solidária”, entre outras.

Essas novas ações voluntárias são vistas por Melucci (1999, p. 74-5), como redes que são formadas por pequenos grupos imersos na vida cotidiana com fins específicos e caracterizam-se pela associação múltipla. Tal multiplicação se processa pela militância parcial e efêmera, e pelo desenvolvimento pessoal e solidariedade afetiva como condições para participação. Esses processos de formações de redes apressam-se, segundo alguns estudiosos dos movimentos sociais, uma fragmentação em novas “identidades” e com a despolitização dos movimentos. Para Boaventura de Souza Santos essas redes formam variadas lutas e propostas de resistência que nenhuma vanguarda as pode unificar. Assim, a unidade se desenvolve através da diversidade, para superar a dispersão e a fragmentação dos movimentos, que são próprias de uma fase de retomada da resistência.

De acordo Touraine, no atual estágio da globalização, sobretudo com informatização da sociedade, os movimentos sociais tenderam a se diversificar e se complexificar. Assim, a reconstrução da identidade pessoal não se efetua mediante a identificação com uma ordem global, econômica, natural ou religiosa, mas pelo reconhecimento da dissociação dos elementos que formavam uma experiência integrada. Diante da impossibilidade de localizar o adversário (não mais identificado com uma classe, um partido ou o Estado), o chamamento ao sujeito é um processo de identificação e não mais de identidade e se evidencia onde a lógica das técnicas e dos mercados entra em conflito com a lógica do sujeito. Por isso, que muitas das explicações paradigmáticas ou hegemônicas nos estudos da segunda metade do século XX necessitam de revisões ou atualizações ante a emergência de novos sujeitos sociais ou cenários políticos. 




A partir da década de 60 do século XX, as definições sobre movimento sociais, eram ainda imprecisas. Para tanto, Alain Touraine surgiu com uma revisão do conceito de movimentos sociais. Touraine (2003) fez uma distinção bem precisava a respeito do que ele considera como movimentos sociais com o propósito de evitar distorções em torno do termo. Dessa maneira, descartou a idéia de que qualquer tipo de ação coletiva, de grupos de interesse ou de instrumentos de pressão política, seria um movimento social. Touraine distingue os movimentos societais dos movimentos culturais, assim faz uma separação entre o universo econômico e o universo cultural. Nos movimentos societais há uma imagem de sujeito-liberdade. Para Touraine os movimentos societais por sua vez, se caracterizam por estarem ligados não a uma situação revolucionária, mas à capacidade do ator de elaborar uma práxis, de comprometer-se num conflito societal e erigir-se em defensor dos valores societais, que não podem reduzir-se aos interesses do ator nem conduzir ao aniquilamento do adversário (Touraine, 2003). Desse modo, Touraine coloca a idéia de sujeito no centro se sua análise. Para ele, o sujeito desprende-se do movimento societal. Ou seja, os movimentos sociais derivam fundamentalmente dos conflitos ao redor do controle dos modelos culturais.

Embora, tenha ocorrido o desenvolvimento que o conceito de movimentos teve nos últimos anos, nota-se que não há consenso ainda hoje entre os pesquisadores sobre seu significado. Alguns estudiosos do tema, como Alberto Melucci, questionam o conceito de movimentos sociais por considerá-lo reducionista, e empregam preferencialmente o de ações coletivas. Para Alberto Melucci (1999) os movimentos sociais são ações coletivas, que podem ser pesquisados como fenômenos empíricos, mas como categorias analíticas diferentes. Segundo Melucci, os conflitos sociais saem do sistema tradicional econômico-industrial, depois se transferem para as áreas culturais. Na sequencia os atores coletivos assumem a função de revelar os problemas para a sociedade.

Nos dias atuais observa-se que novos movimentos sociais de cunho identitário foram fortalecidos e multiplicados. Esses movimentos lutam pelo reconhecimento de suas particularidades e diferenças, ou seja, por questões específicas, acabam tocando em temáticas muito importantes que afetam a estrutura social e a própria constituição da sociedade. Isso aconteceu, por exemplo, com o movimento feminista, que provocou uma revisão a respeito da hierarquia entre os gêneros e politizou o espaço doméstico. Isso está ocorrendo na Europa Ocidental com os descendentes de imigrantes (caribenhos, asiáticos, indianos, turcos, africanos, entre outros) que reivindicam direitos sociais e a importância de manifestar publicamente sua diversidade cultural. E está presente no Brasil com a reivindicação por parte do movimento negro de cotas para estudantes negros em universidades públicas e nas lutas das comunidades remanescentes de quilombos pelo reconhecimento de suas terras.

2- O feminismo no novo contexto dos movimentos sociais

O feminismo tem sua origem no século XIX, período em que os povos adotaram cada vez mais a percepção que as mulheres são oprimidas numa sociedade centrada no homem, por meu meio do legado do patriarcado. As primeiras manifestações desafiaram ao mesmo tempo a ordem conservadora que excluía a mulher do mundo público (do voto, do direito como cidadã) e também, propostas mais radicais que iam além da igualdade política, mas que abrangiam a emancipação feminina, pautando-se na relação de dominação masculina sobre a feminina em todos os aspectos da vida da mulher(ALVES, p.15, 1991).

No início de sua articulação, o movimento feminista foi motivado primeiramente a partir de experiências da mulher. Assim, apresentava crítica à desigualdade social dos sexos (numa perspectiva sociológica de gênero), a fim de promover a luta pelos direitos das mulheres, seus temas e interesses. Porém, nos presentes dias, a teoria feminista moderna não é exclusivamente, associada a teóricas e teóricas acadêmicas de classe média, no ocidente. Desse modo, compreende que feminismo é profundamente amplo e enraizado na sociedade, estendendo-se através das fronteiras de classe, raça ou localidade. Ou seja, o movimento feminista tem se aproximado das especificidades culturais e procurando questionar os tópicos relativos à posição da mulher na sociedade em questão5.

As bases do feminismo se assentam na idéia de que a sociedade é organizada de forma patriarcal, em que o homem recebe vantagens sobre a mulher. De acordo com Beauvoir o papel sexual da mulher é, em grande parte passivo; viver imediatamente essa situação passiva não é tão masoquista como a atividade do macho é sádica; a mulher pode transcender as carícias, a comoção, a penetração para o seu próprio prazer…; ela pode também procurar a união com o amante e entregar-se-lhe, o que significa uma superação de si e não uma abdicação6. O feminismo radical considera a concepção patriarcal da sociedade como causa de seus mais sérios problemas. Essa forma de feminismo foi popular na chamada segunda onda, mas hoje não tem muita força. Pela radicalidade e força aparente desse tipo de feminismo, muitos ainda associam o termo "feminismo" somente às idéias do feminismo radical.

Atualmente, o feminismo é um movimento social que defende igualdade de direitos e status entre homens e mulheres em todos os campos (ALVES, p.15, 1991). As procedências do movimento feminista encontram-se, pois no mundo ocidental, em especial nos movimentos de reforma do século XIX. Ativistas políticas feministas advogam a igualdade social, política e econômica entre os sexos, inscrita inclusivamente nas constituições e tratados internacionais. Tentam esclarecer questões sobre temas como direitos reprodutivos, a posição da mulher como objeto (essencialmente sexual), violência sexual e doméstica, licença pós-parto, igualdade salarial, assédio sexual, discriminação no local de trabalho, pornografia e o patriarcalismo. Ou seja, o movimento feminista pode ser visto como uma teoria social e como um movimento político. Na perspectiva da ação política, o feminismo está vinculado aos movimentos em defesa dos direitos humanos e ligado diretamente as lutas permanentes pela defesa da qualidade de vida tanto no que diz respeito à defesa das liberdades civis, aos direitos sociais. Ou seja, está vinculado a um novo projeto de sociedade civil. Sua importância, como expressão política, tem servido como referência meta-societal de movimentos sociais, tornando-se assim um instrumento de pressão política. De acordo com Scherer-Warren, pode-se, portanto, concluir que esse projeto de sociedade é a representado por vários níveis de interesses e de os valores, como de cidadania e associativismo. Os militantes desses movimentos objetivam a organização da sociedade para encaminhamento de suas ações em prol de políticas sociais e públicas. Assim, organizam protestos sociais, manifestações simbólicas e pressões políticas.

Na organização do movimento feminista a a sociedade civil é a representação de vários níveis de como os interesses e os valores da cidadania se organizam em cada sociedade para encaminhamento de suas ações. Esses níveis, presentes na sociedade brasileira, na atualidade, podem ser genericamente tipificados nos seguintes exemplos:

1- Associativismo local: através da organização de associações civis, movimentos comunitários, ou voltados a essas bases, como são algumas Organizações Não-Governamentais (ONGs). Essas forças associativistas são expressões locais e/ou comunitárias da sociedade civil organizada.

2- Formas de articulação inter-organizacionais: nesse exemplo destacam os fóruns da sociedade civil, as associações nacionais de ONGs e as redes de redes, que buscam se relacionar entre si para o empoderamento da sociedade civil.

Por meio desses exemplos citados, pode-se destacar que ocorre no movimento feminista uma mediação que se dá na interlocução entre as parcerias mais institucionalizadas, a sociedade civil e o Estado. Nota-se que essas articulações se tornaram possíveis porque há meios técnicos que as viabilizam, como: a internet e os e-mails são práticas cotidianas das redes do novo milênio. Assim, observa-se as mobilizações na esfera pública são fruto da articulação de atores dos movimentos sociais localizados7.

3- Movimento Feminista e a igualdade de gênero

A trajetória do feminismo começa quando as mulheres buscaram a igualdade entre homens. Assim, o feminismo se firmou como o movimento social que defende igualdade de direitos e status entre homens e mulheres em todos os campos. Quando se destaca a construção de igualdade de gênero remete a um olhar para a trajetória das mulheres, e, como elas foram se colocando na história, visto que por muito tempo foram consideradas seres inferiores e incapazes. Para saírem da invisibilidade e do espaço considerado secundario, as mulheres foram busca da luta, da resistência e da organização. 



A afirmação do feminismo se deu no início da década de 50, quando o mundo constatava as conseqüências de alguns acontecimentos. Naquela primeira metade do século, existia o grande fluxo migratório entre a Europa-América e Ásia-América, suas múltiplas influências culturais, pressões econômicas, genocídios, questões raciais que vieram à tona com a descolonização da África, sem esquecer o questionamento das políticas internas de países americanos quanto a imigrantes, índios e negros e a emergência intelectual e profissional de mulheres que após os anos de guerra participaram da reconstrução de nações, as quais constituíram uma força efetiva, não se conformando em voltar para seus lares ou para posições desprestigiadas pelo mundo masculino.

Nas duas últimas décadas do século XX, as ciências sociais foram movidas pelos estudos feministas. Tais estudos analisavam a vida social a partir da experiência das relações de gênero. O conceito de gênero envolve duas dimensões: uma compreende que a idéia do biológico sexual inato não dá conta da explicação do comportamento diferenciado masculino e feminino, a outra envolve a noção de que o poder é distribuído de maneira desigual entre os sexos, cabendo às mulheres uma posição subalterna na organização da vida social8.

Ao buscar uma reflexão histórica a respeito da construção do conceito de gênero, pode-se perceber que, tudo começou a partir dos questionamentos que se faziam sobre os rumos dos estudos das mulheres. Os estudos feministas estiveram rodeados de sentidos teóricos e políticos diferentes. Ocorreu uma ruptura da construção teórico-metodológica das discussões dos estudos sobre mulheres, quando trouxeram para arena dos embates novos desafios. A análise da construção social do sentido de ser mulher foi transportada para diferentes lugares.

A generalização do uso do conceito de gênero ocorreu inicialmente no espaço intelectual anglo-saxão. Tal construção deu-se através de uma proposta multidisciplinar que se aproximou das áreas de história, sociologia, antropologia, literatura, filosofia, psicologia. A nova abordagem do conceito de gênero desvinculava-se do sentido da construção dos significados sociais femininos compreendidos apenas na escala biológica.
Falar da construção do paradigma de gênero representa afastar-se do sentido biológico e aproximar-se do social e do cultural. O sentido da identidade social que se prendia ao biológico analisa a mulher, mas descartava as relações sociais e culturais. A identidade de mulher é construída em confronto com as relações que se mantém do “outro” biológico, mas também com o “outro” cultural que pode ser do mesmo sexo9. O termo gênero surgiu no espaço acadêmico no movimento em que as pesquisadoras feministas buscavam através dos chamados estudos das mulheres, desmistificarem a atribuição da condição da mulher na sociedade. Esses estudos pautavam-se nos debates feministas.

Várias feministas envolvidas com a militância se iniciaram nos trabalhos de reflexão e produção acadêmica. Sem dúvida não tratava apenas de um novo rótulo, porém de opção por uma mudança de ordem epistemológica, ou seja, uma via teórica. A desvinculação da militância não se deu de imediato, e as mulheres permaneceram centradas no eixo da denúncia da opressão, que tinha um caráter mais descritivo do que analítico. Gradualmente, o recorte analítico ganha espaços, e as feministas realizam análises consistentes nos campos da sociologia, da história, da literatura e da educação.

A princípio, as feministas aproximaram-se do marxismo utilizando o conceito de “gênero”, a fim de denunciar as relações sociais através da teoria da opressão da mulher, o que determinou a origem do conceito de patriarcado. Nas leituras do feminismo socialista se enfocava tais concepções com a fundamentação da teoria marxista, principalmente da exploração da mulher pelo capitalismo. Essas discussões centravam-se, sobretudo, na questão do trabalho doméstico no capitalismo, que nunca fora tratada nem por Marx e nem por Engels. Os estudos de gênero, nessa fase, tentam buscar nas teorias marxistas uma compreensão da vida social feminina ao longo da história, prendendo-se a justificativa de que as mulheres são exploradas dentro do sistema capitalista através da domesticação do trabalho10.

Em Engels (1982) compreendem-se as opressões sexuais como parte daquilo que o capitalismo herda dos contornos sociais anteriores a sua formação. O domínio do sexo, do gênero e da procriação humana tem sido sujeito a uma contínua e milenar atividade social que o transformou. Sexo, como conhecemos identidade de gênero, desejos e fantasias sexuais, conceitos de infância - é em si mesmo produtos sociais. Na maior parte da tradição marxista, e mesmo no livro de Engels, o conceito de “segundo aspecto da vida material” tem sido tendencialmente apagado por se diluir no pano de fundo ou, simplesmente, ser incorporado nas noções habituais de “vida material”.

Os movimentos sociais dos anos 60 trouxeram uma nova leitura das relações femininas na sociedade através da idéia de identidade coletiva. Dentro das universidades, o número de estudantes do sexo feminino provenientes de setores menos favorecidos da economia, ou ainda de etnias marginalizadas, começava a se ampliar durante esta década, pressionado pela inclusão de temas sociais e culturais, que os atingia particularmente, nos programas de pesquisa. Nesse período, os estudos de gênero foram usados para teorizar a questão da diferença sexual11. Assim, era dada grande ênfase para o caráter fundamentalmente social, cultural na dimensão das relações de poder, de forma que, nenhuma compreensão de qualquer um dos dois poderia existir através de um estudo que os considerasse totalmente em separado.

Para Scott (1995), esse uso do termo gênero constitui um dos aspectos daquilo que se poderia chamar de busca de legitimidade acadêmica para os estudos feministas, nos anos 80, amplamente difundidos e de complexa conceituação. A categoria de gênero tem sido um dos principais elementos articuladores das relações sociais nos diversos contextos brasileiros, nos permite entender como os sujeitos sociais estão sendo constituídos cotidianamente por um conjunto de significados impregnados de símbolos culturais, conceitos normativos, institucionalidades e subjetividades sexuadas (Scott, 1990) que atribuem a homens e mulheres um lugar diferenciado no mundo, sendo essa diferença atravessada por relações de poder que conferem ao homem, historicamente, uma posição dominante. Na concepção de Scott, o feminismo configura as condições que são definidas com as diferenças de fatores e funções para cada sexo; como os significados de homem e mulher variam de acordo com o tempo e lugar; como as normas reguladoras do comportamento sexual foram criadas e reforçadas; como emissões de poder e comportamento atravessam questões de masculinidade e feminilidade; como efeitos de estrutura simbólica afetam a vida social. Assim, o gênero serve como provocação para integrar os estudos de mulher junto às tradicionais áreas de investigação. O gênero traz a mulher da margem para o centro do processo histórico e para modificar a história já escrita, como indica a autora (1988), ou seja, para repensar a história. Scott (1988) afirma que nas décadas de 1970 e 1980 as teorias feministas compreendiam o gênero como um caminho para repensar os determinantes das relações entre os sexos. Isso foi importante para separar a visão biológica da cultural e para justificar mudanças na compreensão da história da mulher, ou seja, o termo gênero foi transposto para a arena social/cultural, abrindo, assim, mais espaços de análise.

No final dos anos 70, as disputas de gênero passaram a ocupar lugares de destaques nos movimentos sociais, quando as mulheres ampliaram sua participação nos debates e na liderança das organizações, reivindicando mudanças na divisão do trabalho doméstico. Por um breve momento, o risco de desestruturação familiar provocada pela não-submissão das mulheres parecia ameaçar o movimento. Após um primeiro momento de desestabilização, tais movimentos ampliaram o debate sobre gênero e família que alterou o status das mulheres em seus quadros e no interior das famílias integrantes das organizações. A crise revelava um momento de questionamento dos padrões culturais para a divisão do trabalho e das responsabilidades por sexo, no qual elementos da cultura tradicional eram colocados em xeque, ao mesmo tempo em que eram considerados parâmetros para a nova situação.

A década de 80 e o debate mundial sobre a globalização das economias, juntamente com o avanço nas tecnologias de comunicação, trouxe consigo a questão da cultura e etnicidade, insufladas pelas reivindicações de caráter étnico e nacionalista e pela nova onda de xenofobia que invadiu a Europa e os Estados Unidos, e o nacionalismo que emergiu no final da década, com a dissolução da URSS e o ressurgimento das lutas pela emancipação na Irlanda e na Espanha.
Durante os anos 80 do século XX, as feministas marxistas possuem uma teoria da história, afirma Scott (1990, p.9.), o que é um avanço comparado à teoria anterior. Contudo, segundo a autora, um dos problemas da teoria marxista para a compreensão do gênero é que o próprio conceito de gênero, no interior do marxismo, foi tratado por muito tempo como um subproduto das estruturas econômicas e assim não teve seu próprio estatuto de análise. Esse fato, para a autora, limitou e retardou o desenvolvimento de novos caminhos de análise. No final das contas, tanto família como lar e sexualidade foram considerados produtos das transformações do modo de produção e isso limitou a compreensão de gênero.

No início dos anos 90, surgiram mudanças significativas, reflexos das pressões internas e externas provocadas pelos compromissos assumidos pelo Estado Brasileiro por meios de tratados e convenções internacionais. Por conseguinte, surge um novo discurso, onde o governo assume as responsabilidades com o cumprimento dos preceitos constitucionais12, com a tarefa institucional de coordenar, articular e formular políticas públicas afirmativas, no sentido da promoção da igualdade racial e de combate à discriminação racial ou étnica.

Mais tarde os estudos de gênero recebem contribuições de outras áreas como a psicanálise. Assim, a teoria psicanalítica, se divide em duas escolas: a anglo-americana, que trabalha com as teorias de relação de objeto, e a escola francesa, que se fundamenta nas leituras estruturalistas e pós-estruturalistas de Freud, no contexto das teorias da linguagem. De acordo com a autora, ambas as escolas trabalham com os processos pelos quais as identidades dos sujeitos são criadas e se concentram nas primeiras etapas do desenvolvimento da criança a fim de encontrar as indicações sobre a formação da identidade de gênero.

Essas novas propostas teóricas proveram mudanças nos campos teóricos da História e das Ciências Sociais. Essas áreas foram respingadas e mesmo encharcadas com as propostas de fragmentação do real e desaceleração do tempo. Os resultados recentes de algumas investigações assinalam que, desde a década de 1980, a crise de paradigmas teóricos, a difusão de novas metodologias e o surgimento de novos objetos se fazia presentes na área. Dessa forma, as pesquisadoras feministas apontavam que os estudos feministas não acrescentariam novos temas de investigação, mas exigiriam “um reexame crítico das premissas e dos critérios do trabalho científico.

Recentemente o feminismo se aproximou da questão da igualdade de gênero que tem como meta garantir a superação das desigualdades frente à condição das mulheres, nos diversos espaços. Seja nas condições socioeconômicas, no cenário político, no acesso à qualificação, ao crédito, como também na representatividade da mulher no interior das unidades domésticas, que ainda se prende a uma postura de subalternidade. Portanto, em gênero como construções e representações sociais, constituído diferentemente em épocas, lugares, territórios, culturas, religiões, condições econômicas e políticas. Diante disso, construir um desenvolvimento alternativo, sustentável requer ações articuladas e complexas, demanda a elaboração de outra lógica de pensar as relações entre as pessoas e com a natureza. A incorporação da perspectiva de gênero no debate sobre desenvolvimento caracteriza-se em um indicador de análise acerca da qualidade de vida, da participação, da igualdade de acesso a direitos entre homens e mulheres, da consolidação da democracia e da cidadania.

A Quarta Conferência Mundial sobre a Mulher, que ocorreu em 1995, em Beijing, representa um marco, a medida que conseguiu dar à perspectiva de gênero o status de condicionante para avançar no combate a desigualdade social, principalmente com relação às mulheres, aos pobres, negras e negros. Essa conferência marca o envolvimento da ONU com as questões de gênero, abrindo caminho para mudanças históricas no âmbito das preocupações internacionais13. As questões de gênero, antes eram relegadas ao domínio doméstico das jurisdições nacionais, mas depois do envolvimentos dos organismos internacionais, essa questão passou a ser vista no âmbito das considerações globais. Inicia-se, com isso, um processo internacional de codificação dos direitos das mulheres. Neste sentido foi elaborada uma plataforma a ser seguida pelos governos, onde os mesmos assumem uma série de compromissos.
Outro fator importante desses estudos ocorre quando se começou a fazer uma distinção entre sexo e gênero, o sexo era visto como algo natural e o gênero como um elemento cultural. Outra autora que traz importante contribuição à temática do gênero é Teresita Barbieri (1992), que centra sua análise nos limites teóricos do patriarcado, desenvolvendo estudos sobre as condições de vida, de trabalho e sobre a cultura produzida pela mulher. Além disso, tece suas considerações sobre a sociedade como elemento gerador da subordinação feminina, enfatizando, ainda, que é da sociedade que surge e se expande à categoria gênero.

As estudiosas do feminismo tentam construir um conceito de gênero desvinculado do sexo, que se referia à identidade biológica de uma pessoa. Gênero é construção social do sujeito masculino ou feminino. Nesse sentido, Joan Scott (1989), associando a categoria gênero aos limites das correntes teóricas do patriarcado, do marxismo e da psicanálise, tenta explicar a subordinação da mulher e a dominação dos homens.

Os estudos relativos à temática de gênero têm desenvolvido bastante no campo das ciências sociais, têm avançado no sentido de relativizar seu determinante biológico, questionando a tendência a uma naturalização das diferenças de comportamento entre homens e mulheres, entre jovens e idosos, entre grupos étnicos. Enfatiza-se a influência da cultura, das significações sociais que assumem cada uma dessas variáveis em diferentes grupos na organização social. Ao mesmo tempo, desvendam-se os mecanismos que, com base nessas diferenças, estabelecem novas hierarquias que interferem diretamente na dinâmica social. Considera-se, em tais estudos, que os papéis sexuais são construções culturais, determinadas pela posição dos indivíduos quanto à camada social à qual pertence e quanto à sua raça. Paralelamente, ao se tratar de relações entre grupos sociais e culturalmente diferenciados, depara-se com a necessidade de delimitar os papéis desses atores tanto dentro de seu próprio grupo quanto na visão do grupo antagonista. Às vésperas do novo milênio, quando a globalização deixa de ser um recurso retórico e torna-se uma realidade na atividade das redes de comunicação e na transnacionalização do capital, é preciso reconhecer que a fragmentação das demandas é inevitável, que classe e raça são categorias que se mesclam sem se dissolver uma na outra (IANNI, 1992), e que estão profundamente relacionadas às alterações e permanências no panorama mundial.

4- Considerações Finais

O movimento feminista se estabeleceu na sociedade no mesmo processo que o capitalismo contemporâneo se estabeleceu, após a queda do Muro de Berlim e a consequente crise das ideologias que dominaram o século XX. Pode-se que esse movimento consolida ao lado da aceleração avassaladora nas tecnologias de comunicação, de artes, de materiais e de genética, ocorreram mudanças paradigmáticas no modo de se pensar a sociedade e suas instituições. Nota-se que o feminismo surgiu quando as chamadas velhas identidades que por tanto tempo estabilizaram o mundo social, passaram por um por processo de declínio. Ou seja, o feminismo promoveu "descentração do sujeito", que tinha um papel inquestionável no contexto da sociedade ocidental.

Oberva-se que a principal luta do movimento das feminista se estabeleceu na busca de novos espaços políticos e sociais. O principal alvo do discurso desse movimento se constituiu na busca pela a construção de uma sociedade mais democrata com maior igualdade entre homens e mulheres reduzindo as desigualdades classistas. Através do movimento feminista, as mulheres passaram a questionar os seus papéis que eram predefinidos em função da reprodução da espécie, ou seja, elas eram subordinadas aos homens. A cultura ocidental considerava a mulher um ser mais fragilizado e incapacitado para assumir a direção de outras instituições, com a família. Assim, o homem era visto como o forte, detentor de toda a autoridade e poder de mando decorrente de sua força física, assumindo o controle dentro da sociedade. 




O feminismo certamente teve vários efeitos nas relações políticas do Ocidente e em outros locais onde se fez presente. Posto que esses efeitos foram em geral encarados como positivos, algumas consequências negativas devem ser apontadas. Nos dias atuais, nota-se que existe uma mudança sensível na relação entre o homem e a mulher. A mulher ganhou mais espaço na sociedade começou a buscar novas oportunidades, sobretudo no campo de trabalho e nos espaços políticos. Também, observa-se que atualmente, as mulheres passaram a ter mais controle sobre seus corpos, e passaram a vivenciar o sexo com mais liberdade do que antes lhes era permitido.

Apesar dos avanços conquistados na sociedade, o feminismo também recebe algumas criticas, como: alguns críticos apontam que as feministas estão pregando o ódio contra os homens; alguns dizem que, por conta do feminismo, os homens começam a ser oprimidos; alguns grupos conservadores vêem o feminismo como elemento de destruição dos papéis tradicionais dos gêneros, nomeadamente quando o pai e a mãe são trabalhadores bem sucedidos e ocupados, ou seja, nessa luta as crianças são esquecidos, pois não sobra ninguém para cuidar bem das mesmas; alguns homens acreditam que nas disputas de custódia após um divórcio, a justiça tende a entregar os filhos para a custódia da mãe; alguns homens dizem que muitas mulheres são promovidas não por méritos, mas para melhorar a imagem das empresas, dentre outras questões.

A fim de fugir das concepções radicais o movimento feminista se aproximou do termo gênero, o qual se constituiu como um conceito estabelecido na sociedade com o objetivo de compreender as relações estabelecidas entre os homens e as mulheres e os papéis desenvolvidos por eles no local em que está inserido e as relações desiguais de poder produzidas. O conceito de gênero dentro do movimento feminista é usado para enfocar a luta pela igualdade de oportunidades entre homens e mulheres e tem como finalidade neutralizar, ou ainda, ultrapassar as barreiras visíveis e invisíveis que existem e que impedem a participação econômica, política e social das mulheres. Por fim, objetiva-se construir uma idéia de que todos os seres humanos, independente dos papéis social e culturalmente atribuídos a mulheres e homens são livres de desenvolver as suas capacidades pessoais e de fazer escolhas.

5- Bibliografia
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(1) Doutoranda em Sociologia pela Universidade Federal de Sergipe
(2) DOIMO, A.M. A vez e a voz popular. Rio de Janeiro: Relumé Dumará, 1985.
(3) THOMPSON, E. Palmer. A Miséria da Teoria,Zahar, Rio de Janeiro, 1981.
(4) NETTO, José Paulo. Crise do Socialismo, Teoria Marxiana e Alternativa Comunista. Revista Serviço Social e Sociedade, N.º 37, São Paulo, Cortez. 1991.
(5) TELES, Maria Amélia da Almeida. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo : Editora Brasiliense, 1993.
(6) CORRÊA, Mariza. (org.) cadernos pagu (12) – Simone de Beauvoir & os feminismos do século XX –, Campinas, Núcleo de Estudos de Gênero – Pagu/Unicamp, 1999.
(7) SCHERER-WARREN, I.Redes de movimentos sociais. São Paulo : Loyola, 2005.
(8) SORJ, Bila. “O Feminismo na encruzilhada da modernidade e pós-modernidade”. In: A. O. Costa & C. Bruschini (orgs), Uma Questão de Gênero, Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos; São Paulo: Fund. Carlos Chagas, 1992, p.15-23.
(9) MACHADO, Lia Zonatta. “Gênero, um novo paradigma?” Cadernos Pagu (11): trajetórias do gênero, masculinidades... Campinas: Núcleo de Estudos de Gênero /UNICAMP 1998, p. 106-125.
(10) ARAUJO, C. “Marxismo e Feminismo, tensões e encontros de utopias atuais”. In: Revista Presença da Mulher,1982.
(11) NORA, Purre e LE GOFF. História: novos objetos, novos problemas, novas abordagens. 3. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1988.
(12) Em 21 de março, por meio da Medida Provisória n° 111 (convertida na lei n°10.678, de 23 de maio de 2003), foi criada a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial Seppir)
(13) Dados da ONU. Fonte: ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. The United Nations and The Advancement of Women – 1945-1996. The United Nations Blue Books Series, vol. VI, New York: United Nations Publication, 1996.

Fonte :http://www.reid.org.br/?CONT=00000228
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