Desigualdade Social
A desigualdade social, chamada muitas vezes de desigualdade econômica, é um problema social presente em todos os países do mundo, decorrente da má distribuição de renda e, ademais, pela falta de investimento na área social.
No geral, a desigualdade social ocorre, nos países chamados subdesenvolvidosou não desenvolvidos, mediante falta de uma educação de qualidade, de melhores oportunidades no mercado de trabalho, e também da dificuldade deacesso aos bens culturais, históricos pela maior parte da população. Em outras palavras, a maioria fica a mercê de uma minoria que detém os recursos, o que gera as desigualdades.
Estudos afirmam que a desigualdade social surgiu com o capitalismo, ou seja, o sistema econômico que passa a perpetrar a ideia de acumulação de capital e depropriedade privada; ao mesmo tempo que incita o princípio da maiorcompetição e o nível das pessoas baseados no capital e no consumo
Desigualdade Social no Brasil
Mesmo que o país nos últimos anos tenha apresentado uma diminuição da pobreza, o nível de desigualdade social no Brasil ainda é muito notório. Veja o quanto em: Desigualdade Social no Brasil.
VIDEO : Desigualdades: descobrindo e convivendo com elas
Desigualdade Social no Mundo
Por ser um problema que atinge todos os lugares, a desigualdade social existe nos diferentes continentes, países, regiões, estados e cidades. Entretanto, há lugares em que os problemas são mais evidentes como, por exemplo, nos países africanos, os quais estão entre os mais desiguais do mundo.
Causas da Desigualdade Social
- Má distribuição de renda
- Má administração dos recursos
- Lógica do mercado capitalista (consumo, mais-valia)
- Falta de investimento nas áreas sociais, culturais, saúde e educação
- Falta de oportunidades de trabalho
- Corrupção
Consequências da Desigualdade Social
- Pobreza, miséria e favelização
- Fome, desnutrição e mortalidade infantil,
- Aumento das taxas de desemprego
- Diferentes classes sociais
- Marginalização de parte da sociedade
- Atraso no progresso da economia do país
- Aumento dos índices de violência e criminalidade
Tipos de Desigualdades
- Desigualdade econômica: desigualdade entre a distribuição de renda.
- Desigualdade racial: desigualdade entre as raças: negro, branco, amarelo, pardo.
- Desigualdade regional: desigualdade entre regiões, cidades e estados.
- Desigualdade de Gênero: desigualdade entre os sexos (homens e mulheres).
Curiosidades
- Segundo a ONU, o Brasil é o oitavo país com o maior índice de desigualdade social e econômica do mundo.
- O "Coeficiente de Gini" é uma medida utilizada para mensurar o nível de desigualdade dos países segundo renda, pobreza e educação.
- Na União Europeia, o país que apresenta maior desigualdade social é Portugal.
- Os países com menor desigualdade social são: Noruega, Japão e Suécia.
- Os países que apresentam maiores desigualdades sociais são do continente africano: Namíbia, Lesoto e Serra Leoa.
VIDEO: VIOLENCIA : UMA EXPRESSAO DA DESIGUALDADE SOCIAL
Violencia ... um olhar da Sociologia :
SOCIOLOGIA - TEXTO - VIOLÊNCIA - 2ª E.M.
A VIOLÊNCIA EM DEBATE
Não é tão simples definir a palavra ‘violência’, segundo sociólogos e pesquisadores deste tema. As conotações deste conceito variam conforme suas fontes. Por exemplo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), este termo significa impor um grau intenso de dor e sofrimento que não se pode evitar. Para os militantes dos direitos humanos, a ‘violência’ é entendida como a violação dos direitos civis. Mas os estudiosos crêem que seu significado é muito mais profundo.
A violência tem várias faces. Na verdade, a violência urbana é apenas uma delas, entre guerras, miséria, discriminações, e tantas mais. O ângulo aqui abordado é um dos mais discutidos e controvertido de nossos tempos. Os atos transgressores ocorridos no âmago das grandes cidades, de caráter estritamente agressivo, frutos da vida em sociedade na esfera urbana, caracterizam, em parte, este fenômeno social que se convencionou chamar de violência urbana.
Ela se expressa através dos níveis cada vez mais elevados de criminalidade, da sujeição freqüente ao domínio dos instintos selvagens e bárbaros, do crime organizado, principalmente em torno do tráfico de drogas, dos atos despidos de qualquer civilidade – aqui se compreendem também a constituição de gangues, as pixações, a espoliação dos bens públicos, o caos do trânsito, os pontos abandonados da cidade, sem nenhuma preservação ou manutenção, entre outros.
Infelizmente, a cultura de massa e um setor da mídia, irresponsável e sensacionalista, alimentam essas tendências explosivas das metrópoles, incentivando a violência por meio de filmes, músicas, novelas, um jornalismo policial preocupado apenas com uma audiência crescente, entre outros.
A violência está enraizada no próprio processo histórico brasileiro, desde os primórdios da colonização. Milhares de índios foram exterminados, culturas dizimadas, outros aborígenes escravizados, ao lado dos negros trazidos da África. Esse contexto foi, ao longo do tempo, agravando-se ainda mais. Depois da libertação dos escravos, da importação de mão-de-obra de outros países, os imigrantes, o número de excluídos e marginalizados da nossa sociedade foi crescendo significativamente.
À medida que as cidades passaram a inchar de forma caótica, desordenada, sem nenhum planejamento, absorvendo também os trabalhadores do campo, principalmente após a mecanização rural, sua população foi dividindo os territórios – um centro ocupado pela elite, alguns círculos habitados pela classe média, e uma periferia crescente que cada vez mais se expande por todos os espaços desocupados que restam nas metrópoles urbanas.
Tudo isso, somado a um sistema econômico que mais exclui do que inclui as pessoas, mecanismo cruel que, por um lado, explora os trabalhadores, aliena-os do produto de seu trabalho, e por outro estimula ao máximo o consumo, através dos canais disponibilizados pela mídia e pela cultura de massa. Assim, a maior parte dos jovens, excitados pelo apelo ao consumismo, sem perspectivas materiais e sociais, abandonados pelo Poder Público, que não investe o suficiente em políticas educacionais e culturais, vê abrir-se diante de seus olhos o universo do crime organizado, que eles acreditam lhes proporcionar tudo o que mais desejam. Este mundo, a princípio fascinante, ocupa o vácuo deixado pelo Estado, mas depois trai cada um de seus seguidores, oferecendo-lhes nada mais que uma vida perdida, sem dignidade, mergulhada nos vícios e em uma violência sem freios, que acaba ceifando suas próprias existências.
Assim, em sociedades nas quais as instituições revelam-se fracas e corrompidas, na qual a autoridade social encontra-se desacreditada, os valores morais atravessam uma fase de decadência e descrença, na qual até mesmo a família tem deixado de cumprir seu papel fundamental na esfera da educação e da concessão de limites, vemos a violência urbana ultrapassar inclusive as barreiras sociais, aliciando adeptos em todas as classes sociais, em qualquer faixa étnica, independente até mesmo de sexo, idade ou religião.
A própria vida perdeu seu sentido, daí presenciarmos linchamentos, justiça realizada pelas próprias mãos, crimes passionais, assassinatos resultantes de brigas no trânsito, em casas noturnas, shows, bares, entre pessoas aparentemente honestas e até aquele momento completamente obedientes às normas sociais e legais.
Hoje, em nosso país, a violência se dissemina também pelas cidades do interior, pois os grupos criminosos vão procurando novos territórios. Além disso, também essas pequenas cidades absorvem atualmente os problemas antes típicos das grandes metrópoles, principalmente a degradação moral. Torna-se urgente uma profunda reforma político-social, aliada a um resgate intenso dos valores esquecidos, perdidos pelo caminho. Esta ação depende do Estado, mas também de toda a sociedade organizada.
Fontes
http://www.infoescola.com/sociedade/violencia-nas-grandes-cidades/
http://www.serasa.com.br/guiacontraviolencia/violencia.htm
http://www.renascebrasil.com.br/f_violencia2.htm
http://www.comciencia.br/reportagens/violencia/vio09.htm
Org. : Rég!s
VIDEO : "As raízes históricas e sociais da
violência no Brasil" - Prof. Sérgio Adorno
SOCIOLOGIA 4º BIM - DESUMANIZAÇÃO E/OU COISIFICAÇÃO
A Arte como mercadoria: como “enfeitiçar” o público
A capacidade que a mercadoria possui de encobrir, de mistificar o que existe por trás dela (luta de classes, trabalho social, mais-valia, etc.) é o que Marx chamou de “fetichismo da mercadoria”. Como disse: “uma relação social definida, estabelecida entre os homens, assume a forma fantasmagórica de uma relação entre coisas”.
Com o surgimento do capitalismo, homens e mulheres foram paulatinamente afastados dos meios de produção, assim como do produto por eles criado. O confinamento dos operários nas fábricas tira destes não apenas a posse dos produtos, mas ele próprio deixa de ser o centro de si mesmo. O trabalhador tem um “contrato livre” de trabalho, mas não é ele quem escolhe o seu salário, ou a extensão da jornada, nem mesmo o seu ritmo. Tudo isso passa a ser comandado de fora por forças estranhas a ele. As mercadorias convertem-se em realidades soberanas e tirânicas, assumem formas abstratas e superiores aos humanos.
É essa “humanização” da mercadoria que leva, no contraponto, a “desumanização” do homem. Não por acaso a força de trabalho humana é transformada em mercadoria, vez que passa a ter um preço no mercado. A alienação e o fetiche, portanto, não são meramente teóricos, mas se manifestam na vida real das pessoas. Mesmo que essas continuem a produzir valores e criar identidades e cultura, há uma interseção das relações sociais tendo como base o mecanismo produtor da forma mercadoria, na tentativa de “ganhar a sua alma” e embotar a sua consciência.
Arte e Capitalismo: o exemplo do cinema
No mundo capitalista atual assistimos à crescente transformação da arte num verdadeiro acervo de mercadorias. Grande parte do que é produzido em termos culturais e artísticos é massificado, padronizado e colocado para consumo popular. O “espírito de mercadoria” permeia a produção artística. O cinema, apenas para lidar com um exemplo mais concreto, não constitui exceção. Ao contrário, apresenta-se como uma forma potencializada de mercadoria, pois, além de ser ele próprio uma mercadoria, e, assim como todas, mascarar a realidade, o cinema atual ainda traz em si a capacidade de fazer apologia de inúmeras outras mercadorias, pelo merchandising. As telas são invadidas por infinitas mercadorias que pululam artificialmente como uma imposição de consumo. Roteiros são modificados e a arte é sacrificada a bem da propaganda.
Já não é novidade, para quem gosta do “escurinho do cinema”, o encontro entre os filmes e a publicidade. Além disso, outras características despontam nas atuais produções cinematográficas, como a busca da simplicidade dos roteiros, diálogos e imagens. Isso sem falar nos invariáveis happy end (finais felizes). Tudo se faz para que um filme se assemelhe a comerciais de TV e videoclipes. Mark Crispin Miller, professor e crítico americano, em entrevista à Revista Veja de 25/07/1990, já chamava a atenção para os pontos acima citados. O esforço generalizado visa formar grandes públicos consumidores: a receita é rebaixar o nível e oferecer uma saída para a realidade.
Numa sociedade produtora de mercadorias, a estrutura do mecanismo de produção das mercadorias tende a se universalizar, o que leva, via de regra, à universalização do fetiche. Tudo o que se produz, mesmo em termos de arte, tende à padronização, ao estereótipo, ao caricatural. Tem-se, cada vez mais, que dar às “coisas” um padrão universal que esteja ao alcance do mercado. Por isso, os filmes são cada vez mais simples do ponto de vista do conteúdo e da forma. Assemelha-se a comerciais de TV, quer seja na simplicidade dos diálogos e dos roteiros, quer seja na descomplexidade das imagens. É necessário descomplicar e transformar a mercadoria em algo fácil e acessível a um mercado de milhões de consumidores.
Essa “descomplicação” também não se dá por acaso. Para isso são utilizados alguns mecanismos que fazem a universalização e massificação do objeto arte. Entra em cena o empresário da arte e as grandes companhias capitalistas. Não raro, pessoas que chefiam a produção de filmes são grandes executivos de empresas. Existe uma interação entre o produtor e o consumidor da arte. Um empresário, ao produzir um filme, age como um outro ao desenhar um modelo de carro. Pensa num determinado tipo de consumidor para o seu produto. Ele vai determinar o tipo de consumidor e o modo como o produto vai ser consumido. Para isso, vai criar, por intermédio da propaganda, a excitação para o consumo, ou seja, vai criar os estímulos que deverão ser assimilados pelo consumidor.
É aí que se dá, de fato, a interação, pois o consumo, por seu lado, não é inerte, mas ele também condiciona a vocação do produtor. O consumo inspira ao produtor o tipo de produção a ser realizada. Se um carro não agradar — e não vender — será rapidamente tirado do mercado, ou modificado para posterior apresentação dentro de novos padrões. É obedecendo a esse tipo de lógica capitalista que o “produtor de arte” não se preocupa em produzir verdadeiramente arte. Conhecendo a concepção viciada e alienada do grande público (que assim é devido aos mecanismos produtores de alienação, que o condicionou), ajusta-se ao padrão de consumo rebaixado. Alguns desses fatores mudaram a expectativa do público ao longo das últimas décadas. Submetidos a tais estímulos, aos poucos o consumidor aprendeu a só responder positivamente ao padrão do fácil e caricatural.
Não é à toa, por isso, o número de programas em que “a votação do público faz o final”, ou que este intercede até na mudança de roteiros de filmes e de seus finais. Não se sabe mais lidar com o desapontamento. O que se procura, então, é um programa que nos dê “uma diversão pura, para oferecer uma saída para essa realidade” (Crispin Miller). Aqui entendemos a insistência do produtor capitalista em elaborar seus imutáveis happy end para que o público deixe a sala de projeção “pacificado, infantilizado”. E mais: idiotizado, trapaceado, enganado. O cinema, produzido dessa maneira, transforma-se no fetiche que satisfaz.
Cinema e publicidade
Como dissemos, o merchandising permeia os roteiros das produções cinematográficas que são controladas por empresas especializadas em modelar padrões estéticos e culturais, assim como padrões de gosto e consumo. O casamento entre o cinema e a publicidade, torna ainda mais eficaz o processo desenvolvido pelos ideólogos capitalistas, que consiste em mascarar a realidade, não permitindo ver o que está por trás dela.
Vivemos numa sociedade em que predomina a produção alienada e fácil, onde também o consumo tende a ser alienado. A produção em massa tem como objetivo o consumo de massa. É essa visão, a um só tempo clara e torpe, que impõe como linguagem cinematográfica, a mais eficaz para um consumo universalizado: a linguagem do senso-comum. Foi assim que se desenvolveu uma espécie de “cinema folhetim” capaz de abastecer amplas camadas da população. A linguagem da ficção tornou o cinema um mero contador de estórias. É isso que o torna acessível a um vasto mercado consumidor, sem falar que uma linguagem não se desenvolve abstratamente, mas em função de um projeto: vender e alienar.
A estrutura narrativa desenvolvida pelo cinema tornou-se cada vez mais simplificada e relacionada com o espaço. A junção dos filmes, comerciais e videoclipes levou ao aparecimento dos trihlers, o filme padrão dos anos 90, que busca tornar-se tão simples como uma propaganda comercial e tão frenético quanto um videoclipe. Recursos estilísticos mais complexos são abandonados para a entrada da violência, da velocidade e da música penetrante. Tudo contribui para traçar um quadro hiper-real, tão intenso quanto as crescentes solicitações da maior parte do público espectador, jovens entre 15 e 25 anos. E aqui estamos, mais uma vez, com outro exemplo de uma estreita relação entre o produtor e o consumidor do objeto de arte: incapazes de se emocionar com antigos níveis de violência ou com outros tipos de sugestões mais elaboradas, põem-se os empresários a produzir filmes para agradar esse público. A união do útil ao agradável, da alienação e da acumulação, cai como uma luva, ao tempo em que a ordem social é mantida.
A tentativa de padronização da consciência humana se dá pela simplificação da linguagem e dos recursos de percepção. A tipos de linguagem correspondem tipos de pensamento. Se o uso da linguagem do senso-comum se dá de forma massificadora, há uma tendência a se disseminar o pensamento senso-comum, que só se expressa a partir da percepção, da representação de objetos reais, do imediato. Há, no nosso dia-a-dia, cada vez menos espaço para o pensamento abstrato, mediato, que estabelece relações não perceptíveis formalmente, que cria conceitos, enfim, que pode revolucionar.
A tentativa de desumanização ou coisificação de homens e mulheres (para ser politicamente correto!) é um dos recursos mais largamente utilizados pelos mecanismos produtores de alienação. Nos filmes, assim como em toda a mídia, as necessidades de consumo são artificialmente estimuladas. Buscam, com os seus anúncios, despertar emoções de prazer, alegria, contentamento, felicidade, etc. Acabam irracionalmente mostrando às pessoas que elas precisam de determinado artigo para conquistar para si a emoção veiculada. O espectador que vê o seu herói se refrescar com uma coca-cola, por exemplo, pára na mais próxima loja de conveniência (vejam o nome!) e, diante de um calor infernal, delicia-se com o artigo que lhe foi imposto. Muito mais do que o produto, bebeu ele, ainda que inconscientemente, a marca.
A alienação e a excitação ao consumo acabam modelando a consciência do espectador e veiculando valores que deverão ser assimilados por ele, valores estes que estão centrados no “ter” cada vez mais as coisas. É obvio que isso não se dá para todos os espectadores, mas o mecanismo é por demais eficiente para um percentual significativo de pessoas, considerando, também, a quantidade de suas repetições. É a eficácia desse mecanismo que leva ao torpor das consciências e a um padrão de comportamento e consumo cada vez mais uniforme, desumanizando seres humanos, podando sua capacidade crítica de pensar.
A realidade e a ficção da realidade
A dicotomia produção-consumo, numa sociedade eminentemente consumidora, já é, como vimos, um mecanismo produtor e potencializador de alienação. Por mais que acabem criando e/ou reciclando valores, as pessoas são impedidas de ver com clareza a própria exploração e a perda de sua liberdade. Perdendo a capacidade de contestar, fica praticamente destruída a sua capacidade de atuação no campo da política, da arte, e em vários espaços sociais.
Praticamente, tudo o que se produz e é colocado para consumo de massa está carregado de ideologia: o cinema, os noticiários de tv, a imprensa escrita, a literatura, os desenhos animados, as novelas, dentre tantos exemplos que nos cercam. Todos esses mecanismos veiculam valores que visam adequar o indivíduo à sociedade, integrando-o à ordem estabelecida. A realidade mostrada não raro é estereotipada, idealizada e deformada. A visão do trabalho iguala o que é desigual, ocultando a dureza e alienação das jornadas massacrantes que compõem a vida real. A sociedade, como mais um estereótipo, é um roteiro interminável de harmonia (ou de não contradições), e cada pessoa cumpre o seu papel como se fosse um destino ao qual não se pode fugir, e a que deve se conformar, de preferência, com alegria e prazer. A impressão que é passada de pobreza e riqueza é absolutamente “natural” e não “social”, como se estas fizessem parte da natureza das coisas e não fossem o resultado da ação de mulheres e homens no fazer de sua história. A generosidade e filantropia dos ricos chegam a comover!
Mais uma vez os happy end das novelas e dos cinemas ajudam a estereotipar esse mundo. Neles, as personagens acabam se casando e se encontrando e vivendo “felizes para sempre”. Na dicotomia “bem versus mal” o primeiro é sempre o vencedor. Todo o substrato social e a luta de classes e todos os problemas concretos, cotidianos e históricos vividos pela grande maioria do público espectador, o trabalhador, não importa. O principal é que as personagens achem seus príncipes e princesas encantadas, casem-se, e assim tudo está resolvido. O encantamento é parte do feitiço que aplaca as agruras quando se descobre que não há como pagar as contas, ou mesmo, para muitos, o que comer.
Conclusão
Os processos atrás descritos são amplamente utilizados pela classe dominante para escamotear a realidade e camuflar a desigualdade. Foi o que tentamos abordar nesta matéria discorrendo sobre o fetiche e a alienação, priorizando o exemplo do cinema. A nós é passado, a um só tempo, uma falsa ilusão de mobilidade — que existe numa quantidade diminuta em relação ao todo social —, mas também uma visão estática e imobilista do mundo. Os problemas, de ordem histórica e social, são por nós assimilados como “coisas naturais”. Há todo um mecanismo estrutural (o fetiche da mercadoria) e também subjetivo (a propaganda ideológica) que tenta impedir a nossa tomada de consciência dos conflitos e contradições da sociedade. Ao fazer isso, é criada, pelo contrário, a predisposição ao conformismo e à passividade.
No fundo, esse processo é extremamente eficaz e gera a incapacidade de boa parte dos trabalhadores de perceber o mecanismo de alienação. Este começa na divisão do trabalho, perpassa o Estado e chega aos meios de comunicação, pelos quais é veiculado via senso-comum. É assim que é completado o circuito, quando as pessoas não conseguem ultrapassar as aparências e chegar à essência, à realidade que há por detrás de cada fato ou de cada produto, por mais inocentes que pareçam.
FONTE : http://www.saiunojornal.com.br/o-mundo-e-uma-grande-uniban-geisy-arruda-vestido-rosa-curto.html
http://opop.sites.uol.com.br/ger_n6_6.htm
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