quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Texto para o 3º ano - SOCIOLOGIA - FELIPPE CANTUSIO

Género (sociedade)

Género  ou Gênero refere-se às diferenças entre homens e mulheres. Ainda que gênero seja usado como sinônimo de sexo, nas ciências sociais refere-se às diferenças sociais, conhecidas nas ciências biológicas como papel de gênero. Historicamente, feminismo   posicionou os papéis de gênero como construídos socialmente, independente de qualquer base biológica. Pessoas cuja identidade de gênero difere do gênero designado de acordo com o sexo são normalmente identificadas como transexuais ou transgêneros.
O biólogo britânico Richard Dawkins critica o uso da palavra gênero como um sinônimo eufemístico de sexo[1], pelo fato de que essa palavra foi tomada como empréstimo do conceito de gênero gramatical, que só reflete a divisão entre masculino e feminino em algumas línguas (principalmente as indo-européia), enquanto outras possuem outros tipos de divisão de gêneros totalmente desvinculada do sexo, como, por exemplo, gênero animado e gênero inanimado.

Sociologia  -  Ao sexologista John Money, é creditada a expressão papel de gênero (gender role) em 1955. "A expressão papel de gênero é usada para significar tudo o que a pessoa diz ou faz para evidenciar a si mesma como garoto ou homem, como garota ou mulher, respectivamente. Isso inclui, mas não é restrito a, sexualidade, no senso de erotismo."[2] Elementos de tais papéis incluem vestimenta, modo de falar, gestos, profissão e outros fatores que não são limitados pelo sexo biológico. Por se presumir que os aspectos sociais de gênero são normalmente os aspectos de interesse na sociologia e disciplinas relacionadas, papel de gênero é normalmente abreviado por gênero. sem que haja ambigüidade neste contexto.Muitas sociedades possuem apenas dois papéis de gênero -- masculino ou feminino -- e estes correspondem com o sexo biológico. Entretanto, algumas sociedades explicitamente incorporam pessoas que adotam o papel de gênero oposto ao sexo biológico, por exemplo Dois-espíritos, pessoas de algumas sociedades indígenas norte-americanas. Outras sociedades incluem papéis bem desenvolvidos que são explicitamente considerados distintos dos arquétipos masculinos e femininos. Na linguagem da sociologia de gênero há a inclusão de um terceiro-gênero, um tanto distinto do sexo biológico (algumas vezes a base para os papéis de gênero incluem a intersexualidade ou incorpora eunucos).


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 Um exemplo é o papel de gênero adotado pelas Hijras da Índia e Paquistão. O povo Bugis de Celebes, Indonésia possui uma tradição de incorporar todas as características acima. Joan Roughgarden, uma bióloga estadunidense, argumenta que em algumas espécies animais não-humanas, ocorre a existência de mais de dois gêneros, de forma que pode haver múltiplas formas de comportamento disponíveis para organismos de um determinado sexo biológico.[3]Considerando as dinâmicas sociais como as apresentadas acima debate-se quais das diferenças entre gêneros masculinos e femininos são aprendidas socialmente, ou refletidas biologicamente. Construcionistas sociais argumentam que os papéis de gênero são inteiramente arbitrários, e que a biologia não interfere nos comportamentos sociais.A sociologia contemporânea refere-se aos papéis de gênero masculino e feminino como masculinidades e feminilidades, respectivamente no plural ao invés do singular, enfatizando a diversidade tanto dentro das culturas como entre as mesmas.

Feminismo e estudos de gênero

A filósofa e feminista Simone de Beauvoir aplicou o existencialismo para a experiência de vida da mulher: “Ninguém nasce mulher: torna-se mulher”.[4] No contexto é um testamento filosófico, entretanto é verdade biologicamente – uma garota precisa passar pela puberdade para se tornar uma mulher – verdade sociológica – a maturidade em relação ao contexto social é aprendida, não instintiva – e verdade nos estudos de gênero – a feminilidade como uma aprendizagem social e cultural.

Dentro da teoria feminista a terminologia para as questões de gênero desenvolveu-se por volta da década de 1970. Na edição de 1974 do livro Masculine/Feminine or Human? de Janet S. Chafetz, a autora usa “gênero inato” e “papéis sexuais aprendidos”, mas na edição de 1978, o uso de sexo e gênero é invertido. Na década de 1980, a maioria dos escritos feministas passaram a concordar no uso de gênero apenas para aspectos socioculturais adaptados.

Nos estudos de gênero o termo gênero é usado para se referir às construções sociais e culturais de masculinidades e feminilidades. Neste contexto, gênero explicitamente exclui referências para as diferenças biológicas e foca nas diferenças culturais. Isto emergiu de diferentes áreas: da sociologia nos anos 50; das teorias do psicoanalista Jacques Lacan; e no trabalho de feministas como Judith Butler. Os que seguem Butler reconhecem os papéis de gênero como uma prática, algumas vezes referidos como “performativo.” [5]

Situação Legal

O sexo masculino ou feminino das pessoas possui significância legal – sexo é indicado em documentos legais, e leis agem diferentemente sobre homens e mulheres. Muitos sistemas de pensão possuem idades de aposentadoria diferentes para homens ou mulheres. O casamento é permitido normalmente para casais de sexo opostos.

A questão que surge é sobre o que determina alguém como masculino ou feminino. Na maioria dos casos isto pode parecer óbvio, mas a questão se complica para pessoas intersexuais ou transgênero. Jurisdições diferentes têm adotado respostas diferentes para esta questão. Praticamente todos os países permitem mudança do status legal de gênero nos casos de intersexualidade, quando o gênero designado no nascimento é considerado biologicamente inacurado – tecnicamente, entretanto, esta não é uma mudança de status por si. E um reconhecimento de um status que já existia, mas desconhecido, no nascimento. Nos últimos tempos, jurisdições também têm provido de procedimentos para mudanças no gênero legal de pessoas transgêneros.

O gênero designado, quando há indicações de que a genitália sexual pode não ser decisiva em casos particulares é normalmente definida por uma série de condições, incluindo cromossomos e gônadas. Assim, por exemplo, em muitas jurisdições uma pessoa com cromossomos XY mas com gônodas femininas pode ser reconhecida como feminina no nascimento.

A habilidade de alterar o gênero legal para pessoas transgêneros em particular têm levantado o fenômeno em algumas jurisdições da mesma pessoa ter gêneros diferentes para diferentes áreas da lei. Por exemplo, na Austrália, pessoas transexuais poderiam ser reconhecidas como tendo o gênero que identificavam sob muitas áreas da lei, incluindo a previdência social, mas não para a lei do casamento. Assim, por um período, foi possível para a mesma pessoa ter dois gêneros diferentes sob a lei australiana.

É possível também em sistemas federais para a mesma pessoa ter um gênero sob uma lei estadual e um gênero diferente sob uma lei federal (um estado reconhece transições de gênero, mas o governo federal não).

Gênero e cooperação

Gênero, e particularmente os papéis da mulher são extensamente reconhecidos como importantes para as questões de cooperação internacional. Isto muitas vezes significa um foco em igualdade de gênero, garantindo participação, mas inclui um entendimento dos diferentes papéis e espectativas dos gêneros dentro das comunidades.

Assim como endereçar as desigualdades diretamente, a atenção para questões de gênero é considerada importante para o sucesso dos programas desenvolvidos, para todos os participantes. Algumas organizações que trabalham em países em desenvolvimento e na questão do desenvolvimento incorporaram a advocacia e empoderamento das mulheres nos seus trabalhos. Um exemplo notável é a organização ambiental queniana de Wangari Maathai chamada Green Belt.

 

Referências

1.         Dawkins, Richard "O gene egoísta": ISBN 853190188X
2.         Money, John "Hermaphroditism, gender and precocity in hyperadrenocorticism: Psychologic findings', Bulletin of the Johns Hopkins Hospital 96 (1955): 253–264. Traduzido da Wikipédia em inglês
3.         Roughgarden, Joan "Evolução do Gênero e da Sexualidade", Editora Planta
4.         De Beauvoir, Simone “O Segundo Sexo Vol. 2, pág. 9. Tradução Sérgio Millet, Ed. Nova Fronteira.
5.         Judith Butler “Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade.”, Civilização Brasileira, 2003

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