sexta-feira, 6 de agosto de 2010

CONTEXTO HISTÓRICO : REVOLTAS DURANTE A REPÚBLICA VELHA


CONTEXTO HISTÓRICO : REPUBLICA VELHA X REVOLTAS



De acordo com diversos estudos historiográficos, o fim do regime monárquico não representou a ascensão de profundas transformações no cenário social brasileiro. Apesar da libertação das populações escravas, a constituição republicana, de 1891, não buscava empreender nenhum tipo de projeto de inclusão social e econômica dessa população historicamente marginalizada. Ao mesmo tempo, a república foi marcada pelo predomínio das elites agro-
exportadoras no poder. 


O novo sistema eleitoral havia extinguido o voto censitário como pré-requisito para o alcance de direitos políticos. Entretanto, a proibição do voto dos analfabetos se tornou um novo item de exclusão de uma grande maioria que não tinha condições mínimas de acesso ao ensino. Além disso, a ausência de leis e um poder exclusivo para legislar sobre as questões eleitorais fizeram com que as primeiras décadas da República fossem gravemente atingidas pela fraude eleitoral. 

Foi nesse contexto que percebemos que o regime republicano gerou no interior de seus costumes uma crise de reconhecimento proveniente dessas populações marginalizadas. Afinal de contas, como seria possível se submeter aos poderes e obrigações de um Estado pouco interessado em atender as demandas daqueles que devia representar? Foi a partir desse impasse que observamos o aparecimento de uma série de revoltas que tomaram conta do país ao longo de
toda República Velha. 


Nessa época, o problema da exclusão sócio-econômica atingiu as populações do campo e da cidade. No meio rural, a hegemonia opressora dos coronéis impulsionavam os camponeses a se aproximarem das alternativas oferecidas pelos líderes messiânicos como José Maria (Contestado/SC), Antônio Conselheiro (Vaza-Barris/BA) e Padre Cícero (Juazeiro/CE). Em situações mais extremas, o chamado banditismo social impulsionava a formação de grupos de  cangaceiros que não reconheciam nenhum tipo de autoridade .


Nos proeminentes centros urbanos, o problema da exclusão era visivelmente fomentado por um governo ainda preso às tradições autoritárias e o perfil conservador dos grandes proprietários. No entanto, a formação da classe operária – influenciada pelo ideário socialista e anarquista – foi responsável pela formação dos primeiros movimentos grevistas e levantes populares, como a Revolta da Vacina de 1904. 


Paralelamente, os militares também mobilizaram sua classe em torno de manifestações contrárias ao poder  oligárquico. A primeira manifestação aconteceu na cidade do Rio de Janeiro, onde marinheiros tomaram conta de embarcações oficiais ao protestar contra os baixos salários e os castigos físicos combatidos na chamada Revolta da Chibata (1910). Na década seguinte, o interesse político dos militares ganhou maior presença com o movimento tenentista e a formação da Coluna Prestes. 


Todas essas rebeliões davam sinais claros de uma mudança no interior da nação. O Brasil não tinha mais seu campo político restrito ao meio rural , ou seja , o poder não se restringia mais ao campo , pois surgem neste contexto , os centros urbanos ; além das constantes crises na economia que  não mais suportavam um país  “ essencialmente ligado à agro-exportação “ . Paralelamente, a partir de 1914, nota-se  que o crescimento urbano e industrial inseriram novos grupos sociais dotados de interesses e demandas políticas próprias. A partir disso que compreendemos as diferentes revoltas que marcaram essa época.

Adaptado de : Rainer Sousa -  Equipe Brasil Escola

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