domingo, 16 de outubro de 2011

SOCIOLOGIA 4º BIM - DESUMANIZAÇÃO E/OU COISIFICAÇÃO

A Arte como mercadoria: como “enfeitiçar” o público

A capacidade que a mercadoria possui de encobrir, de mistificar o que existe por trás dela (luta de classes, trabalho social, mais-valia, etc.) é o que Marx chamou de “fetichismo da mercadoria”. Como disse: “uma relação social definida, estabelecida entre os homens, assume a forma fantasmagórica de uma relação entre coisas”.
Com o surgimento do capitalismo, homens e mulheres foram paulatinamente afastados dos meios de produção, assim como do produto por eles criado. O confinamento dos operários nas fábricas tira destes não apenas a posse dos produtos, mas ele próprio deixa de ser o centro de si mesmo. O trabalhador tem um “contrato livre” de trabalho, mas não é ele quem escolhe o seu salário, ou a extensão da jornada, nem mesmo o seu ritmo. Tudo isso passa a ser comandado de fora por forças estranhas a ele. As mercadorias convertem-se em realidades soberanas e tirânicas, assumem formas abstratas e superiores aos humanos.
É essa “humanização” da mercadoria que leva, no contraponto, a “desumanização” do homem. Não por acaso a força de trabalho humana é transformada em mercadoria, vez que passa a ter um preço no mercado. A alienação e o fetiche, portanto, não são meramente teóricos, mas se manifestam na vida real das pessoas. Mesmo que essas continuem a produzir valores e criar identidades e cultura, há uma interseção das relações sociais tendo como base o mecanismo produtor da forma mercadoria, na tentativa de “ganhar a sua alma” e embotar a sua consciência.
Arte e Capitalismo: o exemplo do cinema

No mundo capitalista atual assistimos à crescente transformação da arte num verdadeiro acervo de mercadorias. Grande parte do que é produzido em termos culturais e artísticos é massificado, padronizado e colocado para consumo popular. O “espírito de mercadoria” permeia a produção artística. O cinema, apenas para lidar com um exemplo mais concreto, não constitui exceção. Ao contrário, apresenta-se como uma forma potencializada de mercadoria, pois, além de ser ele próprio uma mercadoria, e, assim como todas, mascarar a realidade, o cinema atual ainda traz em si a capacidade de fazer apologia de inúmeras outras mercadorias, pelo merchandising. As telas são invadidas por infinitas mercadorias que pululam artificialmente como uma imposição de consumo. Roteiros são modificados e a arte é sacrificada a bem da propaganda.
Já não é novidade, para quem gosta do “escurinho do cinema”, o encontro entre os filmes e a publicidade. Além disso, outras características despontam nas atuais produções cinematográficas, como a busca da simplicidade dos roteiros, diálogos e imagens. Isso sem falar nos invariáveis happy end (finais felizes). Tudo se faz para que um filme se assemelhe a  comerciais de TV e videoclipes. Mark Crispin Miller, professor e crítico americano, em entrevista à Revista Veja de 25/07/1990, já chamava a atenção para os pontos acima citados. O esforço generalizado visa formar grandes públicos consumidores: a receita é rebaixar o nível e oferecer uma saída para a realidade.
Numa sociedade produtora de mercadorias, a estrutura do mecanismo de produção das mercadorias tende a se universalizar, o que leva, via de regra, à universalização do fetiche. Tudo o que se produz, mesmo em termos de arte, tende à padronização, ao estereótipo, ao caricatural. Tem-se, cada vez mais, que dar às “coisas” um padrão universal que esteja ao alcance do mercado. Por isso, os filmes são cada vez mais simples do ponto de vista do conteúdo e da forma. Assemelha-se a comerciais de TV, quer seja na simplicidade dos diálogos e dos roteiros, quer seja na descomplexidade das imagens. É necessário descomplicar e transformar a mercadoria em algo fácil e acessível a um mercado de milhões de consumidores.
Essa “descomplicação” também não se dá por acaso. Para isso são utilizados alguns mecanismos que fazem a universalização e massificação do objeto arte. Entra em cena o empresário da arte e as grandes companhias capitalistas. Não raro, pessoas que chefiam a produção de filmes são grandes executivos de empresas. Existe uma interação entre o produtor e o consumidor da arte. Um empresário, ao produzir um filme, age como um outro ao desenhar um modelo de carro. Pensa num determinado tipo de consumidor para o seu produto. Ele vai determinar o tipo de consumidor e o modo como o produto vai ser consumido. Para isso, vai criar, por intermédio da propaganda, a excitação para o consumo, ou seja, vai criar os estímulos que deverão ser assimilados pelo consumidor.
É aí que se dá, de fato, a interação, pois o consumo, por seu lado, não é inerte, mas ele também condiciona a vocação do produtor. O consumo inspira ao produtor o tipo de produção a ser realizada. Se um carro não agradar — e não vender — será rapidamente tirado do mercado, ou modificado para posterior apresentação dentro de novos padrões. É obedecendo a esse tipo de lógica capitalista que o “produtor de arte” não se preocupa em produzir verdadeiramente arte. Conhecendo a concepção viciada e alienada do grande público (que assim é devido aos mecanismos produtores de alienação, que o condicionou), ajusta-se ao padrão de consumo rebaixado. Alguns desses fatores mudaram a expectativa do público ao longo das últimas décadas. Submetidos a tais estímulos, aos poucos o consumidor aprendeu a só responder positivamente ao padrão do fácil e caricatural.
Não é à toa, por isso, o número de programas em que “a votação do público faz o final”, ou que este intercede até na mudança de roteiros de filmes e de seus finais. Não se sabe mais lidar com o desapontamento. O que se procura, então, é um programa que nos dê “uma diversão pura, para oferecer uma saída para essa realidade” (Crispin Miller). Aqui entendemos a insistência do produtor capitalista em elaborar seus imutáveis happy end para que o público deixe a sala de projeção “pacificado, infantilizado”. E mais: idiotizado, trapaceado, enganado. O cinema, produzido dessa maneira, transforma-se no fetiche que satisfaz.

Cinema e publicidade
Como dissemos, o merchandising permeia os roteiros das produções cinematográficas que são controladas por empresas especializadas em modelar padrões estéticos e culturais, assim como padrões de gosto e consumo. O casamento entre o cinema e a publicidade, torna ainda mais eficaz o processo desenvolvido pelos ideólogos capitalistas, que consiste em mascarar a realidade, não permitindo ver o que está por trás dela.
Vivemos numa sociedade em que predomina a produção alienada e fácil, onde também o consumo tende a ser alienado. A produção em massa tem como objetivo o consumo de massa. É essa visão, a um só tempo clara e torpe, que impõe como linguagem cinematográfica, a mais eficaz para um consumo universalizado: a linguagem do senso-comum. Foi assim que se desenvolveu uma espécie de “cinema folhetim” capaz de abastecer amplas camadas da população. A linguagem da ficção tornou o cinema um mero contador de estórias. É isso que o torna acessível a um vasto mercado consumidor, sem falar que uma linguagem não se desenvolve abstratamente, mas em função de um projeto: vender e alienar.
A estrutura narrativa desenvolvida pelo cinema tornou-se cada vez mais simplificada e relacionada com o espaço. A junção dos filmes, comerciais e videoclipes levou ao aparecimento dos trihlers, o filme padrão dos anos 90, que busca tornar-se tão simples como uma propaganda comercial e tão frenético quanto um videoclipe. Recursos estilísticos mais complexos são abandonados para a entrada da violência, da velocidade e da música penetrante. Tudo contribui para traçar um quadro hiper-real, tão intenso quanto as crescentes solicitações da maior parte do público espectador, jovens entre 15 e 25 anos. E aqui estamos, mais uma vez, com outro exemplo de uma estreita relação entre o produtor e o consumidor do objeto de arte: incapazes de se emocionar com antigos níveis de violência ou com outros tipos de sugestões mais elaboradas, põem-se os empresários a produzir filmes para agradar esse público. A união do útil ao agradável, da alienação e da acumulação, cai como uma luva, ao tempo em que a ordem social é mantida. 
A tentativa de padronização da consciência humana se dá pela simplificação da linguagem e dos recursos de percepção. A tipos de linguagem correspondem tipos de pensamento. Se o uso da linguagem do senso-comum se dá de forma massificadora, há uma tendência a se disseminar o pensamento senso-comum, que só se expressa a partir da percepção, da representação de objetos reais, do imediato. Há, no nosso dia-a-dia, cada vez menos espaço para o pensamento abstrato, mediato, que estabelece relações não perceptíveis formalmente, que cria conceitos, enfim, que pode revolucionar.
 tentativa de desumanização ou coisificação de homens e mulheres (para ser politicamente correto!) é um dos recursos mais largamente utilizados pelos mecanismos produtores de alienação. Nos filmes, assim como em toda a mídia, as necessidades de consumo são artificialmente estimuladas. Buscam, com os seus anúncios, despertar emoções de prazer, alegria, contentamento, felicidade, etc. Acabam irracionalmente mostrando às pessoas que elas precisam de determinado artigo para conquistar para si a emoção veiculada. O espectador que vê o seu herói se refrescar com uma coca-cola, por exemplo, pára na mais próxima loja de conveniência (vejam o nome!) e, diante de um calor infernal, delicia-se com o artigo que lhe foi imposto. Muito mais do que o produto, bebeu ele, ainda que inconscientemente, a marca.
A alienação e a excitação ao consumo acabam modelando a consciência do espectador e veiculando valores que deverão ser assimilados por ele, valores estes que estão centrados no “ter” cada vez mais as coisas. É obvio que isso não se dá para todos os espectadores, mas o mecanismo é por demais eficiente para um percentual significativo de pessoas, considerando, também, a quantidade de suas repetições. É a eficácia desse mecanismo que leva ao torpor das consciências e a um padrão de comportamento e consumo cada vez mais uniforme, desumanizando seres humanos, podando sua capacidade crítica de pensar.

A realidade e a ficção da realidade
A dicotomia produção-consumo, numa sociedade eminentemente consumidora, já é, como vimos, um mecanismo produtor e potencializador de alienação. Por mais que acabem criando e/ou reciclando valores, as pessoas são impedidas de ver com clareza a própria exploração e a perda de sua liberdade. Perdendo a capacidade de contestar, fica praticamente destruída a sua capacidade de atuação no campo da política, da arte, e em vários espaços sociais.
Praticamente, tudo o que se produz e é colocado para consumo de massa está carregado de ideologia: o cinema, os noticiários de tv, a imprensa escrita, a literatura, os desenhos animados, as novelas, dentre tantos exemplos que nos cercam. Todos esses mecanismos veiculam valores que visam adequar o indivíduo à sociedade, integrando-o à ordem estabelecida. A realidade mostrada não raro é estereotipada, idealizada e deformada. A visão do trabalho iguala o que é desigual, ocultando a dureza e alienação das jornadas massacrantes que compõem a vida real. A sociedade, como mais um estereótipo, é um roteiro interminável de harmonia (ou de não contradições), e cada pessoa cumpre o seu papel como se fosse um destino ao qual não se pode fugir, e a que deve se conformar, de preferência, com alegria e prazer. A impressão que é passada de pobreza e riqueza é absolutamente “natural” e não “social”, como se estas fizessem parte da natureza das coisas e não fossem o resultado da ação de mulheres e homens no fazer de sua história. A generosidade e filantropia dos ricos chegam a comover!
Mais uma vez os happy end das novelas e dos cinemas ajudam a estereotipar esse mundo. Neles, as personagens acabam se casando e se encontrando e vivendo “felizes para sempre”. Na dicotomia “bem versus mal” o primeiro é sempre o vencedor. Todo o substrato social e a luta de classes e todos os problemas concretos, cotidianos e históricos vividos pela grande maioria do público espectador, o trabalhador, não importa. O principal é que as personagens achem seus príncipes e princesas encantadas, casem-se, e assim tudo está resolvido. O encantamento é parte do feitiço que aplaca as agruras quando se descobre que não há como pagar as contas, ou mesmo, para muitos, o que comer.

Conclusão
Os processos atrás descritos são amplamente utilizados pela classe dominante para escamotear a realidade e camuflar a desigualdade. Foi o que tentamos abordar nesta matéria discorrendo sobre o fetiche e a alienação, priorizando o exemplo do cinema. A nós é passado, a um só tempo, uma falsa ilusão de mobilidade — que existe numa quantidade diminuta em relação ao todo social —, mas também uma visão estática e imobilista do mundo. Os problemas, de ordem histórica e social, são por nós assimilados como “coisas naturais”. Há todo um mecanismo estrutural (o fetiche da mercadoria) e também subjetivo (a propaganda ideológica) que tenta impedir a nossa tomada de consciência dos conflitos e contradições da sociedade. Ao fazer isso, é criada, pelo contrário, a predisposição ao conformismo e à passividade.
No fundo, esse processo é extremamente eficaz e gera a incapacidade de boa parte dos trabalhadores de perceber o mecanismo de alienação. Este começa na divisão do trabalho, perpassa o Estado e chega aos meios de comunicação, pelos quais é veiculado via senso-comum. É assim que é completado o circuito, quando as pessoas não conseguem ultrapassar as aparências e chegar à essência, à realidade que há por detrás de cada fato ou de cada produto, por mais inocentes que pareçam.


O escândalo do vestido curto – O mundo é uma grande UNIBAN


Nem vestido, nem moralismo, nem faculdade ruim. A explicação para o caso Geisy Arruda está dentro de você.
Qualquer um está sujeito a se comportar de forma má. Ainda mais num mundo com adultos em extinção.
CALMA. Este não é mais um texto para descer a lenha na “selvageria dos alunos da Uniban” nem outra defesa de que todo mundo pode usar a roupa que quiser. Aqui, o vestido é o de menos. E a selvageria não é exclusividade daqueles estudantes. Ela está em você também.
       

      ANTES E DEPOIS  DO USO PELA MÍDIA


Para boa parte de quem estuda a psicologia das sociedades, a violência imposta a Geisy não só faz parte da natureza humana como nem precisa de grandes estímulos para das as caras. Basta não haver uma pressão contra a violência que ela surge. A ciência começou a levar isso a sério com os experimentos do psicólogo americano Philip Zimbardo. Em 1968 ele transformou os porões do Departamento de Psicologia da Universidade Stanford num presídio simulado. Chamou 18 estudantes e, em troca de um pagamento que daria U$$ 75 em valores atuais, pediu para que eles ficassem duas semanas ali. Metade faria o papel de guardas e os outros op de prisioneiros. Estes tinham a obrigação de obedecer a todas as ordens dos policiais, sob pena de serem banidos do experimento e deixar de ganhar o dinheiro. De cara, os guardas se aproveitaram dessa posição superior. Passaram a se comportar como sádicos – gritando na orelhas dos prisioneiros, borrifando extintores de incêndio na cara deles, obrigando-os a lavar privadas com as mãos…
Os prisioneiros começaram a surtar. E Zimbardo teve que interroper o experimento uma semana antes do previsto.
Para o psicólogo, tivesse a moeda dado mais meia volta e os estudantes ficando em situações opostas, quem assumisse o papel de guarda se comportaria do mesmo jeito. O que explicava o sadismo dos sujeitos, então, era o ambiente. Um ambiente que trazia 3 condições básicas que levam ao mal. E que estavam presentes na Uniban também. As seguintes:
1 – Desumanização da vítima. Em Stanford, os prisioneiros não tinham nome. Eram só números. Os guardas não os viam como gente, mas como
coisas. É o que acontece quando o terror se instaura na vida real. No genocídio de Ruanda, hútus matavam tútsis ao som de programas de rádio que chamavam o inimigo de baratas. No nazismo, a propaganda estatal retratava os judeos como ratos em pôsteres e filmes. Numa escala bem menor, calouros são chamados de “bichos” em universidades paulistas. E às vezes acabam mortos. No dia a dia, usamos o zoológico inteiro: vaca, piranha, galinha, pato, macaco, porco. O caso da Uniban começou com um coisificação nessa linha. E numa escala menor ainda: um grupo de homens ficou atiçando outros homens para ir até uma das salas de aula ver uma “gostosa quase pelada”. Não era mais Geisy Arruda, mas uma figura desumanizada, quase um objeto de consumo. Para o sicialmente aceito “gostosa” descer até “vaca” e “puta” foi um pulo, porque nos corredores da Universidade Uniban havia outra condição amigável ao mal: nosso segundo item.
2 – Justificativa moral
Quando agredir alguém parece a atitude correta, nem faz sentido ser bonzinho. George W. Bush usou o termo “guera contra o terror” para que a invasão ao Iraque parecesse justa. Geisy não derrubou um World Trade Center, mas cutucou uma onça da psicologia social com vara curta. Outras meninas da faculdade estavam dispostas a punir a loira por um motivo concreto: seu comportamento exibicionista. Em um dos vídeos que foram para o YouTube, por exemplo, uma menina diz: “Olha, ela tá chorando.” E outra: ” Ah, dane-se!” Em entrevistas depois do caso, várias alunas mantiveram a convicção de que quem errou foi Geisy. Faz sentido. Reações contra o narcisismo acontecem em qualquer ambiente, mesmo quando não há vestido curto nem atributos físicos na história. Quem suporta alguém que fica o tempo todo se vangloriando da própria inteligência, por exemplo? Ali era basicamente a mesma coisa, só que com o corpo. Para os homens, uma mulher que vai com “roupa de festa” para a faculdade não é um problema. Muito pelo contrário. Mas a raiva de algumas meninas contra a vulgaridade da colega era a grande justificativa moral para a baderna. Baderna que só cresceu e se multiplicou porque outro ingrediente para a maldade estava lá. O….
3 – Efeito manada
Se todo mundo pular pela janela, você pula. Se todo mundo jogar pedra na Geni é a mesma coisa. Principalmente se você for homem e esse comportamento agradar a outras mulheres – no caso, as colegas incomodadas com o exibicionismo da moça. Se o ambiente for uma terra sem lei, isso acontece mais ainda. É o caso das escolas. Muitas crianças são hostilizadas durante anos por colegas sem que os professores movam uma palha. A pressão contra a violência moral é pífia – e inversamente proporcional o prazer que ela dá aos agressores.
E aí entramos no maior problema do caso Geisy: até outro dia as universidades eram lugares distantes desse mundo hostil que faz parte da infância e da adolescência. Agora é diferente. Com pessoas tendo filhos cada vez mais tarde e demorando mais para sair da casa dos pais, a vida adulta propriamente dita demora cada vez mais para começar. Para o bem e para o mal. E não só na UNIBAN.
Por Alexandre Versignassi e Maurício Horta :

FONTE :  http://www.saiunojornal.com.br/o-mundo-e-uma-grande-uniban-geisy-arruda-vestido-rosa-curto.html
              http://opop.sites.uol.com.br/ger_n6_6.htm

Org.: Rég!s

3 comentários: